Corta!

Crítica – Corta!

Sinopse (Festival do Rio): Em um prédio abandonado, um filme de zumbi de baixo orçamento está ruindo durante as gravações. O diretor abusivo já anda testando os limites do elenco e da equipe com seu comportamento desagradável, quando revela seu plano especial para injetar energia e emoção no projeto: liberar uma maldição zumbi de verdade. Em um frenético plano sequência em que pedaços de corpos e fluidos voam, os atores lutam contra os mortos-vivos e contra o diretor pela sobrevivência — antes que o filme chegue a uma conclusão chocante.

A sinopse deste Corta! (Coupez!, no original) me chamou a atenção. Mas me lembrei de um trash japonês que vi uns anos atrás, One Cut of the Dead, que trazia uma sinopse bem parecida.

E era isso mesmo. Corta! é refilmagem do japonês.

Mas o original era divertido, já faz uns anos que vi, e este novo ainda trazia o oscarizado Michel Hazanavicius (O Artista) na direção. Ok, vale checar a refilmagem.

A boa notícia é que Corta! é divertidissimo. Ok, igualzinho ao original. Não revi o filme japonês, mas tudo que me lembro também está presente aqui. Mas, quantas vezes a gente vê refilmagens e não reclama? Então bora.

O filme é claramente dividido em três partes. Tem uma primeira parte que é muito boa, tem uma segunda parte que é meio fraca e tem uma terceira parte que é a melhor coisa do filme. E como eu já falei em outras ocasiões, quando o filme termina bem, ele ganha pontos, porque a gente sai do cinema feliz.

A primeira parte é o plano sequência em si. É um trecho de pouco mais de meia hora com um plano sequência mostrando um set de filmagens de um filme de zumbis, sendo atacado por zumbis. Segundo o imdb, é um take dividido em dois, e demoraram cinco semanas ensaiando e quatro dias filmando.

A segunda parte mostra os bastidores do projeto, começando um mês antes. Ok, faz parte, pra gente conhecer um pouco mais dos personagens. Mas por outro lado é uma parte meio longa onde nada de legal acontece. Só serve pra gente entender alguns detalhes do que acontece depois, tipo o cara do som ter problemas intestinais, ou um dos atores com problemas com álcool.

A terceira parte é o backstage da filmagem do plano sequência em si. Durante a execução deste plano sequência acontecem algumas falhas meio toscas, e quando revemos a mesma cena sob outro ângulo, vemos o que aconteceu nos bastidores pra justificar essas falhas. Acompanhamos os erros técnicos na produção, e então entendemos todos as tosqueiras que aconteceram. Essa terceira parte é muito bem bolada e muito divertida.

Agora, é divertido, mas sinceramente não entendo um diretor ganhador do Oscar em um projeto desses: uma refilmagem de um trash. Não entendi a proposta do Michel Hazanavicius. Mas, ok, a gente aceita. de repente o cara só queria se divertir com um projeto leve.

O elenco traz alguns nomes conhecidos, como Romain Duris (Os Três Mosqueteiros) , Bérénice Bejo (O Artista)  e Matilda Lutz (Vingança). Todos funcionam, esse é um formato de filme que não pede grandes atuações.

Ah, tem uma cena pós créditos, uma piadinha. Não me lembro se tinha no original japonês.

The Last of Us – E01S01

Crítica – The Last of Us – E01S01

Sinopse (imdb): Joel e Ellie, uma dupla conectada pela dureza do mundo em que vivem, são forçados a suportar circunstâncias brutais e assassinos implacáveis em uma jornada pela América pós-pandemia.

Estreou no domingo passado uma série na HBO baseada no famoso videogame The Last Of Us. Como nunca joguei o game – nem sei do que se trata – nem me interessei pela série. Mas, ouvi elogios em mais de um grupo, e reparei que alguns dos youtubers que acompanho estão comentando, então resolvi ver qualé.

E preciso dizer que rolou uma certa decepção. A série não é exatamente ruim, mas… falta muito pra ser tão boa quanto estão falando por aí. Vamos por partes.

