The Munsters

Crítica – The Munsters

Sinopse (imdb): Uma família de simpáticos monstros se muda da Transilvânia para o subúrbio de uma pequena cidade americana, absolutamente alheios ao estranhamento que sua presença provoca em seus vizinhos comuns e convencionais.

Nem sei por onde começar. Mesmo sem ter grandes expectativas por esta nova versão de The Munsters / Os Monstros, aquele seriado antigo dos anos 60, achei tudo muito ruim. Pior: ruim e sem propósito: pra que fizeram este reboot?

A direção é de Rob Zombie, e filme novo dele sempre entra no radar. Mas, vou te falar que esse é o Rob Zombie menos Rob Zombie que já vi. Zombie sempre teve uma estética suja e violenta, com muito gore, muitos personagens desagradáveis em tela. Digo que ele é bom pra mostrar o white trash americano. Mas aqui tudo é colorido e alegre. Se ele queria mostrar versatilidade, não deu certo. (John Landis fazia terror, comédia e musicais, e tem bons filmes nos três estilos: Um Lobisomem Americano em Londres, Trocando as Bolas, Os Irmãos Cara de Pau, Clube dos Cafajestes…)

Claramente Zombie quis fazer algo com visual camp. Tudo é exagerado e caricato, desde cenários e atuações até maquiagem e efeitos especiais. Entendo que ele queria criar um clima farsesco – segundo o imdb, ele declarou que queria fazer um desenho animado em live action. Mas preciso falar que foi demais. A gente vê uma atuação caricata, ok. Mas quando entram efeitos sonoros de programa vagabundo de TV, a gente se pergunta “seriously?”

Tudo é tosco demais. Se fosse um curta metragem, ok a gente até podia se divertir. Mas o filme tem quase duas horas de duração (uma hora e quarenta e nove minutos), e nada acontece. Então, além de tosco, o filme é chato. Se não vai usar a “fórmula Syd Field”, tem que ter criatividade.

O filme me perdeu em uma cena que acontece bem no meio, quando Lily (Sherry Moon Zombie) e Herman (Jeff Daniel Phillips) estão num palco cantando, e ela parece estar de saco cheio, completamente fora do papel. Se nem a personagem consegue passar que está aturando aquilo, como convencer o espectador?

Sobre o elenco, temos várias figurinhas recorrentes dos outros filmes do Rob Zombie – Sherry Moon Zombie, Jeff Daniel Phillips, Daniel Roebuck e Richard Brake estavam em seu último filme, Os 3 Infernais. Jorge Garcia, o Hurley de Lost, tem um papel importante; e tem pelo menos três participações bem especiais: Dee Wallace (a mãe do Elliott em ET); Cassandra Peterson, (a Elvira); e Pat Priest (que estava no elenco da série original dos anos 60).

Pra finalizar, vou voltar à minha pergunta do início: pra que fizeram este reboot? Porque filme ruim a gente tem um monte, faz parte. E, vamos combinar, heu gosto do Rob Zombie, mas ele faz mais filme ruim do que filme bom, então, de novo, faz parte. Mas, pra que fazer um prequel de um seriado de quase sessenta anos atrás? Com humor datado, e da maneira mais tosca possível?

Sorria

Crítica – Sorria

Sinopse (imdb): Após testemunhar um acidente traumático e bizarro envolvendo uma paciente, a Dra. Rose Cotter começa a vivenciar eventos assustadores que ela não consegue explicar.

Sorria (Smile, no original) está sendo vendido como “o filme mais assustador de todos os tempos da última semana”. O roteirista e diretor Parker Finn, estreante em longas, mostra ideias criativas na câmera, tem um bom ritmo, e, principalmente, consegue criar um bom clima de tensão. A trilha sonora, que usa muitos ruídos, também ajuda na construção do clima.

Sorria é cheio de jump scares, o que vai agradar boa parte do público. E vou te falar que teve um que me pegou, o da irmã no carro (que depois descobri que está no trailer…)!

