Boogeyman – Seu Medo é Real

Crítica – Boogeyman – Seu Medo é Real

Sinopse (imdb): Ainda se recuperando da trágica morte de sua mãe, uma adolescente e sua irmã mais nova se veem atormentados por uma presença sádica em sua casa e lutam para fazer com que seu pai de luto preste atenção antes que seja tarde demais.

Gosto de filmes de terror. Vejo muitos. E por ver muitos, reconheço que tem muito filme ruim. E o pior: tem muito filme de terror que não dá medo. Comentei isso semana passada, com O Exorcista do Papa, filme que traz mais risadas do que medo. Por causa disso, Boogeyman – Seu Medo é Real (The Boogeyman, no original) foi uma agradável surpresa. Não, o filme não é perfeito, tem seus problemas, mas é um filme eficiente na proposta de criar tensão.

Dirigido pelo pouco conhecido Rob Savage (vou guardar o nome desse cara!), Boogeyman – Seu Medo é Real é a adaptação do conto “O Bicho Papão”, de 1973, publicado originalmente na revista Cavalier, e depois no livro coletânea Sombras da Noite, de 1978. Em 1982 virou um média metragem de 28 minutos, The Boogeyman, mas não tenho ideia de onde encontrar esse filme. Existe uma franquia quase homônima, Boogeyman, que aqui no Brasil ganhou o nome O Pesadelo, com três filmes lançados em 2005, 07 e 08, mas essa franquia até onde sei não tem nada a ver com o conto do Stephen King.

O grande mérito de Boogeyman – Seu Medo é Real é criar um clima de medo ao longo de todo o filme. O monstro / entidade / criatura é muito bem apresentado – quase não o vemos, e algo que não sabemos o que é dá mais medo do que algo que estamos vendo na nossa frente. Gosto deste conceito desde o primeiro Alien – um monstro misterioso é muito mais assustador! E, além disso, quando aparece, o design do monstro é bem legal.

Você pode ver Boogeyman – Seu Medo é Real é como apenas um “filme de monstro”, mas também tem espaço para interpretações mais profundas. O monstro pode ser a personificação do luto, afinal a família perdeu uma pessoa, e precisa encarar essa perda, por mais dolorosa que seja.

Como falei, o filme não é perfeito, o roteiro tem lá suas inconsistências, como por exemplo uma menina que tem tanto medo de escuro que dorme abraçada com uma luminária redonda – mas vai jogar videogame num quarto escuro. Mas, nada grave, felizmente.

No elenco, nenhum nome muito conhecido. David Dastmalchian, o Bolinha de O Esquadrão Suicida, tem um papel pequeno mas muito importante. E uma coisa curiosa: as duas irmãs estavam em séries de Star Wars – a mais nova, Vivien Lyra Blair, era a jovem Leia na serie Obi Wan; a mais velha, Sophie Thatcher, teve um papel secundário em The Book Of Boba Fett. Também no elenco, Chris Messina, Marin Ireland e LisaGay Hamilton.

Que venham mais filmes de terror assustadores!

A Pequena Sereia (2023)

A Pequena Sereia (2023)

Sinopse (imdb): A filha do rei Tritão, Ariel, se apaixona loucamente por um príncipe que salvou de um naufrágio. Ela decide ir procurá-lo em terra firme e pede ajuda à bruxa do mar, Úrsula.

Mais um live action da Disney. Se quase todos até agora furam ruins, a expectativa era zero. (Acho que só gostei de Cruella, os outros todos variam entre “sofrível” e “ruim de doer”: Pinóquio, Rei Leão, Aladdin, Dumbo, Christopher Robin, A Bela e a Fera – nenhum desses a gente pode afirmar que é bom. Cheguei a gravar dois Podcrastinadores comentando alguns dos títulos.)

Dirigido por Rob Marshall (Chicago, Caminhos da Floresta, O Retorno de Mary Poppins), A Pequena Sereia (The Little Mermaid no original) mantém a tradição “live action desnecessário da Disney”. Ok, não é um dos piores, mas está bem longe de ser um bom filme. Vamulá.

O filme segue basicamente a mesma história do desenho de 1989. Uma pequena alteração aqui, outra ali, nada muito significativo. Mas não vou comparar as duas obras, porque faz tempo que não revejo o original.

Uma coisa que funcionou foi o cgi do fundo do mar. Temos belas imagens debaixo d’água – aliás, tem uma sequência logo no início do filme onde a “câmera” faz um passeio entre peixes e plantas, que tem a maior cara de sequência pra vender o filme em 3D. E gostei da sequência musical de Under The Sea, grandiosa, cheia de cores e elementos.

Por outro lado, o cgi nos bichos atrapalhou. Exatamente como aconteceu em O Rei Leão, os bichos são realistas – e portanto não têm expressões. Assim você tem um personagem que é um peixe, que deveria ser o principal coadjuvante, mas que tem exatamente a mesma cara ao longo de todo o filme. Deve ser por isso que o Linguado tem um papel menor no filme do que tinha no desenho. Os outros dois, Sebastian e Sabidão (que virou Sabidona), por serem animais mais articulados, têm uma participação maior.