Antes de tudo, queria falar que gosto do formato de um episódio por semana. Alguns streamings liberam de uma vez toda a temporada de uma série, e os espectadores mais afoitos fazem binge watching. Acho isso ruim, prefiro ver um episódio de cada vez, dá tempo de digerir o que a gente acabou de ver.

Vamos primeiro ao que deu certo. O criador do videogame, Neil Druckmann, é roteirista aqui. Isso já coloca The Last Of Us num patamar acima de muitas adaptações ruins – lembro de uma recente adaptação de Resident Evil que conseguiu a façanha de desagradar tanto quem jogou o game quanto quem apenas gosta de um bom filme ou série. Outro acerto foi trazer Gustavo Santaolalla, que fez a trilha sonora do videogame, para fazer a trilha sonora aqui.

Uma curiosidade: o diretor Craig Mazin não dirigia nada desde 2008, quando fez a comédia nonsense Super Herói: O Filme (e antes ele tinha escrito o roteiro de duas sequências de Todo Mundo em Pânico!). Mas, boa notícia: Mazin faz um bom trabalho aqui. E hoje ele é mais conhecido por ser o criador da série Chernobyl do que pelo seu passado no besteirol.

Algumas sequências são muito bem filmadas. Gostei muito da sequência do carro, onde o ponto de vista está sempre dentro do veículo enquanto o caos acontece lá fora, inclusive com alguns planos sequência no meio (me lembrei de Filhos da Esperança, que também tem um plano sequência sensacional envolvendo um carro e o caos em volta). E não é só isso, alguns detalhes são boas sacadas como a cena onde vemos uma personagem que está virando zumbi, mas em segundo plano, fora de foco.

Dito isso, precisamos reconhecer que a gente já viu tudo isso. Estou meio saturado com o tema “apocalipse zumbi”. E o episódio traz um “plot twist” com a Ellie, mas no primeiro diálogo onde ela aparece a gente já saca qual é o segredo dela.

Tem outro problema: tudo é muito lento. O episódio tem uma hora e vinte minutos, que se arrastam…

No elenco, Pedro Pascal mais uma vez mostra que é um nome em ascensão. O seu Joel é um cara complexo, tem seus problemas, seus traumas, trabalha com coisas dentro e fora da lei, é um personagem muito bem construído. Bella Ramsey, o outro nome principal, por enquanto não é um bom personagem, ela só faz uma adolescente chata. Isso pode ser do roteiro, ou pode ser um problema com a atriz, aguardemos os próximos. Anna Torv, de Fringe, tem um papel importante, mas também ainda não mostrou a que veio.

Bem, fiz essa análise vendo apenas um episódio. Ainda faltam oito. Ou seja, admito que é cedo pra tirar conclusões. Espero que a série traga algo de novo e seja realmente isso tudo o que prometeram.

Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City

Crítica – Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City

Sinopse (imdb): Esta história de origem, ambientada em 1998, explora os segredos da misteriosa Mansão Spencer e da malfadada Raccoon City.

Antes de tudo, um aviso para os que não me conhecem. Não saco muito de videogames. Sei que Resident Evil é um famoso videogame. Mas nunca joguei. Meu interesse aqui é cinema.

Já comentei, gosto muito do primeiro Resident Evil, de 2002, mas reconheço que a qualidade foi caindo a cada novo filme que era lançado. Mas, gosto da franquia, continuava vendo, vi todos – são seis no total – e sempre lembrava que Silent Hill, outro filme de terror baseado em videogame, é um filme muito bom e que nunca teve continuações…

Este novo Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City trazia a proposta de um reboot. Esqueçam aqueles filmes e bora recomeçar do zero. Mas… Tudo deu errado.

A princípio esse filme seria mais fiel ao videogame, parece que é uma adaptação dos dois primeiros jogos. Não sei, não joguei. Não sei se um fã do videogame vai curtir. Mas posso afirmar que alguém que gosta de cinema não vai curtir.

