Guy Ritchie’s The Covenant

Crítica – Guy Ritchie’s The Covenant

Sinopse (imdb): Siga o Sargento do Exército dos EUA John Kinley e o intérprete afegão Ahmed em ação

Quando surgiu este novo filme do Guy Ritchie, heu tive a impressão de que ele estava fazendo mais de um filme por ano, porque 4 meses atrás, em janeiro, foi lançado Esquema de Risco – Operação Fortune. Fui checar no imdb, na verdade ele tem trabalhado muito, mas não é mais de um filme por ano. De 2019 pra cá, em 5 anos, ele dirigiu 5 filmes: Aladdin, Magnatas do Crime, Infiltrado, Esquema de Risco e agora este The Covenant.

(Na verdade, a pandemia atrasou o lançamento de Magnatas do Crime, que acabou saindo perto de O Infiltrado, ambos no meio da pandemia. Por isso me confundi.)

Guy Ritchie tem um estilo onde repete algumas características em vários dos seus filmes, como personagens marginais, edição com cortes rápidos e frequentemente usar pitadas de humor (apesar de Infiltrado não ter nada de humor). Mas, desta vez, em The Covenant, o filme não tem “cara de Guy Ritchie”. É um filme de guerra, que se não tivesse o nome dele nos créditos, heu não iria identificar o traço do diretor apenas assistindo ao filme.

Antes de entrar no filme, preciso falar que não curto muito a postura dos personagens em filmes com esse tema. Heu não concordo de jeito nenhum com o Talibã, mas heu também não concordo com um país que se auto intitula a “polícia do mundo” e invade outros países para supostamente colocar ordem. Então, pra mim, é complicado me identificar com um protagonista que está invadindo outro país se achando o dono a verdade, principalmente porque a gente sabe que muitas vezes existem outros objetivos por trás dessa fachada. Mas, como já comentei em outras ocasiões, este site fala de cinema e não de política, então vamos analisar o filme em si.

Segundo filme, depois do atentado de 11/09, em 2001, americanos invadiram o Afeganistão para tentar combater o Talibã. Para isso eles precisavam de intérpretes. Então eles contratavam pessoas locais com a promessa de dar vistos de imigração para que eles pudessem se mudar para os EUA depois. E esse intérprete fica numa situação bem delicada, porque, por um lado, os americanos não sabem se podem confiar nele; por outro lado, o Talibã o considera um traidor, e pode atacá-lo ou atacar sua família.

Heu não vou entrar em detalhes sobre o que acontece ao longo do filme por motivos de spoiler, mas heu diria que o principal foco é a relação entre os dois personagens principais: o oficial americano e o seu intérprete afegão. O personagem que seria o coadjuvante, o intérprete Ahmed, é um personagem excelente, e eles travam alguns diálogos ótimos, como por exemplo quando Ahmed dá uma opinião, e o americano diz “você não está aqui para dar opiniões, e sim para traduzir”, e o outro responde “na verdade estou aqui para interpretar”.

Aproveito pra falar do elenco. Jake Gyllenhaal está bem como sempre, mas, melhor do que ele, é Dar Salim e seu Ahmed. Salim fez um papel em Game of Thrones, mas nem me lembro dele na série. É um dos trunfos de The Covenant.

Ainda queria comentar outros 3 nomes do elenco. Johnny Lee Miller era um cara que, nos anos 90, heu achava que seria um grande nome, depois de filmes como Hackers e Trainspotting. Mas heu errei, hoje ele é tão segundo escalão que só reconheci porque li o nome nos créditos, heu não reconheceria só pelo filme. Outro é Alexander Ludwig, um dos principais da série Vikings. Por fim, na segunda metade do filme aparece o Antony Starr, também conhecido como Homelander ou Capitão Pátria de The Boys. Aqui ele está de barba, mas continua com o mesmo olhar e voz do seu personagem mais famoso.

The Covenant não tem cara de Guy Ritchie, mas a gente precisa reconhecer que tecnicamente é um filme muito bom. O filme é claramente dividido em duas partes, fecha a primeira história e depois começa uma nova, e em ambas histórias temos alguns momentos muito tensos. É bom ter um diretor experiente que sabe manipular a tensão apresentada ao espectador.