Tenho outra reclamação, mas admito que é mimimi. O filme abre com a frase de Hans Christian Andersen: “Mas uma sereia não tem lágrimas, e, portanto, ela sofre muito mais… “. Ok. Mas, se não tem lágrimas, também não deveria piscar o olho, certo? Por que sereias debaixo d’água piscam o olho? Detalhe: só reparei nesse detalhe por causa da frase que abre o filme. Se não fosse por isso, nem repararia nos olhos piscando.

Sobre o elenco, achei uma forçação de barra enorme postar duas vezes na trivia do imdb que pessoas “choraram ao ouvir a voz da Halle Bailey”. Ok, a menina canta bem, mas canta igual a dezenas (centenas?) de boas cantoras por aí. Uma pessoa que chora de emoção ao ouvir alguém cantando bem precisa trocar a playlist do spotify, porque está ouvindo as músicas erradas.

Dito isso, o casal Halle Bailey e Jonah Hauer-king funciona pro que o filme pede. Javier Bardem está bem (como sempre); Melissa McCarthy está caricata, mas, caramba, é uma vilã da Disney, claro que precisa ser caricata. Agora, preciso dizer que gostei muito da Sabidona da Awkwafina. Já falei mal da Awkwafina outras vezes, tipo no recente Renfield, onde o tipo de humor da atriz não encaixou no filme. Mas aqui admito: ela está perfeita como a ave desengonçada e estabanada, tanto nos gestos quanto nas falas. Digo mais: curti a música que ela canta. Pela primeira vez, posso dizer que entendi o motivo do grande fã clube que a atriz tem. Também no elenco, Jacob Tremblay, Daveed Diggs, Art Malik e Noma Dumezweni.

Agora, IMHO, o principal problema é que é um filme longo demais. O original tem uma hora e vinte e três minutos, esta nova versão tem duas horas e quinze! São cinquenta e dois minutos a mais, e não tem uma nova história que precise desse acréscimo todo. Aí o filme fica cansativo.

Sobre a polêmica. Desde que a Disney anunciou que a Ariel seria interpretada por uma negra, isso virou uma guerra na internet. Por um lado, uns defendiam que a sereias não existem, e por isso tanto faz a cor da pele. Ok, bom argumento. Por outro lado, outros defendiam que sereias não existem, mas a personagem Ariel existe. Seria como trocar a etnia do Batman, ou do Thor, ou do Pantera Negra, ou sei lá, ter um Mario que não é italiano. Ok, outro bom argumento. E qual e a minha opinião? Heu digo que a Disney acertou, porque o objetivo nunca foi promover diversidade e inclusão, e sim gerar buzz pra vender ingressos. E essa polêmica gerou um buzz enorme! Muita gente quer ver o filme pra defender ou atacar! Objetivo alcançado!

E por que digo que a Disney nunca quis promover diversidade e inclusão? Ora, existe uma princesa negra: a Tiana, de A Princesa e o Sapo, de 2009. Uma princesa que nem todos conhecem, afinal as outras são muito mais badaladas – Cinderela, Bela, Branca de Neve, Rapunzel, Aurora, Elsa e Ana, a galera lembra até da Mulan e da Moana. Mas ninguém se lembra da Tiana, o que é uma pena, porque o desenho dela é bem legal. E por que a Disney não promove a Tiana, ou faz uma continuação, ou melhor ainda, um live action? Porque isso não geraria um trending topics no twitter. Um live action da Tiana ia ter 100 pessoas comentando. Um live action da Pequena Sereia mudando a etnia da personagem vai ter 100 mil pessoas comentando. É, a Disney acertou. Polêmica vende.

(E nem vou entrar na próxima polêmica, que vai ser uma Branca de Neve estrelada por uma latina. Sim, Branca de Neve, aquela que é descrita como “lábios vermelhos como sangue, cabelo negro como ébano e pele branca como a neve”.)

O Último Grande Herói

O Último Grande Herói

Sinopse (imdb): Com a ajuda de um bilhete mágico, um jovem fã de cinema é transportado para o mundo fictício de seu personagem de ação favorito.

Hora de revisitar O Último Grande Herói, de 1993!

Antes de entrar no filme, vamos a uma contextualização. Na época, Arnold Schwarzenegger era um dos maiores nomes do cinema de ação, com uma sólida carreira construída desde o início dos anos 80, com uma vasta filmografia que começou com dois filmes do Conan (em 1982 e 84), e decolou a partir de Exterminador do Futuro (84). Nos anos seguintes ele estrelou filmes como Comando Para Matar (85), Jogo Bruto (86), O Predador (87), O Sobrevivente (87), Inferno Vermelho (88), O Vingador do Futuro (90) e O Exterminador do Futuro 2 (91), além de duas comédias, Irmãos Gêmeos (88) e Um Tira no Jardim de Infância (90). Com um currículo desses, Schwarzza era o cara perfeito para estrelar uma paródia de filmes de ação.