Mas preciso dizer que não gostei muito da parte final, porque achei que mostra demais. Prefiro quando um filme de terror mostra pouco, prefiro ficar sem saber o que está acontecendo. Minha humilde opinião. Além disso, os efeitos especiais nessa parte final ficaram meio esquisitos.

Agora, a gente precisa admitir que nada aqui é novidade. Aliás, essas imagens de pessoas sorrindo lembram o fraco Verdade ou Desafio. E o desenrolar da história parece O Chamado ou  A Corrente do Mal.

No elenco, o papel principal é de Sosie Bacon, filha do Kevin Bacon e da Kyra Sedgwick (achei ela mais parecida com a mãe do que com o pai). Não conhecia a atriz, sei que ela fez seriados mas não vi nenhum. Gostei do trabalho dela, o filme todo é baseado na personagem. Também no elenco, Kyle Gallner, Jessie T Usher (The Boys) e Kal Penn (Harold & Kumar).

Com seus jump scares, Sorria vai agradar o público dos multiplexes.

Andor

Crítica – Andor

Sinopse (Disney+): Muito antes da missão de garantir os planos da Estrela da Morte fazer dele um herói da Rebelião, um imprudente Cassian Andor procura informações sobre seu passado. Essa obsessão o leva aos bairros decadentes de um mundo onde um encontro com as autoridades faz dele um criminoso procurado. Sua tentativa de se esconder no planeta Ferrix traz seus problemas para casa.

Antes de falar da série, preciso avisar que, diferentemente da maioria dos atuais fãs de Star Wars, Rogue One não é um dos meus favoritos. Dos cinco filmes novos, prefiro o ep 7. Rogue One é bom, muito bom, mas acho a primeira metade muito lenta. A segunda metade é excelente e o fim é sensacional, mas a primeira metade me fez tirá-lo do topo da lista. Por isso, uma série derivada do filme não era algo tão aguardado por mim.

Dito isso, preciso admitir o meu lado fanboy e dizer que fico feliz com todo e qualquer novo produto Star Wars! Bora pra série!

Andor terá 12 episódios (e segundo o imdb, depois teremos mais uma temporada com mais 12 episódios). A Disney+ liberou os três primeiros, e hoje vou comentar aqui essa introdução. Dependendo de como a série se desenrolar, volto a falar depois quando acabar a temporada.

Uma coisa que heu gosto muito é ver outras rotinas nessa galáxia muito muito distante que a gente tanto gosta. Conhecemos planetas novos, chega de ficar em Tatooine o tempo todo! E aqui a gente vê coisas que realmente não vemos nos outros filmes – acho que foi a primeira vez que alguém faz sexo em Star Wars (ok, não vemos a cena de sexo, mas o casal dormiu junto!). Também temos referências a prostituição, bebidas alcoólicas e até a café.

Algumas pessoas se esquecem que Star Wars aconteceu “a long time ago”, o que vemos neste universo não é o futuro do planeta Terra. Então, temos espaço para planetas diferentes com povos em diferentes estágios de civilização – aqui a gente conhece um povo que parecem indígenas, mas que moram num planeta por onde passou algo grande (provavelmente o planeta foi usado para mineração). Gostei de ver um povo completamente à parte do que acontece na galáxia.

Sobre os personagens, até agora o único que já conhecemos é o protagonista Cassian Andor, ainda acho cedo para comentar sobre os outros – inclusive tem personagem que aparece no trailer que ainda não apareceu na série. Por enquanto, posso dizer que gostei do antagonista.

Lembro que um dos personagens mais carismáticos de Rogue One era o robô K2S0. Andor mantém a tradição e traz um bom robô, o B2EMO, um robô gago e meio depressivo que me lembrou o Marvin de Guia do Mochileiro das Galáxias.

