Top 10: Maiores Decepções em 2023

Top 10: Maiores Decepções em 2023

Existe uma diferença entre um filme ser ruim e um filme ser uma decepção. A decepção está mais atrelada à expectativa que criamos em torno daquela título. Precisa ser um filme que heu achava que podia ser bom, se heu já achava que ia ser ruim, não existe decepção…

Mas, me esforcei pra encontrar dez filmes que não estavam presentes na lista de piores do ano, afinal ia acabar repetindo informações.

Vejo poucas séries, por isso não faço um top 10 de séries. Mas vou incluir seriados na lista de decepções!

Vamos à lista? Em ordem de lançamento:

1- Esquema de Risco – Operação Fortune
Empolgado com Infiltrado, de 2021, minha expectativa cresceu para o próximo Guy Ritchie. Esquema de Risco – Operação Fortune estava na minha lista de expectativas pra 2023! Mas o resultado ficou bem genérico e esquecível. Até a edição e a trilha sonora, que costumam ser destaques em filmes do diretor, soam burocráticas.

2- Beau Tem Medo
Novo filme escrito e dirigido por Ari Aster, diretor de Hereditário e Midsommar, Beau tem Medo é uma bagunça. Não acho que um filme tem que explicar tudo, mas aqui nada faz sentido. E com três horas de duração, o filme é chaaato.

3- Hypnotic
Ok, admito, sou fanboy do Robert Rodriguez, gosto de The Book of Bobba Fett por causa dele. Mas este Hypnotic não parece um dos seus filmes. Parece mais um telefilme querendo copiar Christopher Nolan, com toques de Amnésia e Inception.

4- Elementos
Carregar o rótulo “o novo filme da Pixar” pode atrapalhar. Porque este Elementos é bem bobinho. Previsível, com roteiro preguiçoso e personagens sem carisma, Elementos só vale pelo visual.

5- Asteroid City
Wes Anderson é um dos últimos “autores” do cinema atual, sempre faz filmes com enquadramentos milimetricamente perfeitos. Mas às vezes parece que não tem uma história pra contar. Asteroid City tem menos de duas horas e é um filme interminável, mesmo tendo um elenco fantástico.

6- Invasão Secreta
Invasão Secreta podia ser uma série boa, mas falhou em quase tudo o que se propôs. Tudo é arrastado demais, dava tranquilamente pra se cortar as gorduras e fazer um filme de longa metragem em vez de uma série de seis episódios. E o resultado final foi decepcionante.

7- O Continental
Gosto muito dos filmes do John Wick, e gostei muito do primeiro episódio da série O Continental. Mas os dois episódios seguintes foram tão fuen que me senti mal de ter recomendado a série.

8- Resistência
Resistência prometia ser um grande marco no cinema: um blockbuster sem ser continuação, remake, reboot, spin off, adaptação de livros, games, HQs, etc. Mas o resultado ficou parecendo uma mistura de Matrix com Exterminador do Futuro com Blade Runner com Distrito 9 com IA com Ex Machina.

9- O Assassino
Filme novo do David Fincher com Michael Fassbender interpretando um assassino profissional. Parecia bom, né? O Assassino até tem seus méritos, mas é um filme bem chato.

10- O Mundo Depois de Nós
Reclamei que Homem Aranha Através do Aranhaverso não tinha um final, mas o que acontece aqui em O Mundo Depois de Nós é ainda pior. Do nada, sobem os créditos. Sim, no meio da história. E pelo que li, não vai ter uma continuação pra encerrar o que ficou pendente. Bem ruim isso, heu estava curtindo o filme.

Top 10: Melhores Filmes de 2023

Top 10 Melhores Filmes de 2023

Depois da lista dos piores, vamos aos dez melhores?

Queria muito citar dois filmes que vi no Festival do Rio, mas só serão lançados em 2024, então vou guardá-los pro top 10 do ano que vem. A Sociedade da Neve chegará à Netflix no início de janeiro, enquanto Pobres Criaturas (forte candidato a melhor filme de 2024!) só chega aos cinemas em fevereiro!

Vamos à lista? Lembrando que todos os filmes foram comentados aqui no heuvi!

10-Nimona
Nimona se passa num mundo meio medieval, mas, ao mesmo tempo, tudo tecnológico, com smartphones e carros voadores, acompanhamos uma metamorfa agitada, anarquista, engraçada, irônica, maluquinha e muito, muito carismática, responsável por várias sequências excelentes. Uma excelente animação que fala de diversidade sem precisar entrar no pantanoso meio da lacração.