Dirigido por John McTiernan, que antes tinha feito O Predador (87), Duro de Matar (88) e Caçada ao Outubro Vermelho (90), O Último Grande Herói (Last Action Hero, no original) consegue ser um eficiente filme de ação e, ao mesmo tempo, uma comédia satirizando os filmes de ação – tudo isso dentro de uma bem sacada metalinguagem. Todos os clichês usados pelos filmes do estilo são usados aqui, mas desta vez sob o ponto de vista da paródia.

Uma das coisas que mais gosto em O Último Grande Herói são as referências. São muitas! Schwarzenegger brincando com “I’ll be back!”; cameos da Sharon Stone de Instinto Selvagem e do Robert Patrick de Exterminador do Futuro 2 na delegacia; um policial fala que está a dois dias de se aposentar como o Roger Murtaugh de Duro de Matar; uma sequência de Hamlet do Laurence Olivier e uma citação à sua participação em Fúria de Titãs; props fabricados pela Acme; o garoto falando pro F Murray Abraham que ele tinha matado Mozart (referência a Amadeus); e, o meu favorito: o poster de Exterminador do Futuro com o Stallone! Além disso, a parte final tem cameos de James Belushi, (que estava em Inferno Vermelho), Little Richard, Jean-Claude Van Damme, Chevy Chase e MC Hammer, entre outros.

Mas o filme não é feito só de referências. As sequências de ação são muito boas, tanto as que se passam dentro do filme quanto as que se passam fora. E contrastar Los Angeles de dia e com sol com Nova York à noite e com chuva foi uma boa sacada visual.

A trilha sonora é muito boa. O próprio Schwarzenegger convidou o AC/DC pra compor uma música pro filme, e ainda tem canções de Aerosmith, Alice in Chains, Megadeth, Def Leppard, entre outros.

No elenco, Arnold Schwarzenegger está muito à vontade fazendo uma paródia de si mesmo. Já o garoto Austin O’Brien às vezes cansa um pouco, de repente poderiam ter diminuído um pouco sua participação. Também no elenco, F. Murray Abraham, Charles Dance, Anthony Quinn, Frank McRae e Mercedes Ruehl. Foi a estreia de Bridgette Wilson e Angie Everhart; e ainda tem uma participação de Ian McKellen como a Morte e outra da Tina Turner como a Prefeita. Ah, e a voz do policial gato é do Danny De Vito.

A produção do filme teve problemas e as filmagens atrasaram. Mas o estúdio se recusou a adiar o lançamento, e acabou que a estreia foi corrida – segundo o imdb, as filmagens foram até a semana da estreia! Não sei se por isso, ou porque o público esperava algo mais “sério”, ou por causa da concorrência (Jurassic Park estreou uma semana depois), o fato é que a bilheteria de O Último Grande Herói não foi boa, o que é uma pena.

O Exorcista do Papa

O Exorcista do Papa

Sinopse (imdb): Baseado nos arquivos reais do padre Gabriele Amorth, conhecido como o exorcista chefe do Vaticano, que enquanto investigava a possessão de um jovem, descobre que durante séculos no Vaticano tentaram a todo custo manter a verdade escondida.

Às vezes me pergunto se ainda existe espaço para certos subgêneros. A gente vê um monte de filmes de exorcismo sendo lançados a cada ano, mas a gente dificilmente se lembra de um bom filme de exorcismo (acho que o último foi O Exorcismo de Emily Rose, de 2005).

Dirigido por Julius Avery (Operação Overlord, Samaritano), O Exorcista do Papa (The Pope’s Exorcist, no original) é mais um filme genérico e cheio de clichês usando o subgênero “filme de exorcismo”. Não é ruim, mas tá bem longe de ser bom. A gente segue o padre Gabrielle Amorth, que era o exorcista oficial do Vaticano, em uma missão na Espanha. O padre Amorth realmente existiu, mas o Papa que aparece no filme é inventado, era a época do João Paulo II.

(Curiosidades que você só vê aqui no heuvi: existe um documentário filmado pelo William Friedkin (O Exorcista) mostrando o que seria um exorcismo real do padre Amorth: O Diabo e o Padre Amorth. Heu vi no Festival do Rio de 2017, infelizmente o documentário é bem chatinho.)

O Exorcista do Papa tem um problema básico: é um filme de terror que não assusta. Nada. Nenhum jump scare, nenhuma tensão. Durante as cenas de exorcismo, muito barulho e efeitos de luz, mas zero clima de medo. Talvez ele seja mais engraçado do que aterrorizante, não por ser uma comédia, mas sim porque o padre Amorth dizia que o demônio odeia humor, então ele passa o filme inteiro fazendo piadinhas.

Era pra ter uma subtrama por trás envolvendo o passado do Vaticano, mas isso é deixado de lado. Outra coisa que é deixada de lado é o aprofundamento nas personalidades dos personagens, todos rasos. Mas pra não dizer que achei tudo ruim, curti a maquiagem do garoto possuído. Nada de inovador, mas pelo menos é uma maquiagem bem feita.

Acaba que a atuação e o carisma do Russell são a única coisa que faz a gente chegar até o final do filme. O cara é bom, então por causa dele o filme ganha alguns pontos. Do resto do elenco, o único comentário é que o Franco Nero está desperdiçado como um Papa que pouco aparece.