Tecnicamente falando, a série é muito boa. Em tempos de She Hulk e Pinóquio, aqui não tem nenhum cgi ruim saltando aos olhos. Ok, tem muita cena escura, e a gente sabe que cena escura normalmente é pra esconder falhas no cgi, mas, mesmo assim, não achei ruim, achei um recurso válido. A parte sonora da série também é bem construída, tem uma sequência muito boa no terceiro episódio com as pessoas batendo no metal, numa crescente que serve pra aumentar a tensão.

Li em algum lugar que aqui, diferente das últimas séries Star Wars / Disney, foram usadas locações em vez de só estúdio. Parece que eles agora usam um novo estúdio que projeta imagens ao fundo durante as filmagens, e isso por um lado é bem legal mas por outro lado gera cenas “apertadas”, como critiquei em Obi Wan. Aqui são locações, o que ficou bem melhor – imagina o planeta dos Kenari se fosse dentro de um estúdio?

O terceiro episódio usa bem os flashbacks. São duas linhas temporais misturadas de maneira inteligente. E ainda temos algumas soluções inventivas usadas pelos personagens. Se os dois primeiros episódios foram lentos, esse terceiro já mostrou que a série pode mostrar algo a mais.

Tá rolando um mimimi sobre o trailer vender um produto diferente do que foi anunciado. Ok, reconheço que isso é verdade, o trailer tem stormtroopers, tie fighters, aparece o Saw Gerrera, aparece a Mon Mothma, e por enquanto não vimos nada disso. Aliás, a série por enquanto nem parece Star Wars, não tem nada nesses primeiro episódios que conecte ao que a gente já conhece (a não ser o personagem título). Vai ter gente reclamando que “não é Star Wars!”

Ouvi amigos comentando que o ritmo é lento. Concordo. São três episódios de aproximadamente 40 minutos cada, ou seja, é quase um “longa metragem que deu origem à série”. Precisava? Acho que não, podiam ser apenas dois episódios na minha humilde opinião. Mas, se a gente lembrar que Rogue One tem um ritmo diferente dos outros filmes, parece mais um drama de guerra do que uma aventura espacial, Andor está coerente com a proposta.

Aguardemos os próximos. Que o desenvolvimento seja mais para Mandalorian e menos para Obi Wan.

Emily the Criminal

Crítica – Emily the Criminal

Sinopse (imdb): Sem sorte e sobrecarregada de dívidas, Emily é envolvida em um golpe de cartão de crédito que a leva para o submundo do crime de Los Angeles, levando a consequências mortais.

Quando vi o cartaz, pensei que era mais um filme de ação girl power. Mas não, Emily the Criminal é um drama focado nos problemas de uma mulher com problemas financeiras, e que toma algumas decisões erradas na vida.

Exibido no último Sundance, o filme escrito é dirigido pelo estreante John Patton Ford tem mesmo cara de filme independente. Câmera constantemente na mão, focando sempre na personagem título. E aqui a gente tem que falar do que talvez seja o maior mérito de Emily the Criminal: sua protagonista Aubrey Plaza (que também é produtora).

Não me lembro de outra atuação tão marcante de Aubrey Plaza. Mas aqui ela está ótima – o que é essencial para o formato proposto, afinal a gente precisa se preocupar com a personagem. E Aubrey traz uma Emily sofrida e guerreira, que levou porrada da vida, está devendo um crédito estudantil, e não consegue um bom emprego por causa de uma condenação criminal no passado. Quando ela resolve tomar o caminho do crime, a gente acaba entendendo que era a sua melhor chance. E todo o problema passado pela personagem ainda pode gerar um bom comentário social.

(Impossível não ficar com raiva na cena da entrevista de emprego, quando a personagem da Gina Gershon propõe seis meses de trabalho sem remuneração.)

Aproveito pra falar do elenco. O filme é todo em cima da Aubrey Plaza. Os coadjuvantes mais presentes são Theo Rossi e Megalyn Echikunwoke. Gina Gershon só aparece em uma cena.