Se você for perguntar a minha opinião pessoal, heu ainda prefiro ver Guy Ritchie fazendo filme “com cara de Guy Ritchie”. Mas mesmo assim The Covenant é bem melhor que seu último filme “com cara de Guy Ritchie”, Esquema de Risco. Mais um bom filme de guerra a ser lançado. Pena que não tenho notícias de quando deve chegar ao circuito ou a os streamings.

Mundo Estranho

Crítica – Mundo Estranho

Sinopse (imdb): Os lendários Clades são uma família de exploradores cujas diferenças ameaçaram derrubar sua última e mais crucial missão.

O longa de animação, Mundo Estranho (Strange World, no original) é o novo lançamento da Disney nos cinemas. Sim, nos cinemas – depois de lançar alguns títulos direto no streaming, este vai para o circuito e só chega no Disney+ no fim de dezembro. Quais os critérios pra decidir? Pinóquio foi ruim, ok, mas tinha Tom Hanks e Robert Zemeckis, será que não merecia a tela grande? Sei lá…

Mundo Estranho se vende como uma aventura em um local com visuais fantásticos. Realmente, esse “mundo estranho” tem um visual bem legal, com montanhas com patas, rios de peixes voadores, e seres com tentáculo saindo da boca. O visual realmente impressiona. Mas… É basicamente isso, o filme podia explorar muito mais essas paisagens e seres fantásticos, mas parece que tudo o que tem no filme a gente já tinha visto no trailer.

Não gostei dos personagens. É um excesso de “daddy issues”, o cara tem problemas com o pai e também tem problemas com o filho, e o filme foca demais nesses problemas. É tanto “daddy issues” que a mãe foi jogada pra escanteio, inventaram que ela é piloto pra ela ter alguma função na trama. E acaba que como ninguém se importa com os protagonistas, o único personagem que conquista alguma simpatia do público é o Splat, bichinho que claramente foi criado com a intenção de vender bonequinho, adaptado à geração slime.

É animação de Disney, mas não é musical. Tem uma única música, dentro de um contexto. Ah, e não tem cena pós créditos.

A parte final traz um plot twist que achei bem legal. Não vou entrar em detalhes, claro. Mas digo que me lembrei de dois filmes que trazem semelhanças no conceito, um de 1966, outro de 1987.

Está rolando uma polêmica na Internet porque o protagonista é gay. Acho isso uma grande bobagem, qual é o problema do garoto ser gay? Sério que em 2022 isso ainda incomoda alguém? Agora, dito isso, o filme podia ter feito uma piada com o avô. Um cara mais velho, de outra geração, até podia achar estranho, mas o filme não usou essa piada.

No fim, fica a sensação de que poderia ter sido melhor. E a dúvida de quando vão lançar o boneco do Splat nas lojas.

Ambulância – Um Dia de Crime

Crítica – Ambulância – Um Dia de Crime

Sinopse (imdb): Dois assaltantes roubam uma ambulância depois do assalto deles ter corrido mal.

Filme novo do Michael Bay, a gente já sabe mais ou menos o que vai encontrar. Bay é um cara intenso. Muito close, muita câmera lenta, muita cena ao pôr do sol, muita música dramática. E ao mesmo tempo, muita correria e muita explosão.

Agora, goste ou não, a gente tem que reconhecer que o cara sabe filmar. São muitas cenas bem filmadas. Teve um detalhe de uma câmera aérea – provavelmente um drone – que sobe, desce, corre entre as pessoas, corre entre os carros, gostei bastante desses takes.

Sobre as cenas de perseguição – são muitas! – parte funciona, parte não funciona. Algumas são muito boas – teve uma em particular onde a câmera está vindo em velocidade perto do chão, um carro pula por cima dela e depois ela voa por cima de outro carro – se heu estivesse vendo em casa, certamente iria voltar pra rever. Mas às vezes as cenas parecem confusas e com falhas de continuidade.

Agora, o roteiro… Ah, o roteiro… Não só é cheio de coisas forçadas, como tem pelo menos três pontos que me deram raiva. Um deles vou falar agora, porque é uma das primeiras cenas do filme e uma das coisas que faz o filme acontecer: Will está precisando de dinheiro para uma cirurgia da sua esposa, então ele vai até Danny para pedir emprestado. Chegando lá, ele Danny está saindo para um grande e sofisticado assalto a banco, e precisa da participação de Will, porque está faltando uma pessoa no seu time. Ora, nunca assaltei um banco, mas já vi diversos filmes com o assunto, e os planos sempre são planejados cuidadosamente. Como assim o cara que chegou agora “entra aí que está faltando uma pessoa”?!?!? (Os outros dois pontos falo depois de um aviso de spoilers).