O Exorcista do Papa é fraco, mas o fim deixa espaço para começar uma nova franquia. O que espero que não aconteça.

Velozes e Furiosos 10

Crítica – Velozes e Furiosos 10

Sinopse (imdb): Dom Toretto e sua família são alvo do filho vingativo do traficante Hernan Reyes.

É complicado pra mim escrever um texto sobre um filme como o novo Velozes e Furiosos. Já tivemos outros dez filmes (não se esqueçam do spin off Hobbes & Shaw), e todo mundo já sabe o que virá no décimo primeiro filme da franquia. Quem curtiu os outros, vai se divertir com duas horas de “tiro porrada e bomba” bem filmados; quem não curtiu, vai passar longe dos cinemas. Então, num caso desses, qual é o papel do crítico? Bem, vou tentar levantar pontos positivos e negativos, apesar de não saber se isso vai significar alguma coisa na decisão do espectador.

Mas, antes de entrar no filme, preciso fazer uma crítica séria: assim como aconteceu com o recente Os Três Mosqueteiros, Velozes e Furiosos 10 não tem fim. Anunciaram que vão fazer uma trilogia que vai acabar no V&F12. Mas, essa informação não está no nome, nem no poster, nem ao menos no filme. De repente, o filme pára e sobem os créditos. Acho isso uma grande falta de respeito com o espectador.

Entrando no filme… Dirigido por Louis Leterrier (Carga Explosiva, O Incrível Hulk, Truque de Mestre), Velozes e Furiosos 10 (Fast X, no original) segue o mesmo estilo de “tiro porrada e bomba” e odes à importância da família. Isso tudo no meio de ótimas e inacreditáveis cenas de ação, e com um elenco de causar inveja.

As cenas de ação são muito mentirosas. Mas pra quem conhece a franquia, isso já era algo esperado. Cenas absurdas sempre aconteceram ao longo dos filmes. E o que importa aqui não é a veracidade das leis da física, e sim o quão bem filmada a cena é. E neste aspecto, Velozes e Furiosos 10 não vai decepcionar ninguém.

Agora, sobre o roteiro… Esse podia ter sido escrito com mais carinho. Vejo dois tipos de problema. O primeiro é o óbvio, que são os inúmeros furos de roteiro. Se heu fosse listar, o texto seria enooorme. Mas vou citar só um. Charlize Theron manja dos paranauês tecnológicos e coloca meia dúzia de guardas pra dormir. E fala “temos apenas 4 minutos”. E MUITA coisa acontece depois disso. E vou além: naquela super base não tinha nenhum guarda? Só aquela meia dúzia que estava no laboratório?

Mas esses furos são que nem as mentiras, coisas que a gente já sabe que vai encontrar. O outro tipo de problema me incomodou mais. A franquia cresceu e trouxe grandes nomes para o elenco. Mas tem aqueles personagens que já estavam antes, e ainda precisam de algo para fazer durante o filme, apesar de ser a parte do elenco que “ninguém se importa”. Aí rola uma trama paralela sem graça com os quatro personagens de menor star power, uma trama bem besta. Dá vontade de acelerar o filme pras outras partes onde tem quem realmente importa.

Outro problema. Paul Walker morreu. Mas seu personagem não morreu, segundo o histórico da franquia, ele foi seguir outra vida e se afastou. Mas, se o filme repete tanto o mantra da “família” e eles estão passando por problemas sérios, por que o personagem do Paul Walker é ignorado? Ninguém ao menos cita a sua existência ao longo do filme! Ok, a gente sabe que o ator não pode estar presente, mas o roteiro poderia ter ideias pra explicar isso.

Tem um outro problema, mas é mimimi meu. Parte do filme se passa no Rio de Janeiro, e temos uma nova personagem, brasileira. Por que chamaram a portuguesa Daniela Melchior para fazer a brasileira? Vejam bem, gosto da Daniela Melchior, ela fez um excelente trabalho em Esquadrão Suicida, mas, por que não chamar uma brasileira? Tem tantas boas atrizes por aqui!

(Ludmilla faz uma rápida participação, alguns poucos segundos. Não chega a atrapalhar.)

Tem uma coisa divertida para o público carioca, que é analisar a geografia da cidade. O local onde os carros de corrida se encontram parece o Arpoador. Até aí, ok, apesar de ser um local fechado para veículos, só pedestres têm acesso. Mas é curioso que depois é uma pista que não existe na Zona Sul – mas os prédios em volta continuam no mesmo cenário.