O roteiro não é perfeito, algumas situações ficam meio forçadas, tipo quando dois caras grandes a ameaçam e ela simplesmente vai embora. Mas a atuação de Plaza sustenta mesmo essas pequenas inconsistências.

Emily the Criminal ainda não tem previsão de lançamento no Brasil, mas torço pra que chegue logo!

Floresta de Sangue

Crítica – Floresta de Sangue

Sinopse (Netflix): Um vigarista e uma equipe de filmagem entram na vida de duas jovens com profundas cicatrizes. Mas nada é o que parece ser.

Um amigo mandou uma mensagem com um link que dizia “Perturbador e brutal, filme da Netflix para quem tem coração forte prende o espectador do início ao fim”. Fui ver, era um filme do Sion Sono. Opa, furou a fila!

Mas… Preciso dizer que não gostei desse. Floresta de Sangue (Ai-naki mori de sakebe, no original) é maluco, como todos os filmes do diretor, mas diferente dos outros que vi, não é divertido (esse é o sexto filme do Sion Sono que tem crítica aqui no site). Sono usa muitos elementos fora da caixinha em seus filmes, como a tartaruga gigante de Love and Peace, ou as gangues cantando rap em Tokyo Tribe, ou mesmo o Nicolas Cage sem um testículo em Prisioners of the Ghostland, elementos malucos mas ao mesmo tempo divertidos. Floresta de Sangue também tem suas doideiras, mas tem um clima pesado e me deu uma bad trip. Principalmente quando acaba o filme e a gente vê que aquilo foi baseado numa história real!

Mas, Floresta de Sangue não é ruim. Vamulá.

Conheço o estilo do Sion Sono, sei que não devemos esperar nada convencional num de seus filmes. Aqui a gente tem colegiais japonesas lésbicas em um pacto suicida, um assassino serial misterioso, um violento charlatão que cria uma seita e ainda muita metalinguagem com uma equipe que quer filmar tudo, e isso tudo numa trama não linear, que ainda traz um momento musical e vários momentos de tortura física e psicológica, além de bastante gore. São mais de duas horas de filme, numa mistureba que vai afastar boa parte do público.

Tecnicamente falando, o filme é muito bem feito. Sono traz alguns detalhes bem legais. Gostei muito de uma cena onde ele usa o silêncio pra mostrar um delírio da Mitsuko.

O filme é um pouco longo demais, são duas horas e trinta e um minutos. E com tanta mistura de temas e estilos ao longo do filme, Floresta de Sangue se torna um filme cansativo. (Me parece que existe uma outra versão na Netflix, a mesma história como série com sete episódios, me pareceu uma versão estendida do filme. Mas não chequei este outro formato).

Sobre o elenco, acho complicado falar, porque as atuações no cinema oriental são muito intensas, tudo muito gritado, muito exagerado, comentei isso outro dia quando falei de Bala na Cabeça. Não curto o estilo, mas sei que é algo comum, então não vou criticar. No elenco, Kippei Shîna, Kyoko Hinami, Eri Kamataki e Shinnosuke Mitsushima – nenhum nome conhecido aqui no Brasil.

Como falei, Floresta de Sangue não é ruim. Mas saber que isso foi inspirado em uma história que realmente aconteceu não me fez bem. Fiquei imaginando a seita da vida real…

Não se preocupe, Querida

Crítica – Não se preocupe, Querida

Sinopse (imdb): Uma dona de casa dos anos 1950 que mora com o marido em uma comunidade experimental utópica começa a se preocupar com a possibilidade de sua empresa estar escondendo segredos perturbadores.

Um tempo atrás me falaram de um filme dirigido pela Olivia Wilde que seria numa onda meio Mulheres Perfeitas, uma sociedade perfeitinha mas com algum mistério por trás. Acabei me esquecendo desse filme, até que veio o email com o convite para a sessão de imprensa de Não se preocupe, Querida (Don’t Worry Darling, no original). Era esse o filme!