9-Homem Aranha Através do Aranhaverso
Homem Aranha Através do Aranhaverso é um espetáculo visual. Em vez de procurar um traço realista, muitas vezes o visual lembra páginas de quadrinhos, com cenários abstratos, cores que mudam de tom sem um motivo, eventuais textos na tela, rolam até efeitos visuais simbolizando sons. Heu estava vendo no cinema, viajando naquele visual fantástico – até que, do nada, param o filme para a continuação. Se não fosse isso, teria um lugar melhor aqui no ranking.

8-John Wick 4: Baba Yaga
Não escondo de ninguém que gosto de ação bem coreografada e bem filmada, e John Wick 4 é repleto disso, com várias cenas de luta, na mão, com armas de fogo e com armas brancas. Além disso, o visual do filme é um espetáculo. Muito contraluz, muita cena filmada de noite, com água, com cores fortes. Se não fosse a cena da escadaria, teria uma posição melhor no ranking.

7-Ninguém Vai te Salvar
Um filme sem diálogos sobre invasão alienígena, que consegue manter o espectador da beirada da poltrona com uma tensão constante. Não gostei muito da conclusão de Ninguém Vai te Salvar, se não acho que tinha uma posição melhor aqui. Mas é um “grande filme pequeno”.

6-RRR
Não sei se RRR é de 2022 ou 23, só soube da existência desse filme na época do Oscar. Sim, é muito exagerado. Mas achei tudo exagerado no ponto ideal. Tudo é intenso, tudo é acima do tom. RRR é pura diversão. Digo mais: a música Naatu Naatu é muito boa, e a cena onde ela é apresentada é sensacional!

5-When Evil Lurks
Filme argentino, pouco conhecido, que fala de possessão demoníaca, mas de um jeito diferente, a possessão aqui se mistura com uma espécie de contágio. When Evil Lurks tem alguns jump scares que são um soco no estômago, e mantém o clima tenso do início ao fim. Difícil de encontrar, mas vale a procura.

4-Babilônia
Babilônia é um filme do jeito que heu gosto. Tecnicamente impressionante, traz como pano de fundo os bastidores de Hollywood, e ainda tem uma parte musical absurdamente bem trabalhada. E só os dois planos sequência já valem o ingresso!

3-Missão Impossível – Acerto de Contas Parte 1
Todo fã de cinema tem que agradecer que existem pessoas como Tom Cruise. Em tempos de streamings trazendo boas opções dentro do conforto de casa, muitas vezes o espectador se pergunta se vale pagar o ingresso caro para ver um filme. Assim como o Top Gun Maverick do ano passado, Missão: Impossível – Acerto de Contas – parte 1 é outro daqueles filmes que pedem para serem vistos num cinema!

2-Guardiões da Galáxia Vol. 3
A qualidade da Marvel caiu nos últimos anos, isso é uma triste verdade. Mas este Guardiões da Galáxia Vol. 3 mostrou que a Marvel ainda é capaz de entregar filmes excelentes. Guardiões da Galáxia Vol. 3 faz o espectador rir e chorar, com personagens muito bem construídos, cenários bem diferentes do óbvio, e uma trilha sonora que parece conversar com o roteiro. Um belo fechamento para a saga dos Guardiões

1-Assassinos da Lua das Flores
Em Assassinos da Lua das Flores, Martin Scorsese mostra como se faz um filme de três horas e meia que não cansa. Robert De Niro, Leonardo DiCaprio e Lily Gladstone estão maravilhosos. E o filme ainda conta uma história importante. Obrigatório!

Top 10: Piores Filmes de 2023

Top 10 Piores Filmes de 2023

Fim de ano, época de fazermos nossas listas de melhores e piores do ano. Vou começar com a de piores, em dois dias postarei a de melhores, e logo depois vou mandar uma lista de expectativas fora do óbvio (como fiz nos últimos anos).

Se tem alguma boa notícia sobre a lista de hoje é que não tem nenhum filme de super heróis. Não que não tenha filme ruim de super heróis, mas é que tem dez filmes piores!

Ah, se alguém quiser ver a lista do ano passado, aqui está ela.

Vamos à lista? Lembrando que todos os filmes foram comentados aqui no heuvi!

10- Os Banshees de Inisherin
Os Banshees de Inisherin não é um filme ruim. Mas me senti tão mal quando vi que resolvi colocá-lo aqui, “de castigo”. O filme ganhou o Globo de Ouro de “melhor comédia ou musical”, fui ver esperando um filme leve e agradável, vi um filme onde um bicho de estimação morre porque engasgou com dedos decepados! E olha, isso até podia ser mostrado de forma engraçada, mas não é. O filme te coloca pra baixo. Por isso, top 10 de piores, por enganar o espectador.

9-65 – Ameaça Pré Histórica
Ficção científica com Adam Driver e dinossauros. Tem como dar errado? Tem. Uma hora e meia de filme, e mesmo assim 65 – Ameaça Pré Histórica não decola. O ritmo é péssimo, alterna momentos onde o filme se arrasta, com momentos onde tudo é muito corrido. E o roteiro é repleto de inconsistências, tipo um personagem se machucar e na cena seguinte ele estar alegre e serelepe. Uma hora e meia perdida, e de uma boa ideia desperdiçada.