O elenco é fantástico. A franquia gera muito dinheiro. Existe um “clube do bilhão”, são 52 filmes que já alcançaram um bilhão de dólares na bilheteria, e dois dos V&F estão nessa lista – o V&F7 está em décimo primeiro lugar! Como todo esse potencial financeiro, claro que dá pra chamar elenco com grande star power. Não só temos vários astros do atual cinema de ação, como Vin Diesel, Jason Statham, John Cena, Jason Momoa e Dwayne Johnson, como ainda tem quatro atrizes ganhadoras do Oscar: Charlize Theron, Helen Mirren, Brie Larson e Rita Moreno. E todos os anteriores estão de volta: Michelle Rodriguez, Jordana Brewster, Tyrese Gibson, Ludacris, Nathalie Emmanuel, Sung Kang, Scott Eastwood e Joaquim de Almeida. Todos fazem o de sempre, o único destaque (positivo ou negativo) é Jason Momoa, que faz um vilão muito acima do tom. Teve gente que saiu da sessão de imprensa reclamando dele, mas heu achei ele caricato no ponto exato! Adorei o vilão com cara de desenho animado dos anos 90!

O filme é longo, duas horas e vinte e um minutos. Não, não precisava de tanto. Podia, por exemplo, cortar aquele núcleo dos atores sem star power. O filme ia ter meia hora a menos e ia ser bem melhor.

Tem uma cena pós créditos logo depois dos créditos principais. Se tem alguma lá no fim? Não sei. O cinema cortou os créditos no meio. Mas a assessoria disse que não tem nada depois. Se tiver, alguém me avisa?

Guy Ritchie’s The Covenant

Crítica – Guy Ritchie’s The Covenant

Sinopse (imdb): Siga o Sargento do Exército dos EUA John Kinley e o intérprete afegão Ahmed em ação

Quando surgiu este novo filme do Guy Ritchie, heu tive a impressão de que ele estava fazendo mais de um filme por ano, porque 4 meses atrás, em janeiro, foi lançado Esquema de Risco – Operação Fortune. Fui checar no imdb, na verdade ele tem trabalhado muito, mas não é mais de um filme por ano. De 2019 pra cá, em 5 anos, ele dirigiu 5 filmes: Aladdin, Magnatas do Crime, Infiltrado, Esquema de Risco e agora este The Covenant.

(Na verdade, a pandemia atrasou o lançamento de Magnatas do Crime, que acabou saindo perto de O Infiltrado, ambos no meio da pandemia. Por isso me confundi.)

Guy Ritchie tem um estilo onde repete algumas características em vários dos seus filmes, como personagens marginais, edição com cortes rápidos e frequentemente usar pitadas de humor (apesar de Infiltrado não ter nada de humor). Mas, desta vez, em The Covenant, o filme não tem “cara de Guy Ritchie”. É um filme de guerra, que se não tivesse o nome dele nos créditos, heu não iria identificar o traço do diretor apenas assistindo ao filme.

Antes de entrar no filme, preciso falar que não curto muito a postura dos personagens em filmes com esse tema. Heu não concordo de jeito nenhum com o Talibã, mas heu também não concordo com um país que se auto intitula a “polícia do mundo” e invade outros países para supostamente colocar ordem. Então, pra mim, é complicado me identificar com um protagonista que está invadindo outro país se achando o dono a verdade, principalmente porque a gente sabe que muitas vezes existem outros objetivos por trás dessa fachada. Mas, como já comentei em outras ocasiões, este site fala de cinema e não de política, então vamos analisar o filme em si.

Segundo filme, depois do atentado de 11/09, em 2001, americanos invadiram o Afeganistão para tentar combater o Talibã. Para isso eles precisavam de intérpretes. Então eles contratavam pessoas locais com a promessa de dar vistos de imigração para que eles pudessem se mudar para os EUA depois. E esse intérprete fica numa situação bem delicada, porque, por um lado, os americanos não sabem se podem confiar nele; por outro lado, o Talibã o considera um traidor, e pode atacá-lo ou atacar sua família.

Heu não vou entrar em detalhes sobre o que acontece ao longo do filme por motivos de spoiler, mas heu diria que o principal foco é a relação entre os dois personagens principais: o oficial americano e o seu intérprete afegão. O personagem que seria o coadjuvante, o intérprete Ahmed, é um personagem excelente, e eles travam alguns diálogos ótimos, como por exemplo quando Ahmed dá uma opinião, e o americano diz “você não está aqui para dar opiniões, e sim para traduzir”, e o outro responde “na verdade estou aqui para interpretar”.

Aproveito pra falar do elenco. Jake Gyllenhaal está bem como sempre, mas, melhor do que ele, é Dar Salim e seu Ahmed. Salim fez um papel em Game of Thrones, mas nem me lembro dele na série. É um dos trunfos de The Covenant.

Ainda queria comentar outros 3 nomes do elenco. Johnny Lee Miller era um cara que, nos anos 90, heu achava que seria um grande nome, depois de filmes como Hackers e Trainspotting. Mas heu errei, hoje ele é tão segundo escalão que só reconheci porque li o nome nos créditos, heu não reconheceria só pelo filme. Outro é Alexander Ludwig, um dos principais da série Vikings. Por fim, na segunda metade do filme aparece o Antony Starr, também conhecido como Homelander ou Capitão Pátria de The Boys. Aqui ele está de barba, mas continua com o mesmo olhar e voz do seu personagem mais famoso.