Dirigido por Johannes Roberts, Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City é uma bagunça. Roteiro mal escrito, personagens rasos e efeitos especiais péssimos.

Normalmente não me incomodo com efeitos especiais ruins em cgi, procuro focar no conjunto e não só nos gráficos de computador. Mas, céus, alguns dos efeitos aqui são tão toscos que me tiravam da cena. Aquele cachorro zumbi parece videogame mal renderizado, e os zumbis que aparecem lá pelo meio do filme são piores que cospobre na zombie walk.

Sem spoilers, mas preciso comentar um efeito que tem na parte final. Claro que aparece um monstrão – filme baseado em videogame, vai terminar com a luta contra o monstrão, isso já era previsível. Nem vou falar que aquele monstrão NUNCA estaria naquele local, tudo explodiu, ele só chegaria lá se usasse teletransporte. Mas, ok, o monstrão está lá. Aí ele pega um personagem com as garras e joga de um lado pro outro – cara, na boa, NENHUM ser humano sobreviveria àquilo!

Mas, efeitos ruins não são a única coisa tosca. O roteiro é péssimo. Os personagens não têm nenhum objetivo, uma motivação – a não ser um deles que vai ser o X9 do grupo, esse me pareceu o único personagem que tinha algo a fazer.

E não falo só dos personagens principais. Aparecem zumbis perto da delegacia que não servem pra nada na trama e somem logo depois. E a mansão estava cheia de zumbis, por qual motivo? Aliás, nem me lembro se tinha algum motivo pra irem até a mansão.

O roteiro é tão qualquer coisa que mais ou menos com dois terços de filme reaparece uma nova personagem, Lisa Trevor, que parecia ser um bom adendo à trama – ela aparece rapidamente num flashback no início do filme, A cena onde ela aparece é boa, é uma personagem que gera curiosidade – mas logo depois esquecem da existência da personagem!!! O grupo segue sem ela. Como assim??? E, nos créditos vi que é interpretada por Marina Mazepa, a mesma que fez a criatura / entidade em Maligno.

Aproveito pra falar do elenco. Torço muito pela Kaya Scodelario desde que descobri que ela é filha de uma brasileira. Torço tanto que espero que ela não faça nenhuma continuação deste filme. Também no elenco, Hannah John-Kamen, Robbie Amell, Tom Hopper, Avan Jogia, Donal Logue e Neal McDonough, em atuações que variam entre o caricato e a canastrice.

Li alguns comentários que os fãs do jogo vão curtir alguns cenários, que estariam iguais ao game. Só que os mesmos comentam que todos os personagens foram descaracterizados na adaptação. Ou seja, parece que nem vai agradar aos fãs do jogo.

O pior de tudo é que vão querer continuar fazendo continuações. Que são cada vez piores.

Army of the Dead: Invasão em Las Vegas

Crítica – Army of the Dead: Invasão em Las Vegas

Sinopse (imdb): Após um surto de zumbis em Las Vegas, um grupo de mercenários faz a aposta final, aventurando-se na zona de quarentena para realizar o maior assalto já tentado.

Army of the Dead: Invasão em Las Vegas é apenas mais um filme meia boca de zumbis. Mas, muita gente está falando dele. São dois os motivos. Um deles é que é um filme da Netflix, que virou “a nova Globo”, tudo o que vem de lá vira hype. O outro é que é o novo filme do Zack Snyder, que movimentou a nerdaiada poucos meses atrás com sua versão do Liga da Justiça, o tal Snydervese.

Snyder fazer filmes de zumbi não é novidade. Ele começou fazendo videoclipes, mas seu primeiro longa metragem foi a refilmagem de Madrugada dos Mortos, de 2004 (olha que irônico, um cara que hoje é famoso por fazer câmera lenta foi um dos primeiros a usar zumbis rápidos…). Há anos que não revejo Madrugada dos Mortos, mas lembro que gostei na época. Agora, naquela época, um lançamento de um novo filme dele não tinha o hype que tem hoje, depois de Watchman, Homem de Aço, Batman v Superman e Liga da Justiça. Zack Snyder hoje é um nome do primeiro time, não tem mais como fazer um filme meia boca de zumbis, o público vai querer algo a mais.