Além do roteiro forçado, o filme é longo demais. São duas horas e dezesseis minutos onde mais da metade é essa longa perseguição. O filme seria melhor se fosse mais enxuto, talvez devessem cortar uns quarenta minutos de perseguições.

Mesmo assim, achei o filme divertidíssimo. Alguns diálogos são bem divertidos, como toda a relação entre o chefe de polícia e sua assistente Dzaghig. E ainda temos citações a outros filmes do próprio Michael Bay, A Rocha e Bad Boys, além de uma referência a Coração Valente.

E teve uma cena em particular que achei o momento mais engraçado do ano no cinema até agora. É uma cena que envolve a música Sailing, do Christopher Cross. Não, a música não é engraçada. Mas a música foi usada de uma maneira tão imprevisível, tão esdrúxula, que a cena ficou tão engraçada quanto a piada do Michael Jordan no novo Space Jam.

Sobre o elenco, achei o trio principal ok. Não são personagens muito complexos, mas Jake Gyllenhaal, Yahya Abdul Mateen II e Eiza Gonzalez funcionam para o que o filme pede. E gostei da relação entre os irmãos. Também no elenco, Garret Dillahunt, Keir O’Donnell, Jackson White e Olivia Stambouliah.

Vamos aos problemas do roteiro?

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Duas cenas me incomodaram muito. Entendo que boa parte do cinema é feita de decisões burras de personagens, mas duas das cenas daqui foram além da burrice normal.
– Está rolando a perseguição. Dezenas de carros de polícia atrás da ambulância. Mas precisam realizar uma cirurgia, então a ambulância reduz a velocidade pra 30 km/h. Ué, por que os carros de polícia também reduziram? Por que não aproveitaram pra abordar?
– Will dá uma ideia que é até boa, eles pedem para parceiros roubarem outras ambulâncias, e vão para debaixo de um viaduto, para saírem várias ambulâncias iguais e distraírem os policiais. Ok, boa ideia. Mas… Eles resolvem pintar a ambulância onde eles estão, para disfarçá-la. Caramba! Por que não trocar de carro??? Pra que pintar uma ambulância e continuar nela???
Este segundo ponto é necessário para a conclusão do filme, teriam que mudar o final. Mas o primeiro era só cortar esse sub-plot da cirurgia. Fácil fácil.

FIM DOS SPOILERS!

Mesmo com esses problemas, me diverti muito na sala de cinema. E, pra mim, “cinema é a maior diversão”. Entendo quem não gostar, mas, quem entrar no clima vai ter um bom entretenimento por duas horas.

O Culpado

Crítica – O Culpado

Sinopse (imdb): Um policial rebaixado designado para o escritório de chamadas fica em conflito quando recebe uma ligação telefônica de emergência de uma mulher sequestrada.

Filme novo da Netflix, O Culpado (The Guilty, no original) é uma daquelas produções diminutas, baseadas em um ator e um ou dois cenários – tipo Oxigênio, outro filme Netflix que falei aqui outro dia.

Filmes assim precisam se apoiar em algumas coisas, como um bom roteiro (precisa manter o espectador interessado mostrando o mesmo personagem e o mesmo cenário); uma direção criativa (mais uma vez, pra não cansar o espectador) e um bom ator protagonista.

O Culpado é refilmagem do dinamarquês Culpa, de 2018, que chegou a ser pré selecionado ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 2019 (existe uma lista maior antes de divulgarem os cinco candidatos ao prêmio). Não vi o original, não sei o quanto a história se parece. O roteiro desta refilmagem é eficiente ao segurar a atenção do espectador por quase uma hora e meia, guardando alguns segredos sobre o protagonista e um plot twist meio previsível no terço final.

A direção é de Antoine Fuqua, que já fez bons filme em grandes produções, como Dia de Treinamento, O Protetor e Sete Homens e um Destino – mas também nos trouxe o fraco Infinite, lançado este ano. Com poucas opções de cenários, Fuqua procura ângulos diferentes e incomuns pro espectador se aproximar do protagonista e não se cansar.