The Covenant não tem cara de Guy Ritchie, mas a gente precisa reconhecer que tecnicamente é um filme muito bom. O filme é claramente dividido em duas partes, fecha a primeira história e depois começa uma nova, e em ambas histórias temos alguns momentos muito tensos. É bom ter um diretor experiente que sabe manipular a tensão apresentada ao espectador.

Se você for perguntar a minha opinião pessoal, heu ainda prefiro ver Guy Ritchie fazendo filme “com cara de Guy Ritchie”. Mas mesmo assim The Covenant é bem melhor que seu último filme “com cara de Guy Ritchie”, Esquema de Risco. Mais um bom filme de guerra a ser lançado. Pena que não tenho notícias de quando deve chegar ao circuito ou a os streamings.

Mafia Mamma: De Repente Criminosa

Crítica – Mafia Mamma: De Repente Criminosa

Sinopse (imdb): Uma mãe americana herda o império da máfia de seu avô na Itália. Guiada pelo braço direito do chefe da organização, ela desafia hilariamente as expectativas de todos como a nova líder dos negócios familiares.

Às vezes dá vontade de não fazer um post comentando o filme que acabei de ver. Porque filmes como Mafia Mamma: De Repente Criminosa são tão bobos que bate uma preguiça…

Mas, preciso ser coerente comigo mesmo. Sempre defendo que a gente precisa pensar no objetivo do filme. Mafia Mamma: De Repente Criminosa não queria ser um grande filme, com roteiro de explodir cabeças e várias inovações visuais. Não, a proposta aqui é uma diversão ligeira, daquelas que a gente dá uns risinhos aqui e ali e depois esquece do filme. É, pensando por aí, Mafia Mamma: De Repente Criminosa pode funcionar.

Kristin é uma mulher de quarenta e muitos anos, triste porque seu filho está indo pra faculdade, com problemas no casamento e no trabalho. E se repente ela descobre que precisa ir pra Itália pra receber a herança do avô que ela nem lembrava que existia. O título do filme já é um spoiler sobre o que vai acontecer então: o avô era mafioso, e o filme vira uma paródia de filmes de máfia – inclusive, O Poderoso Chefão é citado algumas vezes.

A ideia de colocar uma dona de casa com crises de meia idade como líder de uma família mafiosa até podia ter funcionado. Mas, preciso falar que o humor usado me atrapalhou. Algumas cenas são bobas demais. Um exemplo: quando o avô gravou a vídeo explicando para Kristin que ela era herdeira, tem uns caras fazendo trapalhadas na lareira ao fundo. Ou, numa cena onde ela vai jantar com o Lorenzo e a mãe dele fica servindo mais comida para os seguranças. Entendo que alguém possa achar isso engraçado. Mas, pra mim, é um balde de água fria.

Junte a isso situações clichê e personagens clichê. Não sei qual é o pior personagem, se é o marido caricato ou a amiga advogada também caricata. E, pra piorar, além dos clichês, tem algumas cenas completamente fora da realidade, como uma cena onde Kristin enfrenta aquele que era pra ser o melhor assassino profissional da família rival. Precisa de muita suspensão de descrença.

(Esta cena em particular traz um gore que me pareceu deslocado do resto do filme. Nada muito gráfico pra quem está acostumado com filmes de terror violentos, mas bastante forte para uma comédia bobinha.)

A direção é de Catherine Hardwicke, famosa por ter feito Crepúsculo. Ok, isso já era um sinal de que heu não deveria esperar nada. E no elenco, só duas atrizes conhecidas, Toni Collette e Monica Bellucci, que estão ok para o que o filme pede, o que é quase nada.

Enfim, Mafia Mamma: De Repente Criminosa não é um filme exatamente ruim, como O Chamado 4. Mas achei bem bobo. Não recomendo.

Renfield – Dando o Sangue Pelo Chefe

Crítica – Renfield – Dando o Sangue Pelo Chefe

Sinopse (imdb): Renfield, o torturado ajudante de Drácula, é forçado a capturar presas para seu mestre e cumprir todas as suas ordens. Mas agora, após séculos de servidão, Renfield está pronto para ver se há uma vida fora da sombra de seu chefe.

Renfield é um personagem secundário do livro Drácula de Bram Stoker – lembro dele interpretado pelo Tom Waits na versão do Coppola de 1992. Por ser secundário, tem vários filmes que nem mencionam o personagem. Mas neste novo filme, ele virou o protagonista, a história é contada sob o seu ponto de vista.

Dirigido por Chris McKay (Lego Batman, A Guerra do Amanhã), Renfield – Dando o Sangue Pelo Chefe (Renfield, no original) começa bem, o Renfield está num grupo de apoio de pessoas que estão em relacionamentos abusivos, e fala do chefe dele. O espectador sabe que é o Drácula, mas os personagens em volta não sabem, e isso cria divertidas situações comparando o Drácula com um chefe abusivo.

Se o filme ficasse só nessa linha, seria bem legal. Mas resolveram criar uma história paralela bem insossa. Temos uma trama clichê de uma família de criminosos que controla a polícia, e uma policial que perdeu o pai assassinado por essa família. Tudo clichê: a matriarca chique, o filho atrapalhado e afobado, a policial incorruptível. Pra piorar, é clichê e mal desenvolvida, tem uma trama paralela da irmã da policial, mas que aparentemente só estava lá para ser sequestrada e trazer a policial ao encontro dos bandidos.