😯 Jogo da Invocação
O Jogo da Invocação falha miseravelmente em toda e qualquer possibilidade de tentar assustar, ou pelo menos criar um clima tenso. Tem alguma morte graficamente bem filmada? Não! Parece filme de sessão da tarde! Tem uma hora e dezessete minutos, e mesmo assim, tudo é tão mal conduzido que o filme se arrasta. E o final é péééssimo!

7-A Chamada
A Chamada é mais um filme genérico do Liam Neeson, como agravante de, no terço final, ter várias coisas que não fazem sentido, tipo o cara estar sentado numa bomba e, se ele se levantar, a bomba explode, e num determinado momento do filme o carro estar de lado e o peso dele não estar mais sobre a bomba. Chega ao ponto de ter uma cena onde dezenas de carros de polícia estão perseguindo o carro do Liam Neeson, mas, do nada, eles param a perseguição.

6-A Profecia do Mal
A Profecia do Mal é muito ruim, mas preciso reconhecer que tenho um carinho por este filme, já que o vídeo que fiz pro youtube foi o primeiro do meu canal a passar de 5 mil views. Pena que foi com um filme tão ruim. A trama traz um culto de adoradores do diabo que querem trazer Lúcifer de volta dentro de um clone de Jesus. Sim, nada faz sentido. Se fosse um filme trash, poderia ser divertido, mas o filme é sério, o que só piora.

5-Ursinho Pooh: Sangue e Mel
A ideia era boa. Descobriram que os direitos de imagem do Ursinho Pooh caíram em domínio público. Então, por que não fazer um terror slasher com o personagem? Mas Ursinho Pooh: Sangue e Mel tem um roteiro péssimo, personagens rasos e ninguém se importa com eles, e os vilões com zero carisma. Só um breve exemplo de como o roteiro é ruim: tem um prólogo que fala de 5 personagens, e o filme esquece de incluir dois desses personagens do prólogo!

4-Os Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seiya: O Começo
Parece que a tentativa era de criar uma nova franquia, afinal, o título do filme já diz “o começo”. Mas o roteiro de Os Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seiya: O Começo é tão ruim que a gente torce pra parar por aqui. Além do roteiro cheio de coisas sem sentido, temos personagens ruins e efeitos especiais toscos. E, nunca vi o desenho, mas pelo que me falaram, tudo aqui está diferente.

3-O Chamado 4: Samara Ressurge
Tem tanta coisa errada em O Chamado 4: Samara Ressurge que nem sei por onde começar. Acho que podemos começar dizendo que não é o quarto filme da franquia O Chamado, e que não tem a Samara! Este é o oitavo filme da Sadako, original japonesa que virou Samara na refilmagem americana. Mas isso nem é o pior. O Chamado 4 é um filme de terror que não assusta, o roteiro é um lixo e os efeitos em cgi são pééesimos!

2-Mercenários 4
A franquia Mercenários era como se fosse uma reunião de velhos action heroes dos anos 80, como Stallone, Schwarzenegger, Bruce Willis, Dolph Lundgren, Van Damme, Mel Gibson, Chuck Norris, Antonio Banderas, Wesley Snipes, Harrison Ford, Eric Roberts e Mickey Rourke. Mercenários 4 é um filme ruim e preguiçoso, com uma tela verde bem vagabunda e um roteiro que não deve ter sido revisado antes de filmar, mas o pior de tudo é “esquecer” do conceito básico de reunião de amigos – virou um filme ruim ruim do Jason Statham com o Dolph Lundgren num papel secundário.

1-O Exorcista O Devoto
Outro filme que é tão ruim que nem sei por onde começar. O diretor David Gordon Green já tinha estragado a franquia Halloween, agora ele achou outra franquia pra estragar. O filme se chama “O Exorcista: O Devoto“, mas o exorcista que existe no filme tem um papel bem secundário, e até hoje não sei quem é esse tal de devoto. E ainda estragaram o papel da Ellen Burstyn, que estava no primeiro filme.

A Maldição do Queen Mary

Crítica – A Maldição do Queen Mary

Sinopse (imdb): Quando Anne, seu marido e o filho Lukas embarcam no icônico Queen Mary, uma série de eventos aterrorizantes entrelaçam a família com o passado sombrio do navio.

Tem tanta coisa errada com esse A Maldição do Queen Mary que nem sei por onde começar. Acho que posso começar dizendo que esta é uma história de um navio real, e que só descobri isso quando fui pesquisar sobre o filme, depois de ter assistido.