Fui ver sem saber de mais nada. Só depois que descobri que teve um monte de barracos nos bastidores Florence Pugh teria brigado com a Olivia Wilde, Harry Styles teria cuspido no Chris Pine… Mas, esse é um site de cinema e não de fofocas, vou falar do filme, quem quiser bastidores procure em outro lugar.

O complicado de falar sobre um filme destes é que existe um grande mistério por trás de tudo o que acontece. O desafio é fazer uma crítica sem spoilers. Vou me segurar!
Não se preocupe, Querida é o segundo longa dirigido por Olivia Wilde (ela dirigiu alguns curtas e alguns videoclipes). Ela consegue criar um bom clima de tensão e mistério – o que diabos está acontecendo naquele lugar? E o visual meio artificial daquela cidade criada ajuda nessa estranheza.

O elenco está muito bem. Segundo o imdb, Olivia Wilde pretendia estrelar, mas quando viu Midsommar mudou de ideia e convidou a Florence Pugh, que está ótima no papel principal (Olivia ficou com um papel secundário). Também no elenco, Chris Pine, Harry Styles e Gemma Chan – todos estão bem.

(Se a gente lembrar que a Olivia Wilde fez DC Liga dos Super Pets e o Harry Styles estava na cena pós créditos de Eternos, são 3 Marvel contra 2 DC…)

Adorei a trilha sonora, que parece que usa vozes sussurradas como instrumentos musicais. Se o filme é tenso e esquisito, fica ainda mais tenso e esquisito quando usa uma trilha tensa e esquisita. E tem uma cena que ficou engraçada, principalmente para o público brasileiro, envolvendo a música Desafinado, quando um cara dança de modo completamente sem nexo com a música.

O roteiro de Katie Silberman, Carey Van Dyke e Shane Van Dyke não é perfeito, o filme tem algumas facilitações meio forçadas, tipo o médico esquecer uma pasta com documentos confidenciais. Mesmo assim, gostei do ritmo frenético da parte final, e gostei de como terminou o filme.

O filme é um pouco longo, mas mesmo assim gostei do resultado final. Não se preocupe, Querida estreia dia 22 nos cinemas, e já quero rever!

A Queda

Crítica – A Queda

Sinopse (imdb): As melhores amigas Becky e Hunter arriscam tudo quando sobem ao topo de uma torre de rádio de dois mil pés.

Escrito e dirigido pelo pouco conhecido Scott Mann (Vingança Entre Assassinos), A Queda (Fall, no original) é um eficiente filme “pequeno”.

Ok, precisamos reconhecer que a gente já viu outros filmes com a mesma proposta – 127 Horas, Águas Rasas, Pânico na Neve, etc. E um detalhe no terço final me lembrou Vidas À Deriva.

Mas, vou repetir o que falei semana passada quando falei de Ingresso para o Paraíso. A gente tem que pensar qual é o objetivo do filme. A Queda tem duas amigas que ficam presas no alto de uma torre, o filme é basicamente isso. Acompanhamos a tensão que elas passam e todos os perrengues pra tentar sair vivas dessa situação. Elas estão em uma torre a 2 mil pés, o que dá mais de 600 metros de altura.

E olha, vou te falar. Sou burro velho de cinema, e me vi tenso, na beirada da poltrona, com medo do que podia acontecer com elas! Ou seja, o objetivo foi alcançado!

Essa torre B67 não existe na vida real, ela foi inspirada na KXTV/KOVR radio tower. Não sei como é a torre real, mas essa do filme, velha, enferrujada, realmente assusta. Foi uma ótima escolha!

No elenco, uma coisa curiosa. Tem um nome relativamente grande para chamar a atenção, Jeffrey Dean Morgan. Mas ele quase não aparece. O filme fica quase o tempo todo focado nas duas amigas interpretadas por Grace Caroline Currey e Virginia Gardner, que funcionam bem para o que o filme pede.