Pra piorar, hoje, em 2021, é difícil se pensar em alguma novidade quando o tema é zumbi. Parece que tudo já foi feito. Tirando o primeiro Invasão Zumbi, coreano, dispenso todos os filmes de zumbi lançados nos últimos anos.

(E, olha outra ironia: a sinopse de Army of the Dead é igual à sinopse de Invasão Zumbi 2, quando pessoas entram numa área limitada, dominada por zumbis, para roubar o que ficou por lá.)

Army of the Dead até começa bem. Depois de uma breve introdução mostrando qualé a do perigo a ser enfrentado no filme, temos créditos iniciais sensacionais. Ao som de uma versão de Viva Las Vegas cantada pelo Richard Cheese, temos takes em câmera lenta (claro) mostrando os personagens e como eles agem, e mostrando também os famosos cenários de Las Vegas devastados no apocalipse zumbi. Digo mais: os créditos iniciais têm o momento mais dramático de todo o filme!

Mas aí depois é tudo clichê. A gente tem o time de pessoas com personalidades diferentes, onde a gente precisa ter uma boa quantidade de gente pra morrer um de cada vez. A gente tem os zumbis que não têm nenhuma lógica – como assim, um zumbi “dormindo” em pé com os braços levantados??? A gente tem atitudes burras dos personagens. E, claro, no fim a gente tem um gancho pra continuação.

E, pra piorar, são clichês empilhados num filme que dura duas horas e meia…

Existem elementos escondidos, que se aparecessem mais talvez tornassem Army of the Dead mais interessante. Logo nos primeiros segundos de filme dá pra ver dois OVNIs; e Snyder admitiu que tem zumbis que são robôs. Me parece que quiseram guardar isso pra uma continuação. Na minha humilde opinião, se explorassem mais esses elementos, Army of the Dead podia ser bem melhor. Sem isso, virou mais um igual a tantos por aí. Algumas cenas legais, algumas cenas ruins, o previsível pra um filme meia boca de zumbis.

O nome mais conhecido no elenco é Dave Bautista, o Drax de Guardiões da Galáxia. Não é um grande protagonista, mas serve pro que precisa. Também no elenco, Ella Purnell, Omari Hardwick, Ana de la Reguera, Theo Rossi, Matthias Schweighöfer, Nora Arnezeder, Hiroyuki Sanada, Garret Dillahunt e Raúl Castillo.

Ainda sobre o elenco, uma coisa impressionante. O piloto de helicóptero seria Chris D’Elia, ele filmou todas as cenas com o resto do elenco. Mas o nome dele apareceu em escândalos sexuais, aí tiraram-no do filme e apagaram digitalmente, e refilmaram todas as cenas com a Tig Notaro em fundo verde. Vou te falar que vi o filme sem saber disso. Ficou muito bem feito!

No geral, é isso. Apenas um filme meia boca de zumbis. Vai agradar quem curte o gênero, mas quem quiser filme bom, tem coisa melhor.

E aguardem continuações. Parece que já tem confirmada uma série animada.

Operação Zumbi 2

Crítica – Invasão Zumbi 2

Sinopse (imdb): Um vírus zumbi se espalhou nos últimos 4 anos por toda a Coreia do Sul. 4 coreanos em HK navegam através do bloqueio para Incheon por US $ 20 milhões em um caminhão.

Lançado em 2016, o primeiro Invasão Zumbi foi talvez a única obra audiovisual de qualidade nesse saturado subgênero “zumbi” na última década. Isso era o suficiente pra arriscar essa continuação.

Dirigido pelo mesmo Yeon Sang-ho que dirigiu o primeiro, Invasão Zumbi 2 (Train to Busan 2, no original) não chega a ser ruim. Mas é bem inferior ao primeiro. Este segundo “trem pro busão” é apenas mais um filme de zumbis.