O grande trunfo de O Culpado é Jake Gyllenhal, que também aparece como produtor. Ele está muito bem, seu personagem tem um dilema moral que só é revelado no fim do filme, e ele fica obcecado tentando resolver o problema do sequestro que guia o filme inteiro.

Alguns coadjuvantes aparecem aqui e ali, mas o filme é quase todo com Jake Gyllenhal aparece em tela, falando ao telefone. E ter um grande diretor e um grande ator ajuda no elenco de apoio. Ethan Hawke, Riley Keough, Peter Sarsgaard e Paul Dano fazem algumas das vozes ao telefone com Gyllenhal.

Não gostei muito do fim do filme, o plot twist já era esperado, e achei que depois de tudo revelado, o filme ainda se estica alguns minutos desnecessariamente. Mesmo assim, achei um resultado positivo.

Homem-Aranha: Longe de Casa

Crítica – Homem-Aranha: Longe de Casa

Sinopse (imdb): Após os eventos de Vingadores: Ultimato (2019), o Homem-Aranha deve se impor para enfrentar novas ameaças em um mundo que mudou para sempre.

Em primeiro lugar, é preciso falar que este não é apenas “o novo filme do Homem Aranha”. Este é “o filme depois de Vingadores Ultimato“. Se no início do MCU os filmes eram independentes, e você conseguia assistir a filmes “avulsos”, isso não acontece aqui. Quem chegou agora vai ficar perdido…

Dito isso, Homem-Aranha: Longe de Casa (Spider-Man: Far from Home, no original) é um bom epílogo para esta fase do MCU. Não é um filme épico como o anterior (claro), mas é um filme leve e divertido (assim como o primeiro Homem Aranha), e que explica algumas coisas sobre o mundo “depois do blip” (como foi chamado o período onde metade da população desapareceu).

Mais uma vez dirigido por Jon Watts (o mesmo do primeiro Aranha), Homem-Aranha: Longe de Casa segue a vida do jovem que ainda não sabe como ser um super herói. Os fãs das HQs estão reclamando “porque este não é o meu Peter Parker”, mas achei coerente com tudo o que já foi mostrado no MCU.

No elenco principal, a única novidade é Jake Gyllenhaal, com um personagem que a princípio lembra o Doutor Estranho (isso é até falado no filme), mas que se revela bem diferente, e que é responsável por uma das melhores sequências do filme. Temos de volta Tom Holland, Marisa Tomei, Jon Favreau, Zendaya, Jacob Batalon, Tony Revolori, Samuel L. Jackson e Cobie Smulders. Tem algumas outras participações especiais, mas seria spoiler dizer quem são.

No fim, duas cenas pós créditos, como de praxe. Uma delas vai explodir a cabeça de muita gente, seja pelo que é falado, seja pelo ator escolhido!

Vida

VidaCrítica – Vida

A bordo de uma Estação Espacial Internacional em órbita da Terra, uma equipe de cientistas descobre uma forma de vida, proveniente de Marte, que tem uma rápida evolução, e que agora ameaça toda a tripulação.

Ué? Refilmagem de Alien?

Vida (Life, no original) inevitavelmente vai ser comparado com o clássico dirigido por Ridley Scott em 79. As sinopses são muito parecidas – alguns astronautas presos numa nave, fugindo de um misterioso e mortal alienígena. Mas, mesmo assim, o resultado é muito bom.

O filme dirigido por Daniel Espinosa (que, apesar do nome, nasceu na Suécia) usa um argumento semelhante, mas cumpriu a proposta de criar um clima tenso e claustrofóbico. Resumindo: se você procura uma história inédita, veja outro filme; mas se você quiser ficar grudado na poltrona do cinema, este é o seu filme!

Tecnicamente, o filme é impressionante. Quase todo o filme se passa em gravidade zero, e isso é mostrado naturalmente. Os atores flutuam o tempo todo, o roteiro (escrito por Rhett Reese e Paul Wernick, os mesmos de Deadpool) não inventou subterfúgios pra fugir desta dificuldade técnica. Vou além: a cena inicial é um grande plano sequência passeando pelos apertados corredores da estação espacial, passando por vários personagens, atarefados com um evento que acontecerá em breve. Tudo sem gravidade! Lembrei de Gravidade e seus planos sequência impressionantes.