A Maldição do Queen Mary conta duas histórias, em duas linhas temporais. Um delas é no passado, sobre uma família, onde um cara surta e sai matando todo mundo. Não sei se existe algum motivo pro cara surtar, me parece que foi algo aleatório, se foi explicado, heu não captei. A outra história se passa nos dias atuais, onde uma mulher quer criar um tour virtual para conhecer o navio, e quando ela visita a embarcação o filho dela some. O problema de ter duas linhas temporais se alternando é que você fica imaginando quando elas vão se conectar – e não, as histórias não se conectam em momento nenhum. Se existe alguma conexão é outra falha da narrativa porque heu também não pesquei isso.

Pra piorar, nenhuma das duas histórias é boa. São histórias chatas, que se arrastam. Comentei aqui outro dia sobre Isolamento Mortal, que coloquei na TV pra ver a cara do filme, e a trama me pegou de maneira que heu não quis pausar o filme. Aqui, rola o efeito oposto…

Nada faz sentido. Por exemplo, tem um número musical de sapateado, que não só não tem nada a ver com o resto do filme, como não agrega nada à história. Ou uma cena onde quebram uma parede e parece que o capitão do navio sente como se estivesse sendo atacado. Ou uma criança deficiente de 8 anos de idade que sai sozinha tirando fotos no navio. Ou uma mãe cujo filho desapareceu, por que ela iria querer passar uma noite no navio? A lista é grande…

Mas, pior do que não fazer sentido, é ser um filme chato e confuso com mais de duas horas. Chegar ao fim de A Maldição do Queen Mary é uma tarefa difícil!

Pra não dizer que achei tudo ruim, gostei da cena cena do cara surtado atacando com o machado. Também gostei da parte final com a personagem andando pelos corredores e a luz alternando pra gente saber que a linha temporal mudou, foi uma boa sacada. Mas, a essa altura, A Maldição do Queen Mary já tinha perdido o espectador.

Desnecessário.

Aquaman 2: O Reino Perdido

Crítica – Aquaman 2: O Reino Perdido

Sinopse (imdb): Arthur precisa contar com a ajuda de seu meio-irmão Orm para proteger Atlantis contra Black Manta, que liberou uma arma devastadora em sua busca obsessiva para vingar a morte de seu pai.

Este Aquaman 2: O Reino Perdido é o décimo quinto filme do DCEU – e também o último. A partir do ano que vem, a DC já avisou que vai recomeçar seu universo expandido.

Se Aquaman 2: O Reino Perdido fosse “apenas mais um filme de super heróis, seria algo mais aceitável. Mas existe todo um legado por trás, e é o filme que vai encerrar um universo cinematográfico, e justamente por isso é complicado de analisar o filme isoladamente.

E qual é o resultado? A gente tem um filme bagunçado nas telas. Não é um filme ruim, mas está bem longe de ser bom. Vamulá.

Mais uma vez dirigido por James Wan (achei um desperdício, este é um “filme de produtor”, Wan, volte pro terror!), Aquaman 2: O Reino Perdido (Aquaman and the Lost Kingdom, no original) tem alguns erros básicos. Um deles é que existe um “reino perdido” no título do filme, mas esse tal reino é quase irrelevante pra trama. A ideia de existir um reino perdido não é ruim, mas se está no título do filme, acredito que deveria ser algo mais presente na trama.

Mas acho que ainda pior é trazer um antagonista que estava no primeiro filme e que tinha uma rivalidade real contra o Aquaman, mas esse cara é “possuído” por um vilãozão meio sobrenatural, e meio que tanto faz as motivações anteriores do personagem. Caramba, se é pra ter alguém possuído, podia ser qualquer um! Jogaram fora as reais motivações do antagonista…

Outra coisa que ficou estranha é a colagem de cenas que parecem extraídas de outros filmes. O antagonista usa um óculos que solta um raio vermelho igual ao Cíclope em X-Men. O vilãozão é quase igual ao Sauron de O Senhor dos Anéis, só que em vez de usar o Um Anel ele usa um tridente. Tem uma cena que é uma mistura de Cantina de Mos Eisley em Guerra nas Estrelas com palácio do Jabba no Retorno do Jedi – incluindo um personagem igual ao Jabba! E por aí vai…

O filme tem muitas piadinhas, mas isso nunca me incomodou. Agora, o que incomoda são sequências inteiras que não fazem o menor sentido, como uma cena numa floresta com insetos gigantes. Gente, se existem animais gigantes na ilha, por que só naquele trecho? Ou uma sequência no meio do deserto, onde falam “está no meio do deserto pro povo da água não ir”, e na cena seguinte a gente vê um polvo rolando na areia. E isso porque não vou falar no assistente do vilão, que literalmente o traiu, mas continua tendo o cargo de maior importância!