Algumas coisas funcionam. Gostei da história ter seguido em frente e da ideia do “vírus zumbi” estar fechado dentro das fronteiras da Coreia do Sul – a geografia do país ajudou nesse “plot”, a Coreia do Sul é uma península que só tem fronteira com a Coreia do Norte, que é um dos países mais fechados do mundo. Assim temos um mundo que seguiu na normalidade enquanto (aparentemente) apenas um país está arruinado pelo seu “apocalipse zumbi particular”.

Mas tem umas coisas toscas demais. Aquelas perseguições de carro são péssimas, tanto pelo lado técnico (o cgi parece um videogame antigo), quanto pela história em si (se está tudo detonado em volta, como as ruas estão tão limpas?). E aquele final parece uma versão barata de Mad Max.

Vale pros fãs. Mas o primeiro é bem melhor.

Stalled

Crítica – Stalled

Sinopse (imdb): Um zelador fica preso em um banheiro feminino e se vê cercado por um ataque de uma horda de zumbis.

Na última semana do ano, fui ao simpático Cine Joia, prestigiar a sessão do Cramulhão, sessão mensal que passa filmes de terror “fora da caixinha”. O filme da vez foi este Stalled, comédia britânica de zumbis, lançada em 2013.

Desculpem a falta de modéstia, mas, um filme de 5 anos atrás que não entrou no meu radar não deveria ser grandes coisas. Heu não esperava muito de Stalled. Foi melhor assim, sem expectativas, porque o filme é não é lá grandes coisas.

Dirigido pelo desconhecido Christian James, Stalled (segundo a sessão Cramulhão, Enclausurado em português) traz algumas boas piadas, mas fica devendo no resultado final. Algumas ideias são muito boas, achei genial toda a sequência do “Jeff do TI”. Por outro lado, o papo com a Heather cansa na segunda metade do filme.

No elenco, ninguém conhecido. Mas o filme é quase um monólogo de Dan Palmer (que também escreveu o roteiro).

Divertido. Mas bobinho.

A Noite Devorou o Mundo

a noite devorou o mundoCrítica – A Noite Devorou o Mundo

Sinopse (imdb): Na manhã seguinte a uma festa, um jovem acorda e encontra Paris invadida por zumbis.

Um filme francês de zumbi, em cartaz no circuito? Taí uma coisa que não vemos todos os dias…

Dirigido pelo novato Dominique Rocher, A Noite Devorou o Mundo (La nuit a dévoré le monde, no original) é um filme de zumbi diferente do padrão. Em vez de vermos o tradicional grupo de sobreviventes lutando contra zumbis, o foco do filme é na solidão que o personagem enfrenta por ser o único ser vivo dentro de um prédio cercado por mortos vivos.

Ok, mérito do filme, é diferente. Por outro lado, o tédio do personagem às vezes passa para o lado de cá da tela. A Noite Devorou o Mundo tem uma hora e trinta e três minutos, mas às vezes parece longo. Talvez fosse melhor ser um curta…

No elenco, quase o filme todo é de Anders Danielsen Lie, que segura bem a responsabilidade. A ambientação é boa, vemos tomadas aéreas do quarteirão depois do apocalipse zumbi. A maquiagem também está ok.

Vale por ser diferente. Mas não espere muita coisa.

Resident Evil 6: O Capítulo Final

Resident Evil 6 O Capítulo FinalCrítica – Resident Evil 6: O Capítulo Final

Alice precisa retornar para o lugar onde o pesadelo começou – a Colmeia, em Racoon City, onde a Umbrella Corp está unindo forças para uma última batalha contra os sobreviventes do apocalipse

Sempre curti a série Resident Evil – como não gostar de ver uma Milla Jovovich estilosa detonando zumbis? Só que os filmes começaram a exagerar depois de um certo ponto, e admito que cansei da franquia. Conforme ia cansando, ia dando menos bola pros filmes. Lembro que no final do quinto filme quase desisti. Mas aí apareceu este sexto, com a promessa de ser o último. Ok, vamulá.