O elenco está ok. Ryan Reynolds está engraçadinho como sempre, mas se segura pra não virar um novo Deadpool; Jake Gyllenhaal não tem uma atuação digna de prêmios, mas funciona bem para o que o filme pede. Além dos dois mais famosos, o diminuto elenco conta com Rebecca Ferguson (Missão Impossível), Hiroyuki Sanada, Olga Dihovichnaya e Ariyon Bakare.

Disse lá em cima, e repito: mesmo com uma história sem muitas novidades, Vida é uma boa opção!

O Abutre

0-OAbutreCrítica – O Abutre

Um homem descobre que pode ganhar dinheiro filmando matérias sensacionalistas, e resolve montar uma equipe para vender material para um telejornal.

Estreia na direção do roteirista Dan Gilroy, O Abutre (Nightcrawler, no original) conta uma história sórdida sobre um anti-herói que ignora a moral e a ética, e faz tudo para vender seus vídeos. Todo mundo sabe o quanto atraente e ao mesmo tempo repugnante uma matéria sensacionalista pode ser. O Abutre é um excelente retrato disso.

Mas o nome do filme é Jake Gyllenhaal. Mais magro que o habitual (idéia do ator, que achou que o personagem seria mais sinistro se fosse cadavérico), Gyllehaal entrega uma das melhores interpretações de sua carreira, com um cara ao mesmo tempo carismático e repugnante. Também no elenco, Rene Russo, Bill Paxton e Riz Ahmed.

Ainda podemos citar a bem cuidada fotografia, que consegue excelentes takes noturnos, neste triste retrato do lado “feio” do jornalismo…

O Homem Duplicado

OHomemDuplicadoCrítica – O Homem Duplicado

Quem gosta de filme cabeça?

Adam é um professor universitário que leva uma vida monótona. Até que vê um sósia seu em um filme, e resolve procurá-lo.

Antes de tudo, é bom avisar: O Homem Duplicado (Enemy, no original) é um filme cabeça. O diretor Denis Villeneuve (Incêndios, Os Suspeitos) resolveu achar que era um novo David Lynch e fez um filme cheio de simbolismos não explicados. Só pra dar um exemplo, existem várias aranhas no filme. Aranhas de tamanho normal e aranhas gigantescas – tem uma no poster dessas, pode olhar lá. Só que o elenco assinou um contrato de confidencialidade os proibindo de explicar qualquer coisa sobre as aranhas. Ou seja, rola uma teoria por aí que explica que seria uma metáfora feminina (acho que alguém pensou em Rock das Aranhas, do Raul Seixas) – mas esta teoria não pode ser confirmada…

Em um terreno tão arriscado, claro que tem gente que vai adorar enquanto outros vão odiar. O filme passa a ser algo subjetivo, depende de como está a cabeça do espectador durante a projeção.

Voltando ao Lynch, gostei muito de Cidade dos Sonhos (Mulholland Dr.) quando vi no cinema, mesmo sabendo que o filme não faz o menor sentido. Naquela ocasião, embarquei na “viagem”. Bem, desta vez não embarquei.

O Homem Duplicado é baseado no livro homônimo de José Saramago. Não li o livro, não sei se explica as viagens do filme. Mas, mesmo que explique, sou contra filmes que precisam de “manual de instruções”. O filme tem que ser bom por conta própria, independente de deixar questões em aberto, e isso não acontece aqui.

Além de confuso, o filme é lento demais – os noventa minutos de O Homem Duplicado parecem mais longos que os cento e cinquenta e três de Os Suspeitos. E, pra piorar, a fotografia usa cores desbotadas – é tudo amarelado, o visual do filme não é agradável.

Isso, somado ao fato de termos um filme hermético, vai afastar boa parte do público “não cabeça”. Existem várias discussões na internet sobre o sentido do filme, inclusive gente que diz que leu o livro de Saramago e que não entendeu o filme.

Mas, pra mim, o que derrubou o filme não foram as partes não explicadas. Uma das coisas mais básicas da trama não me convenceu: Adam pira porque viu, em um filme, um cara parecido com ele. Gente, onde e em que época esse sujeito vive? Já vi um monte de gente parecida comigo e nunca surtei por causa disso.