Preciso comentar os efeitos especiais das cenas de batalhas sub aquáticas quando vemos os personagens nadando rápido. Ok, funcionam, mas acho que vão perder a validade cedo.

Tem uma coisa que heu não entendi. A gente sabe que a Amber Heard está “cancelada” por causa da polêmica com o Johnny Depp, e disseram que este filme teria a participação dela reduzida. Mas, não só ela está presente em quase todo o filme, como ainda salva o Aquaman em uma ou duas soluções deus ex machina. Ou seja, não só a personagem está presente, como ela é necessária para a sobrevivência do protagonista! Que tipo de cancelamento foi esse?

Aproveito pra falar do elenco. Jason Momoa é um Aquaman ótimo, um cara grande, forte, carismático e que faz piadinhas o tempo todo. Patrick Wilson também está bem como o irmão, e está presente quase todo o filme. Já Yahya Abdul-Mateen II faz o vilão ruim e não está bem. Também no elenco, Nicole Kidman, Dolph Lundgren e Temuera Morrison. Willem Dafoe não pôde participar por conflito de agenda. E Ben Affleck está creditado como Batman, mas não aparece no filme, seja lá qual foi sua participação, foi cortada.

Agora, Aquaman 2: O Reino Perdido é bagunçado mas pelo menos é divertido. Tem cena que beiram a falta de lógica, mas não tem nenhum momento chato. E não canso de repetir: o carisma de Jason Momoa vale o ingresso, ele parece estar se divertindo muito.

(Tem uma coisa que achei curiosa, uma capanga do vilão é vivida pela atriz portuguesa Jani Zhao. Por duas vezes no filme ela grita ordens em português!)

Por fim, a sessão de imprensa foi em 3D. Completamente desnecessário, não tem nenhuma cena que justifique o efeito.

Ah, tem uma cena no meio dos créditos com uma piadinha, e lá no fim não tem nada. Como acabou o DCEU, não tem gancho pra continuação.

Feriado Sangrento

Crítica – Feriado Sangrento

Sinopse (imdb): Depois que um tumulto em uma liquidação acaba em tragédia, um assassino misterioso fantasiado de peregrino aterroriza a cidade de Plymouth em Massachusetts, cidade berço do feriado americano de Ação de Graças.

Antes de falar sobre o filme, aquele comentário que infelizmente tem sido mais recorrente do que deveria ser. A crítica está atrasada porque Feriado Sangrento não teve sessão de imprensa. Cheguei a entrar em contato com a assessoria, disseram que ia ser exibido na CCXP, ou seja, quem não foi pra CCXP não viu antes da estreia…

Enfim, vamos ao filme. Feriado Sangrento, ou Thanksgiving, no original, na verdade era um trailer fake do projeto Grindhouse. Pra quem não se lembra, em 2007 Quentin Tarantino e Robert Rodriguez criaram um projeto que emularia sessões de cinemas vagabundos dos anos 70. Tarantino fez À Prova de Morte; Rodriguez, Planeta Terror, e a ideia era exibir uma sessão dupla com alguns trailers de filmes que não existem.

A ideia não deu certo, quase nenhum cinema exibiu a sessão dupla, e os dois filmes acabaram sendo lançados individualmente. Mas os trailers estão por aí, inclusive o trailer de Thanksgiving está no youtube.

(Outros dois trailers fakes também viraram longas metragens, Machete e Hobo With a Shotgun.)

Anos se passaram, e agora Eli Roth, que tinha feito aquele trailer, agora finalmente apresenta o longa!

Algumas das cenas do trailer estão no longa, mas a proposta é um pouco diferente. No trailer tudo tinha cara de anos 70, e Feriado Sangrento não só se passa nos dias de hoje, como lives de redes sociais são parte intrínseca da trama.

Feriado Sangrento não é um grande filme, é apenas um slasher eficiente. Mas, em tempos de lançamentos ruins no circuito como O Jogo da Invocação e A Maldição do Queen Mary, ser “apenas um slasher eficiente” num cenário desses é uma boa notícia. Temos boas mortes, um clima tenso até o fim do filme, e um whodunit que funciona.

Talvez Eli Roth seja mais conhecido por ter sido um dos atores principais de Bastardos Inglórios, mas a gente não pode esquecer que um dos seus primeiros filmes como diretor foi O Albergue. Ou seja, o cara manja dos paranauês de filmar um bom gore. E isso tem aqui em uma quantidade razoável: são algumas mortes bem criativas – apesar de algumas delas estarem no trailer fake.

E preciso falar do whodunit. Assim como Pânico, este é um slasher com whodunit – a gente tem alguns personagens suspeitos, precisamos descobrir qual deles é o assassino e qual foi o motivo. E, admito: não pesquei quem era.