Como acontece nos outros filmes, a estrutura de Resident Evil 6: O Capítulo Final (Resident Evil: The Final Chapter, no original) se assemelha a um game: a personagem ganha uma tarefa e um prazo para cumpri-la. E assim acompanhamos a sua jornada e todas as dificuldades até o desafio final.

(Parênteses para explicar que nunca joguei o videogame Resident Evil, então não tenho ideia se este filme se baseia em um dos jogos ou apenas no universo do game.)

Assim, o que vemos é mais do mesmo. Alguns bons efeitos de cgi (revi semana passada o primeiro filme, de 2002, o cgi perdeu a validade…), algumas coisas absurdas porém divertidas, alguns momentos forçados e desnecessários. Mas, pergunto: alguém esperava algo diferente?

O roteiro e a direção ainda estão nas mãos de Paul W.S. Anderson (que escreveu todos os seis filmes e só não dirigiu o segundo e o terceiro), o que deveria manter uma coerência no roteiro (e mesmo assim eles mudaram a razão de terem espalhado o vírus no primeiro filme). No elenco, o filme é de Milla Jovovich. Ali Larter e Iain Glen voltam, mas em papéis tão secundários que tanto faz. E Shawn Roberts está tão ruim que parece mais artificial que o Tarkin digital de Rogue One. Além destes, é interessante ver que a filha da Milla Jovovich com o Paul W.S. Anderson, Ever Anderson, ganhou o papel de Red Queen.

Enfim, quem se propõe a ver um filme desses já sabe que não deve esperar muita coisa, então não deve decepcionar quem for ao cinema. Agora resta torcer para ser realmente o último – porque, mesmo se chamando “Capítulo Final”, o filme termina com um gancho para continuação…

Invasão Zumbi / Train to Busan

Invasão ZumbiCrítica – Invasão Zumbi / Train to Busan

Enquanto uma epidemia zumbi começa na Coreia do Sul, um grupo de passageiros tenta sobreviver em um trem entre Seul e Busan.

Dois amigos, críticos, vieram me falar de um filme coreano de zumbis que passou na Mostra SP que acabou de acontecer. Depois descobri que o filme também passou em Cannes este ano! Fui catar pra ver, e, realmente foi uma agradável surpresa.

Sempre fui fã de filmes de zumbi, mas confesso que de um tempo pra cá cansei do subgênero. Até resgatei um texto que escrevi em 2013, explicando por que não tenho dado mais bola para o estilo.

Invasão Zumbi (Busanhaeng no original, Train to Busan em inglês) foi escrito e dirigido por Sang-ho Yeon, que até então só tinha feito animações – ele inclusive fez, também este ano, Seoul Station, uma animação que seria um prequel da história contada aqui. Sang-ho Yeon se sai muito bem na sua estreia com atores. E agora tenho que catar esse Seoul Station

Na verdade, Invasão Zumbi não tem nada de muito diferente do que já vimos por aí. Mesmo assim é um filme extremamente eficiente. A história é bem construída, assim como a tensão crescente entre os sobreviventes – não podemos nos esquecer que os bons filmes de zumbi falam também da degradação da sociedade, do que cada um pode ser capaz quando colocado em uma situação limite. Além disso, os espaços dentro dos trens também são muito bem utilizados.

Mais: há tempos não vejo zumbis tão bem feitos! Li que a produção contratou contorcionistas para interpretar alguns zumbis, criando um efeito assustador, parece uma mistura de zumbi com possuído pelo demônio.

Os zumbis aqui são “corredores” – menos críveis mas bem mais amedrontadores que os zumbis clássicos. Eles são muitos, e se amontoam, criando um visual parecido com aquele “efeito formigueiro” que vimos em Guerra Mundial Z, mas desta vez com menos cara de cgi.