Esta é a motivação que leva Adam a confrontar o seu “duplo” – que seria uma outra faceta de sua própria personalidade. Ou seja, se a premissa básica já começa forçada, as aranhas se tornam um problema secundário…

Pena, porque Jake Gyllenhal mostra um trabalho consistente. Ainda no elenco, Melanie Laurent, Sarah Gadon e uma ponta de Isabella Rosselini.

Última recomendação: se no seu cinema faltar luz quando faltarem apenas alguns segundos para acabar, aproveite a sua sorte. O último take do filme é completamente desnecessário e sem sentido.

Os Suspeitos (2013)

Crítica – Os Suspeitos

Tardiamente, vi o elogiado Os Suspeitos.

Duas meninas são sequestradas. Como a polícia se mostra ineficiente, Keller Dover, um dos pais, decide que ele não tem escolha a não ser tomar o assunto em suas próprias mãos. Mas até onde esse pai desesperado vai para proteger a sua família?

O diretor canadense Denis Villeneuve chamou a atenção do resto do mundo com Incêndios, seu filme anterior – outro que ainda preciso ver. Aqui, em sua estreia hollywoodiana, Villeneuve consegue um bom equilíbrio entre o drama e o suspense, com altas doses de religiosidade através do protagonista Keller Dover.

Um dos pontos fortes de Os Suseitos (Prisioners, no original) é o elenco. Hugh Jackman prova (mais uma vez) que é um dos maiores astros da Hollywood contemporânea. O seu Keller, impulsivo e violento, parece uma versão real do Wolverine, seu personagem mais famoso – não sei por que não foi indicado ao Oscar este ano. Paul Dano e Melissa Leo também estão excelentes como uma família nada convencional, filho adulto com QI baixo e sua mãe (ou tia?). Na minha humilde opinião, o ponto fraco está com o Jake Gyllenhaal – algumas atitudes do seu personagem fogem do tom do filme (como o incidente no interrogatório ou a demora em reconhecer o labirinto na foto) – mas nada muito grave. Ainda no elenco, Maria Bello, Viola Davis e Terrence Howard

Os Suspeitos tem pouco mais de duas horas e meia. O ritmo é bom, não chega a ser cansativo – mas talvez pudesse ser um pouco mais curto.

Por fim, preciso falar do nome dado pelos distribuidores brasileiros. Qual o problema com “Prisioneiros”? Por que usar o mesmo nome de um filme de sucesso de público e crítica, aquele Os Suspeitos que ganhou Oscar de melhor roteiro e melhor ator coadjuvante em 1996?

Contra O Tempo

Crítica – Contra O Tempo

Uêba! Um filme a partir de uma ideia nova, no meio do mar de refilmagens, releituras e ideias requentadas que assola os cinemas atualmente!

Colter Stevens, um piloto de helicóptero do exército, de repente acorda dentro do corpo de outra pessoa, num trem em movimento. Aos poucos, ele descobre que faz parte de um plano para tentar impedir um grande ataque terrorrista.

É complicado falar de Contra o Tempo (Source Code, no original), porque esse é daquele tipo de filme que o quanto menos você souber, melhor. Mas posso adiantar que a trama fala sobre viagem no tempo e universos paralelos, e o roteiro é bem amarrado.

É o filme novo do diretor Duncan Jones, o mesmo da ficção científica Lunar, outro bom filme, que também é difícil de falar sobre sem entregar spoilers. Definitivamente, Duncan Jones entrou na listinha de “diretores a serem acompanhados”.

Contra o Tempo tem um problema: a segunda metade não é tão boa como a primeira. E o fim é um pouco confuso. Felizmente isso não o impede de ser um bom filme.

No elenco, um inspirado Jake Gyllenhaal convence como o atordoado Colter Stevens. Assim como o público, ele não sabe o que está acontecendo, e só descobre ao longo da narrativa. Também no elenco, Michelle Monaghan (Um Parto de Viagem), Vera Farmiga (A Órfã) e Jeffrey Wright (Cadillac Records).

Gostei muito dos efeitos especiais. Uma cena, em particular, achei belíssima: a “cena do beijo”, no fim, quando a imagem congela e a câmera passeia pelo vagão, num estilo meio “bullet time” de Matrix, mas com a câmera em movimento. Só esta cena já valeria o ingresso, mesmo se o filme fosse meia bomba (o que, felizmente, não é).

O imdb não menciona a data de lançamento aqui no Brasil, mas já existe o poster, então o lançamento deve estar próximo.

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