No elenco, pouca gente conhecida. Patrick Dempsey tem um papel importante, mas secundário; Gina Gershon faz quase uma ponta. A final girl da vez é Nell Verlaque, não conhecia, ela funciona pro que o filme pede.

Como falei antes, Feriado Sangrento não é um grande filme, mas é bem feito, divertido, e serve ao seu propósito: um bom slasher que vai agradar o público que for ao cinema.

Agora, dos cinco trailers fakes do Grindhouse, faltam dois. Será que veremos os longas Don’t, do Edgar Wright, ou Werewolf Women of the S.S., do Rob Zombie?

O Mundo Depois de Nós

Crítica – O Mundo Depois de Nós

Sinopse (imdb): As férias de uma família numa casa luxuosa sofrem uma reviravolta quando um ciberataque afeta todos os dispositivos e duas pessoas estranhas batem à porta.

Filme novo da Netflix, todo mundo está vendo e comentando, fiquei curioso quando vi que alguns canais de cinema que acompanho falavam do final, fui ver o filme pra saber por que o final está envolto em polêmicas.

Simples: PORQUE O FILME NÃO TEM FINAL! Simplesmente sobem os créditos e acabou.

¬¬

O pior é que heu estava gostando muito do filme. Mas um “final” desses me tirou do sério. Então, vou comentar o filme, depois comento sobre o encerramento.

Escrito e dirigido por Sam Esmail, adaptação do livro homônimo escrito por Rumaan Alan (que também colaborou no roteiro), O Mundo Depois de Nós (Leave the World Behind, no original) mostra uma família que tirou uns dias de férias em uma casa alugada, quando algo acontece no mundo e eles ficam isolados. Os supostos reais donos da casa aparecem e isso só serve pra aumentar a desconfiança geral sobre o que está acontecendo.

O ritmo do filme é muito bom. O espectador é envolvido num clima crescente de tensão, não sabemos o que está acontecendo. A trama te prende, é daquele tipo de filme que é difícil pausar, são pouco mais de duas horas que passam rapidinho.

Gostei muito da câmera do Sam Esmail – sei que ele é um dos nomes por trás da série Mr Robot, mas nunca vi a série, nunca tinha visto nada dele. Em vários momentos a câmera sai do eixo, roda, sobe, mostra muitos ângulos fora do convencional. Um exemplo: tem uma cena numa cabana onde a câmera roda, sobe e sai por uma fresta no telhado, pra mostrar o que está acontecendo fora da cabana.

Algumas sequências são muito bem filmadas, como a sequência do Tesla. Ok, provavelmente é um plano sequência fake, cheio de cgi, mas mesmo assim ficou bem legal.

Ah, e pra quem gosta de mensagens subliminares, reparem que o quadro abstrato na sala muda ao longo do filme. O mesmo acontece com a pintura atrás da cama de casal. E tem uma cena onde tem um quadro atrás da Julia Roberts mostrando uma imagem parecida com o que o Ethan Hawke tinha passado há pouco.

O elenco também manda bem. Julia Roberts, Mahershala Ali e Ethan Hawke estão muito bem nos seus papeis, assim como os outros três mais novos e mais desconhecidos, Charlie Evans, Farrah Mackenzie e Myha’la. E já tinha visto dezenas de filmes com Ethan Hawke e com Kevin Bacon e nunca tinha reparado como são parecidos!

Dá pra ver que heu estava gostando, né? Pois bem, hora de falar do “não final”.

Não tenho problemas com filmes com finais abertos. Usando como exemplo aquele que todos se lembram, Inception, no fim o pião está rodando, e a gente não sabe se aquilo é real ou sonho. A mesma coisa com O Vingador do Futuro do Verhoeven, ao fim do filme a gente não sabe se aquilo aconteceu ou se foi uma memória implantada. A gente nunca soube o que tinha na mala do Marsellus Wallace em Pulp Fiction. E a lista é infinita. O espectador não precisa de tudo mastigado.

Agora, se um filme se propõe a contar uma história, é bom que tenha algum tipo de conclusão. Reclamei aqui no heuvi este ano de dois filmes que terminaram abruptamente para serem concluídos em continuações, Aranhaverso 2 e Velozes e Furiosos 10. Se é pra deixar gancho, tem que fazer como Missão Impossível 7, que fecha a missão que o personagem está fazendo, e deixa pontas soltas a serem resolvidas na continuação. O modo usado em Aranhaverso 2 e Velozes e Furiosos 10 foi péssimo, a narrativa foi muito mal construída.

Mas nada não é tão ruim que não possa piorar. O Mundo Depois de Nós consegue ser ainda mais tosco, porque interrompe o filme do nada. E não li nada sobre uma continuação pra fechar a história. Me parece que os realizadores quiseram trollar o público. “Sabe a personagem frustrada porque não viu o final de Friends? Poizé, agora o espectador vai ficar igualmente frustrado por não ver o final do filme!”