A boa notícia é que a Paris prometeu lançamento no circuito em dezembro – segundo o filme B, Invasão Zumbi estreia dia 29/12. Boa opção pra quem curte o gênero!

p.s.: Será que “Invasão Zumbi” era o melhor nome para já lançamento comercial? Bem, pelo menos foge da piada óbvia (e ruim) “trem pro busão”…

A banalização do zumbi

banalização do zumbiArtigo: A banalização do zumbi

(Publiquei este artigo em 2013, no extinto site tbbt.com.br. Lembrei dele quando estava escrevendo o texto sobre Invasão Zumbi, que vou postar amanhã. O texto foi escrito três anos atrás, mas ainda está atual!)

Em primeiro lugar, queria dizer que sou fã do George Romero e de todos os seus seis filmes de zumbi. Também sou fã do hilariante A Volta dos Mortos Vivos, do genial Dan O’Bannon. E também de A Maldição dos Mortos Vivos, filme do Wes Craven que mostra zumbis “corretos”. E também dos primeiros Resident Evil, filmes-pipoca de porrada em zumbi. Sou fã até dos dois Extermínio, que não são filmes de zumbi, mas têm infectados que lembram mortos vivos.

Disse tudo isso pra poder afirmar: não aguento mais filmes de zumbi!

Zumbi tá na moda. É Walking Dead na TV, é comédia adolescente de zumbi nos cinemas, rola até a Zombie Walk, uma parada com pessoas fantasiadas de zumbis. Mas você já parou pra pensar que um zumbi não tem muito sentido?

Gosto dos filmes de zumbi, mas admito que, conceitualmente, é um monstro fraco. Explico. Vamos lá: o cara morre, e volta à vida, lento e abobalhado, com um único propósito neste novo pós vida: comer gente viva (conheço gente assim que não morreu, mas é assunto pra outro post). Dá pra fazer uma meia dúzia de filmes, mas não dá pra aprofundar muito no conceito. Vampiros e lobisomens são mais complexos. Heu, particularmente, tenho mais medo do apocalipse boitatá…

Mas, vem cá, o que exatamente volta à funcionar? Se ele tem funções motoras, é porque o cérebro ainda funciona. E se funciona, por que os zumbis são abestalhados?

(Acho que os únicos zumbis “corretos’ são os d’A Volta dos Mortos Vivos, que pensam, falam e só comem cérebros…)

Admito que o apocalipse zumbi traz possibilidades interessantes em termos de roteiro – as boas histórias focam mais nas relações humanas entre os sobreviventes, o que pode gerar bons dramas – imagine um familiar seu se transformar num monstro irracional? Mas, que tal a gente começar a usar outras catástrofes apocalípticas?

Pra piorar, como está na moda, a gente vê um monte de gente “pelas internetes da vida” falando do apocalipse zumbi como se fosse algo tão fácil de acontecer quanto uma catástrofe climática ou um grande desastre natural. Menos, galera. Zumbis são ficção, a chance de um apocalipse zumbi é a mesma de uma invasão de vampiros ou lobisomens. Ou quem sabe, uma manada de unicórnios raivosos assassinos?

E aí a gente começa a pegar implicância com alguns conceitos básicos de zumbis. Vamos a alguns pontos:

– Um zumbi persegue os humanos vivos e os come, certo? Mas, eles engolem o que mastigam? Zumbis ainda têm movimentos peristálticos? E – dúvida técnica – zumbis fazem necessidades depois?

– Por que um zumbi come? Não deve ser fome. Ele tá morto. Mortos não sentem fome.

– Se um zumbi ataca um humano por comida, por que ele não come o colega zumbi que está ao lado? Como um zumbi vai identificar quem tá morto e quem tá vivo?

– Uma coisa nunca ficou definida: o que exatamente transforma uma pessoa em zumbi? (Tirando algumas honrosas exceções, como… olha lá o Walking Dead de novo!) Se é algo que está no ar, como vai atingir aqueles que já estão mortos? O cara tá morto, não respira mais, não interage com o meio ambiente.

– Por fim: gosto da refilmagem de Despertar dos Mortos. Mas um zumbi que corre não rola. De onde o amigo morto vivo vai tirar energia para correr? E, na boa, se um dia aparecer um zumbi que corre, já era, meu irmão. Eles são rápidos e não se cansam…