(Um amigo comentou que elas são muito magrinhas, mas logo na cena inicial a gente vê que são experientes em escalada, então achei que convencem mesmo sendo magras.)

Falei e repito. A Queda não é um grande filme. Mas gostei tanto que quero rever!

Pinóquio

Crítica – Pinóquio

Sinopse (imdb): Um boneco é trazido à vida por uma fada, que o atribui a levar uma vida virtuosa para se tornar um menino de verdade.

Vamos para mais um live action Disney que deu errado?

Confesso que ia deixar esse filme passar. Mas quando vi que era mais uma vez uma parceria entre Robert Zemeckis e Tom Hanks, mudei de ideia e fui logo ver, mesmo sabendo do histórico ruim quando se fala em live action da Disney – gravei um Podcrastinadores falando sobre Aladdin, Rei Leão, Dumbo e Christopher Robin, e falei mal de todos eles. Acho que o único live action que se salva é Cruella.

Já faz um tempo que não revejo o Pinóquio de 1940, então não me lembro de muitos detalhes. Mas tudo que me lembro está na nova versão, e, pelo que li, é isso mesmo, eles seguiram a mesma história do desenho anterior – assim como fizeram no “live action” de Rei Leão (as aspas são porque o novo Rei Leão não tem nada de “live”, é apenas outro estilo de animação).

E deu errado. Assim como o citado Rei Leão.

Se você contar de novo uma história que todo mundo já viu, traga novos elementos. Porque, se é a mesma coisa, pra que ver a nova versão?

Mas, calma, que ainda piora. Você pode argumentar que se passaram mais de 80 anos, aquela animação está datada, podemos refazer com novas tecnologias…

E aí está o maior problema deste Pinóquio de 2022: os efeitos especiais!

É inadmissível que hoje, em 2022, um estúdio cheio de grana e de recursos como a Disney entregue efeitos tão básicos. Parece que a gente está vendo um filme dos anos 90.

E aí a gente “troca de canal” e vê um trecho de Anéis de Poder e vê que sim, os efeitos evoluíram. É possível ter qualidade. Mas precisa trabalhar.

Alguns efeitos eram tão ruins que me tiravam da história. Parece que a produção não conseguiu se decidir entre o real e o cartunesco. Vou dar um exemplo claro: o peixe Cleo parece que saiu de Procurando Nemo, não parece um peixe real. Ok, o peixe não interage com humanos. Mas o gato Fígaro interage com o Gepeto, e às vezes parece um gato real, outras vezes parece um gato de desenho animado, e em todas as vezes parece um gato falso.

E não é só isso. Algumas coisas simples são exibidas de forma desleixada. No parque de diversões, o garoto recebe uma caneca de root beer, caneca grande, deve ter pelo menos um litro. E bebe em um único gole! Ou, outra cena logo antes dos tijolos, onde a gente vê que os atores estavam nas marcas e começam a se movimentar um segundo depois do tempo certo!

É triste a gente ler o nome de Robert Zemeckis e lembrar que, junto com Tom Hanks, ele revolucionou os efeitos especiais com Forest Gump, com seus efeitos “invisíveis”, os efeitos estavam lá justamente para não aparecer – por exemplo, um dos personagens passa boa parte do filme sem as pernas, que foram apagadas pelos efeitos especiais. E isso porque não tô falando de Roger Rabbit, De Volta Para o Futuro, A Morte lhe Cai Bem, Contato e muitos etc.

No elenco, Tom Hanks funciona, como sempre. A voz do Grilo Falante é de Joseph Gordon-Levitt, que serve como narrador do filme. Temos breves participações de Cynthia Erivo e Luke Evans, e as vozes de Lorraine Bracco, Keegan-Michael Key. O garoto Benjamin Evan Ainsworth faz a voz do Pinóquio.

Se tem algo que se salva? Bem, gostei dos easter eggs nos relógios do Gepeto, tem Toy Story, Pato Donald, Sete Anões, tem várias referências a outras animações da Disney. E gostei do parque de diversões. Não dos efeitos, do parque em si.