Pena. Heu estava realmente gostando do filme. Mas esse “não final” foi uma ducha de água fria.

O Malvado: Horror no Natal

Crítica – O Malvado: Horror no Natal

Sinopse (imdb): Em uma pacata cidade montanhosa, Cindy tem seus pais assassinados e seu Natal roubado por uma figura verde sedenta de sangue em um traje de Papai Noel. Mas quando a criatura começa a aterrorizar a cidade, Cindy procura matar o monstro.

E se o Grinch fosse uma história de terror?

Dirigido pelo desconhecido Steven LaMorte, O Malvado: Horror no Natal (The Mean One, no original) tem um pé fortemente fincado no trash. Muita coisa não tem muita lógica – como por exemplo a cidade passar 20 anos sem nenhuma visita de forasteiros com espírito natalino. Mas, no clima certo, o espectador pode se divertir.

A proposta aqui é: num flashback, Cindy, a menina da história original, encontra e abraça o Grinch. Sua mãe, assustada, o ataca, mas acaba tropeçando e morrendo na queda. Cindy fica traumatizada e se muda da cidade. Anos depois ela volta decidida e dar um encerramento para essa história e seguir em frente, mas acaba reencontrando o monstro. E, claro, ninguém na cidade dá ouvidos a ela.

Falei que tem um pé no trash porque todo o clima do filme é na galhofa. Nenhuma aparição do Grinch vai causar medo, e as mortes geram mais gargalhadas do que repulsa. É terror, mas vai gerar mais risadas do que assustar.

O Malvado: Horror no Natal mostra muitas mortes, e a maior parte usa efeitos de maquiagem e props. Mas, em pelo menos três momentos, temos sangue em cgi (duas vezes por causa de tiros, uma vez quando uma pessoa é triturada num moedor de carne). Ficou muito claro que um efeito prático tosco funciona muito melhor que um cgi tosco! Ainda nesse assunto, a maquiagem do Grinch é bem feita.

Pra quem não sabe, o Grinch é um personagem criado pelo Dr. Seuss. Ao longo do filme rolam algumas referências, como um cartaz escrito “Horton” ou um personagem que se chama “Zeus”, mas fala que chamam ele de “Doctor”. Outra coisa legal é ter uma narração em off em rimas, como acontece na história original.

O Malvado: Horror no Natal não é bom. Mas, como falei, pode agradar se você estiver com amigos que entrarem no espírito da galhofa.

O Silêncio da Vingança

Crítica – O Silêncio da Vingança

Sinopse (imdb): Um pai enlutado realiza sua tão esperada vingança contra uma gangue implacável na véspera de Natal.

Filme novo do John Woo!

Lembro de quando estava procurando possíveis títulos para a minha lista de expectativas não óbvias pra 2023, mencionei este O Silêncio da Vingança (Silent Night, no original) mesmo sem ter a certeza se ele ia estrear. Foi uma boa surpresa ver que entrou em cartaz no circuito (apesar da outra surpresa, negativa, de não ter tido sessão de imprensa).

A proposta era ousada: um longa metragem de ação sem diálogos. Não é um filme mudo, tem efeitos sonoros, trilha sonora, uma frase dita aqui e outra ali, mas, zero diálogos.

A princípio a gente acha que vai ser o formato clichê de sempre: o cara sofre uma perda, passa por uma fase de treinamento e vai enfrentar os adversários. Mas o roteiro espertamente coloca falhas no plano do protagonista. Ele treinou meses para o confronto, mas está enfrentando oponentes que estão nessa vida há muito mais tempo. Ou seja, nem tudo funciona e ele descobre que é bem mais difícil do que esperava. Prefiro assim do que filmes onde o protagonista quase ganha super poderes.

A proposta de não ter diálogos trouxe um problema: algumas partes ficaram meio lentas. A parte do meio, quando acontece o treinamento, é arrastada e dura tempo demais. Por outro lado, as cenas de ação são excelentes. Woo ainda manja dos paranauês quando o assunto é filmar cenas de ação. Tiroteios, perseguições de carro, uso de armas brancas, o repertório é farto.

(Aliás, tem uma cena numa escada, “plano sequência fake”, que fiquei imaginando onde estava o cameraman.)

Tem uma característica que talvez incomode parte do público. O protagonista carrega uma caixinha de música que toca sempre a mesma melodia, e isso acontece em todas as cenas onde ele se lembra do filho. Isso acontece muitas vezes! Mas, se a gente analisar a carreira do diretor, vai lembrar que acontece algo semelhante em Bala na Cabeça – uma melodia insistente que permeia todo o filme. Ou seja, goste ou não, é coerente com o diretor.