Pena, porque Renfield – Dando o Sangue Pelo Chefe tem um trunfo, que é o Nicolas Cage interpretando o Drácula. De uns anos pra cá, Cage virou um meme ambulante, e sempre faz over acting. Quando o filme tem espaço para over acting (como aconteceu em Mandy), Cage funciona bem. E aqui, como o conde Drácula, Cage está perfeito! É de longe a melhor coisa do filme!

O xará Nicholas Hoult também está bem. Mas não gostei muito do que o roteiro fez com o seu personagem. Renfield ganha super poderes quando come os insetos. Parece o Pateta quando come o superamendoim e vira o Super Pateta. O Renfield ganha uma super força e até voa! Ficou um pouco over.

Por outro lado, Awkwafina ainda não conseguiu me convencer. Não só ela deu azar de pegar um papel totalmente clichê, como ela ainda tem alguns maneirismos que não funcionam pra esse tipo de filme (tipo uma cena onde ela está se afastando da câmera e fica dando umas olhadas pra trás).

Também queria comentar que gostei do gore. Como disse meu amigo Tom Leão, o clima parece Um Drink no Inferno, o gore traz risos em vez de repulsa. E Renfield – Dando o Sangue Pelo Chefe ainda tem umas boas cenas de ação.

Ainda queria falar mal do nome brasileiro do filme. “Dando sangue pelo chefe” e muito sessão da tarde dos anos 80. Achei bem tosco.

Fervura Máxima

Crítica – Fervura Máxima

Sinopse (google): Em Hong Kong, Yuen, um inspetor de polícia que é normalmente conhecido como Tequila, fica transtornado quando seu parceiro morre em um tiroteio com gangsters em uma casa de chá. Tequila então se une a Alan, um assassino profissional, para vingar o amigo e impedir que esta quadrilha mate gente inocente.

Lançado em 1992, Fervura Máxima, (Hard Boiled em inglês ou Lat sau san taam no original) é o último filme chinês de John Woo antes dele ir para os EUA para dirigir O Alvo, com Jean Claude Van Damme. Depois de receber críticas por fazer filmes que glamorizavam bandidos, ele quis entregar um filme onde a polícia é glamorizada. E ele aproveitou pra usar um trilha sonora de jazz, que ele queria fazer em The Killer, mas foi impedido pelo produtor Tsui Hark.

O protagonismo do filme repete uma fórmula usada outras vezes pelo próprio Woo: dois protagonistas, bem parecidos entre eles, mas em posições opostas. Inicialmente são inimigos, mas acaba que se unem por algum objetivo. Aqui tem o policial implacável e o assassino misterioso. Mais uma vez, a fórmula funciona muito bem.

Como já comentei antes, o ritmo do cinema oriental é diferente do que estamos acostumados, e além disso é um filme de 30 anos atrás, precisamos ter isso na cabeça. Vemos muitas atuações exageradas e muita gritaria, e ao mesmo muita câmera lenta. Desta vez não reparei nas pombas, uma das marcas registradas do diretor; mas temos um momento onde os dois principais estão com armas apontadas um para o outro.

Fervura Máxima tem uma sequência bem longa na parte final, a parte do hospital, que pega quase meio filme. Tenho dois comentários, um positivo e um negativo sobre essa sequência. O positivo é o famoso plano sequência. Os dois personagens principais entram por um corredor e enfrentam dezenas de adversários. Determinado momento eles entram no elevador para ir pra outro andar, mas, na verdade, o elevador ficou parado e a galera da produção trocou todo o cenário! Esse plano sequência é uma das melhores coisas do filme.

Por outro lado, achei a sequência longa demais. Ok, é boa, bem filmada, empolgante, muitos tiros, muitas explosões, mas chega um momento que tem gente levando tiro e explodindo e você nem sabe quem é. Por ser tudo meio parecido, a sequência me cansou.

No elenco, dois grandes nomes do cinema chinês, e que já tinham trabalhado com o diretor antes,Chow Yun Fat (The Killer) e Tony Leung (Bala na Cabeça). O primeiro já tinha feito quatro filmes com Woo e, teve uma breve carreira em Hollywood depois do sucesso de O Tigre e o Dragão, com filmes como Assassinos Substitutos,O Corruptor, Anna e o Rei e O Monge À Prova de Balas. O segundo trabalhou pouco fora da China, mas recentemente esteve nas telas do mundo inteiro em Shang Chi.

Por fim, preciso falar de uma implicância minha com o nome brasileiro do filme, porque a Globo tinha uma sessão de filmes chamada “Temperatura Máxima”, então sempre confundo com “Fervura Máxima”.

Guardiões da Galáxia Vol. 3

Crítica – Guardiões da Galáxia Vol. 3

Sinopse (imdb): Ainda se recuperando da perda da Gamora, Peter Quill reúne sua equipe para defender o universo e um deles – uma missão que pode significar o fim dos Guardiões se não for bem-sucedida.