Mas é pouco. Prefiram o desenho velho de 80 anos.

Ingresso para o Paraíso

Crítica – Ingresso para o Paraíso

Sinopse (imdb): Um casal divorciado viaja junto para Bali para impedir que sua filha cometa o mesmo erro que eles acham que cometeram há 25 anos.

Este é mais um daqueles filmes que pedem “críticas super curtas”: “comédia romântica estrelada por Julia Roberts e George Clooney”. Porque não tem muita coisa a mais pra falar.

Mas, vamulá. Vou defender o filme!

Sempre falo que precisamos ver qual é o objetivo do filme. Quem vai ver uma comédia romântica está atrás de cenas eletrizantes, ou de reviravoltas de roteiro, ou de efeitos especiais que explodem cabeças? Ou está afim de uma história leve e divertida, atores carismáticos e belos cenários?

Dirigido por Ol Parker, Ingresso para o Paraíso (Ticket to Paradise, no original) traz esses três elementos. Afinal, ninguém pode reclamar de ver Julia Roberts e George Clooney em cenários paradisíacos de Bali. A história é previsível? Claro que é. Mas quem procura um filme assim, quer uma história previsível.

No elenco, claro que o destaque é com Julia Roberts e George Clooney, que têm uma boa química juntos (é a quinta vez que trabalham juntos). Também gostei do outro casal, a filha deles e o noivo, Kaitlyn Dever e Maxime Bouttier. Por outro lado, achei forçados os personagens da amiga da filha e do namorado da Julia Roberts. Passaram um pouco do tom.

Ingresso para o Paraíso é uma boa comédia romântica. Se você não gosta, veja outro filme; se você curte o estilo, é o seu filme.

Era uma vez um Gênio

Crítica – Era uma vez um Gênio

Sinopse (imdb): Uma estudiosa solitária, viajando para Istambul, descobre um Djinn que lhe oferece três desejos em troca de sua liberdade.

Um filme dirigido por George Miller e estrelado por Tilda Swinton e Idris Elba sempre será motivo de interesse. Mas infelizmente o resultado final não ficou tão bom.

George Miller sempre será lembrado pelos quatro Mad Max, mas a gente tem que se lembrar que ele já passeou por outros estilos – desde o drama de Óleo de Lorenzo, passando pela fantasia em Bruxas de Eastwick e terror em No Limite da Realidade, até o infantil de Babe o Porquinho e Happy Feet o Pinguim. Inspirado no conto The Djinn in the Nightingale’s Eye, de A. S. Byatt, Era uma vez um Gênio (Three Thousand Years of Longing, no original), é até difícil de classificar num estilo. Existe a comédia romântica, né? Acho que este filme pode ser uma “fantasia romântica”.

Boa parte do filme se passa dentro do quarto de um hotel. Mas, diferente de The Outfit, que falei semana passada, onde toda a trama se passa no mesmo ambiente, aqui temos várias cenas em outros ambientes. Os personagens continuam no quarto do hotel, mas o gênio conta histórias, e cada história se passa em lugares diferentes. Temos uma grande riqueza de personagens, cenários e figurinos nessas histórias contadas. Essas histórias são muito boas, definitivamente é o melhor do filme.

Achei que a história perde força no terço final. Acontece uma mudança abrupta de comportamento entre os dois, nada justificou essa mudança. E quando eles saem do hotel o filme fica besta.

E teve uma coisa que me incomodou. A gente vê dois gênios no início do filme, e em nada eles se conectam à história. Pra que incluir esses gênios se eles não serão usado depois?

No elenco, Tilda Swinton e Idris Elba mandam bem como de costume e justificam o valor do ingresso. Além deles, vários nomes desconhecidos dentro das histórias contadas pelo gênio.

Triste dizer, mas Era uma vez um Gênio ficou devendo…