Aliás, falando nas características de Woo, reclamação por um head canon meu: em um momento cabia a clássica cena dos dois oponentes um com a arma no pescoço do outro. Além disso, não tem pombas voando em câmera lenta! Woo, é você mesmo?

Um filme nesse formato precisa de um ator inspirado pra funcionar, e Joel Kinnaman (Robocop, Esquadrão Suicida) não decepciona nessa tarefa. Que bom que ele tem muito mais tempo de tela do que qualquer outro personagem, porque o vilãozão malvadão é caricato ao extremo.

Por fim, um comentário aleatório: em inglês, faz sentido ser um “filme de natal” pelo trocadilho com “Silent Night”. Em português o trocadilho se perdeu. E pro filme, tanto faz ser no Natal ou em qualquer outra época do ano.

Tiozões

Crítica – Tiozões

Sinopse (imdb): Um pai ranzinza de meia-idade e seus dois melhores amigos se sentem ultrapassados em um mundo repleto de CEOs bem mais jovens e diretoras de escola poderosas.

Vamos de comédia politicamente incorreta?

Tiozões tem uma polêmica extra filme em volta. Vou comentar isso, mas antes vamos falar do filme.

Tiozões (Old Dads, no original) foi escrito, dirigido e estrelado por Bill Burr, comediante famoso por fazer stand ups politicamente incorretos, mas que heu não conhecia ainda. Em sua estreia na direção, ele traz uma comédia que até tem suas falhas, mas que tem êxito na proposta básica de “ser uma comédia engraçada”. Porque em tempos de comédias bobas como Mafia Mamma e Meu Pai É Um Perigo, ser engraçado é um mérito!

Mas, tecnicamente falando, o filme tem suas falhas. Provavelmente Bill Burr pegou piadas de stand up e trouxe para o roteiro, mas são formatos diferentes, e existe um problema de ritmo, às vezes algumas cenas parecem deslocadas.

Os personagens são caricatos, mas acho que essa a proposta. Mesmo assim, muitas vezes ficou forçado. O personagem do Bobby Cannavale está completamente fora do tom, e a diretora da escola, Rachael Harris, parece vilã de desenho animado vagabundo dos anos 80. Acredito que a proposta deste tipo de filme não tem muito espaço para grandes atuações, mas, podia ser menos ruim.

No elenco, o trio principal é formado por Bill Burr, Bobby Cannavale e Bokeem Woodbine – só lembro de outros filmes do Bobby Cannavale, como Homem Formiga, Jolt e Blue Jasmine. Tem dois nomes “médios” em papéis secundários: C. Thomas Howell (ET, Vidas sem Rumo, A Morte Pede Carona) faz o ermitão; Bruce Dern (pai da Laura Dern, e que estava em Oito Odiados e mais dezenas de filmes desde o início dos anos 60) faz o motorista de taxi. Também no elenco, Katie Aselton, Rachael Harris, Jackie Tohn, Reign Edwards e Miles Robbins.

Sobre o humor: algumas piadas são muito boas, como uma que está até no trailer, onde um cara reclama que “dois homens brancos estão dominando a discussão”, mas quem está reclamando também é um homem branco! Ou outra piada satirizando uma mãe que não educa o seu filho da maneira correta. São várias piadas com exageros do comportamento atual de certa parte da sociedade. Ok, algumas são bobas (tipo um cara ser demitido porque canta um rap racista quando está sozinho em casa), mas outras são muito boas.

(Essa galera que foi criticada no filme aparentemente não gosta de críticas, e por isso o filme está sendo banido de certos grupos sociais, mas no estilo de “não vi e não gostei”…)

Agora vou dar a minha opinião, mesmo sabendo que talvez heu perca leitores com isso. Já comentei outras vezes, nossa sociedade tem evoluído nas últimas décadas. Ainda existe desequilíbrio, mas hoje o machismo é menor, e racismo e homofobia são crimes. Acredito em um futuro onde todos seremos iguais, todos teremos as mesmas chances e os mesmos direitos e deveres. Dito isso, acho que vivemos numa época onde os militantes são muito chatos. Alguns assuntos que deveriam ser discutidos são deixados de lado porque os militantes monopolizam o tema. Aceito pessoas que pensam diferente de mim e querem me mostrar outros ângulos de assuntos onde discordamos, mas não aceito militantes que só querem ser chatos e querem disseminar a infelicidade dentre aqueles que pensam diferente deles.

Vendo sob esse ângulo, é legal vermos uma comédia que cutuca certos assuntos “proibidos” – lembrando que a maior parte das piadas do filme satiriza os progressistas, mas também sobram piadas pros conservadores. Neste aspecto, fico feliz que Tiozões teve um grande alcance de público, e torço pra que abra espaço pra outras comédias com temas delicados. Porque pra mim, o limite do humor é ele ser engraçado. Se uma piada ofensiva for engraçada, heu apoio!