Normalmente evito expectativas, mas com esse Guardiões da Galáxia Vol. 3 era difícil por causa de seu diretor: James Gunn. Aos poucos, Gunn mostrou que ele é “o cara”: começou na Troma, e fez alguns filmes legais mas nada muito relevante. Aí foi pra Marvel e fez o primeiro Guardiões, e a gente tem que lembrar que era um projeto super arriscado: um grupo de alienígenas onde um deles era um guaxinim e outro era uma árvore, e que a gente sabia que no futuro iam se juntar aos Vingadores. E mesmo assim, Guardiões da Galáxia foi um dos melhores filmes do MCU. Mas, depois do segundo filme, rolou aquela parada da Disney fuçar tweets antigos do cara e ele foi demitido. A DC então o contratou pra “consertar” o Esquadrão Suicida, e o seu filme com o Esquadrão foi o melhor do DCEU. Agora, de volta à Marvel, como segurar a ansiedade?

E a boa notícia é que mesmo com expectativa alta, James Gunn nos trouxe o melhor filme da Marvel em um bom tempo. Um filme que te faz rir, te faz chorar, tem personagens muito bem construídos e ainda traz alguns cenários bem diferentes do óbvio. E além disso, um belo fechamento para a saga dos Guardiões.

Claro que o filme é muito engraçado. Guardiões sempre foi galhofa, e continua sendo – são vários os momentos hilários. Mas este terceiro filme traz a história que conta o triste passado do Rocket Racoon. Aqui a gente conhece o passado dele, e consegue entender por que ele não quer falar sobre isso. É um momento que, arrisco dizer, vai arrancar lágrimas dos espectadores. E vai ter muita gente que vai virar fã do Rocket depois do filme.

Aproveito pra falar dos personagens. Temos um rico time de personagens, e, coisa difícil num grupo tão numeroso – conhecemos características de todos eles! Peter Quill, Gamora, Rocket, Groot, Drax, Mantis, Nebula… Tem até espaço pra secundários como Kraglin e Cosmo! Ok, você pode argumentar que já vimos os personagens por alguns filmes, é verdade, tem mais tempo para conhecê-los. Mas, pensa só: já temos mais de dez Velozes e Furiosos, e mesmo assim tem alguns personagens do grupo que a gente não lembra nem do nome, muito menos da personalidade. Aqui não, conhecemos cada um, é como se fossem velhos amigos.

Além dos personagens, Guardiões da Galáxia Vol. 3 também tem um visual bem exótico. O filme aproveita que estamos no espaço e que nada precisa seguir uma lógica terrestre, e temos excentricidades como uma base espacial orgânica – com detalhes como pelos e uma camada de gordura debaixo da pele. E o interior dessa base parece uma mistura de Barbarella com A Fantástica Fábrica de Chocolates.

Falando em visual, preciso falar do plano sequência na cena do corredor. Ok, a gente sabe que é um plano sequência “fake” porque tem muita coisa digital no meio, mas mesmo assim vejo valor em quem consegue conceber uma cena como aquela, onde vemos todos em ação, cada um no seu estilo.

Como acontece nos outros filmes, temos algumas referências aos anos 80, como citações a Dirty Dancing e Robocop – e preciso falar que essa do Robocop estava me incomodando, porque o visual do vilão é muito parecido com o Robocop sem máscara.

(Outra daquelas coisas que “todo mundo fala”: a Gamora não entende o Groot, normal, aí ela fala “vocês estão inventando isso!” Gosto quando um filme se sacaneia!)

Falando das referências, preciso falar da trilha sonora. Antes o Peter Quill tinha um walkman, que foi quebrado. Aí ele ganhou um aparelho com centenas de músicas, e agora não estamos mais presos somente aos anos 80. E uma coisa bem legal que tinha nos filmes anteriores acontece de novo aqui: a letra da música que está tocando “conversa” com o roteiro. Um exemplo simples que é logo a primeira cena do filme: o Rocket sempre se sentiu excluído, e começamos ouvindo Creep, do Radiohead: “I wish I was special, but I’m a creep, I’m a weirdo”. Pena que boa parte do público brasileiro não vai captar essa sutileza.

O elenco é ótimo. Todos os atores dos outros filmes estão de volta: Chris Pratt, Karen Gillan, Zoe Saldana, Pom Klementieff, Dave Bautista, Bradley Cooper, Vin Diesel, Sean Gunn e Maria Bakalova – e ainda tem uma ponta do Michael Rooker. Ah, trabalhar com James Gunn deve ser bom. Vários atores que estavam no Esquadrão Suicida aparecem aqui: Chukwudi Iwuji, Nathan Fillion, Daniela Melchior e Jennifer Holland (Sylvester Stallone também estava em Esquadrão Suicida, mas ele já tinha aparecido numa cena pós créditos do Guardiões 2). Ainda no elenco, Linda Cardellini, Elizabeth Debicki e Will Poulter

O fim do filme traz um encerramento pra trilogia. Claro, sempre pode haver um novo filme, uma nova saga. Mas se acabar por aqui, foi um bom final.