Ligação Sombria

Ligação Sombria

Sinopse (imdb): Um motorista se encontra em um jogo de gato e rato de alto risco depois de ser forçado a dirigir para um homem misterioso conhecido como O Passageiro.

Dirigido por Yuval Adler, Ligação Sombria (Sympathy for the Devil, no original) usa aquele formato de poucos personagens, poucos cenários e muitos diálogos, onde aos poucos vamos montando o quebra cabeças com as peças que o roteiro nos dá. Quase o filme inteiro tem apenas dois personagens, quase o filme inteiro se passa em dois cenários (dentro do carro ou no restaurante). Um homem está indo ao hospital porque sua mulher vai dar à luz, mas outro homem armado entra no carro e o obriga a irem para outro lugar. Inicialmente vemos um sequestrador e um sequestrado, e ao longo do filme precisamos descobrir o que cada um esconde.

Ligação Sombria tem uma coisa muito boa e outra que me desagradou bastante. Vamos ao ponto positivo: Nicolas Cage. De um tempo pra cá, Cage virou um adepto do “over acting”. O cara quase sempre exagera nas suas atuações. E quando o filme sabe usar isso a seu favor, o resultado é muito bom. E isso acontece aqui. Cage está exageradíssimo, em algumas cenas ele parece completamente alucinado. Se existe um bom motivo para se assistir a Ligação Sombria, este motivo é Nicolas Cage.

Agora, conforme vamos descobrindo o que é cada personagem, o filme vai enfraquecendo, porque são personagens que tomam atitudes incompatíveis. Vou fazer um comentário, mas antes, aviso de spoilers.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

No fim do filme descobrimos que o sequestrado matou a mulher e a filha do sequestrador, então isso seria uma jornada de vingança. Mas, se a vingança é contra o sequestrado, por que matar o policial e deixar o sequestrado vivo? Pior ainda: por que fazer aquela “queima de arquivo” no restaurante e matar o cozinheiro – e deixar o sequestrado vivo???

FIM DOS SPOILERS!

Enfim, só vale pra quem curte o Nicolas Cage alucinado.

Longlegs: Vínculo Mortal

Crítica – Longlegs: Vínculo Mortal

Sinopse (imdb): Uma agente do FBI é designada para um caso envolvendo um assassino em série impiedoso. Conforme desvenda pistas, ela se vê confrontada com uma conexão pessoal inesperada com o assassino, lançando-a em uma corrida contra o tempo.

Longlegs é o novo projeto da produtora Neon, que tem alguns grandes títulos no catálogo, como Parasita e Anatomia de uma Queda, mas que também tem vários títulos bem alternativos, como Pig, Titane, Infinity Pool e Triângulo da Tristeza. Longlegs se encaixa mais nesse segundo grupo, um filme esquisitão, que vai dividir a opinião de boa parte do público.

A direção e o roteiro são de Oz Perkins, filho de Anthony Perkins, aquele mesmo, de Psicose. Lembro de Maria e João, do mesmo diretor, filme com um visual ótimo, mas com um resultado final bem chato. Oz Perkins mandou melhor em Longlegs.

Longlegs parece uma mistura de Silêncio dos Inocentes com Zodíaco, mas em versão terror. Um filme lento e tenso, onde acompanhamos uma agente do FBI envolvida em uma série de crimes que aconteceram nas últimas décadas, crimes misteriosos onde o suspeito nunca estava presente, mas sempre deixava no local uma carta em código.

Longlegs é assumidamente esquisitão. É daquele tipo de filme que não explica muita coisa, e que guarda elementos pra serem expostos nos momentos certos. Heu me senti envolvido pelo mistério de um suposto assassino que nunca aparece até o local do crime – e não falo mais por causa de spoilers.

Um parágrafo à parte pra falar da atuação do Nicolas Cage. Achei estranho quando vi o trailer e reparei que Cage não aparece – como assim você tem um nome importante no seu elenco e escolhe não mostrá-lo no trailer? Mas foi um acerto. Cage aparece pouco, mas é uma atuação muito intensa. Me lembrei de Mandy – Cage é exagerado, ele é conhecido pelo over acting, e Mandy soube usar isso, criando um personagem propositalmente acima do tom. Longlegs faz algo semelhante, Cage aqui está muito exagerado, e isso combina perfeitamente com a proposta do personagem.

Maika Monroe, protagonista, também está bem, mas quem se destaca é Cage, mesmo com muito menos tempo de tela. Ainda no elenco, Alicia Witt, aquela mesma de Duna (84) e Lenda Urbana (98).

Como comentei no início, Longlegs não é pra qualquer público, quem prefere o “terror parque de diversões” à la James Wan vai reclamar. Mas é uma boa opção pra quem curte um filme fora da curva.

Arcadian / Depois do Apocalipse

Crítica – Arcadian / Depois do Apocalipse

Sinopse (imdb): Um pai e seus filhos gêmeos adolescentes lutam para sobreviver em uma casa de fazenda remota no fim do mundo.

Filme pós apocalíptico, de monstro, e estrelado pelo Nicolas Cage. Claro que entra no meu radar!

Parece uma versão de Um Lugar Silencioso, mas com monstros sensíveis à luz em vez do som. Não tenho nada contra ideias recicladas, mas o filme precisa ser bom, e Arcadian tem algumas ideias boas, outras nem tanto.

Dirigido pelo pouco conhecido Benjamin Brewer, Arcadian explica pouca coisa. O filme começa com o Nicolas Cage fugindo, e ouvimos ao fundo gritos e sons de tiros, mas não vemos nada. Passam-se alguns anos e agora nosso protagonista vive num lugar isolado, acompanhado pelos seus dois filhos. E sabemos que, quando a noite cai, algo espreita a casa, mas não sabemos o que.

A primeira cena onde vemos algo do monstro é sensacional, quando vemos a “mão” da criatura tentando entrar por um buraco na porta. Mesmo assim, continuamos sem saber como é o tal monstro! Gosto desse conceito, de se manter o mistério sobre o que é a criatura, defendo isso desde o primeiro Alien, de 1979. É muito mais assustador quando não sabemos o que está atacando!

Quando o monstro finalmente aparece, tem uma coisa que gostei, outra nem tanto. Gostei da velocidade das mandíbulas quando eles atacam, aquilo ficou realmente assustador. Por outro lado, não entendi o lance deles se juntarem e virarem uma grande roda. É o mesmo tipo de criatura ou tem outra espécie capaz de fazer aquilo?

Os efeitos especiais são apenas ok. Muitas cenas escuras, provavelmente pra esconder falhas no cgi. E em algumas cenas, o cgi dos monstros fica muito aparente. Além disso, a câmera é tremida o tempo todo. Às vezes dá nervoso.

Agora, Arcadian tem um problema na segunda metade. Acontece uma coisa com o personagem do Nicolas Cage e ele passa a ser um coadjuvante. Coincidência ou não, o ritmo do filme cai bastante depois que muda o protagonismo.

No elenco Jaeden Martell e Maxwell Jenkins fazem os filhos do Nicolas Cage, os atores não são ruins, mas os personagens são fuen. Sadie Soverall faz o único outro papel relevante.

Arcadian não é ruim, mas é uma ideia reciclada que fica alguns degraus abaixo da ideia original. Vamos ver se vai ter continuação pra gente saber um pouco mais sobre esses monstros.

Plano de Aposentadoria

Crítica – Plano de Aposentadoria

Sinopse (imdb): Quando Ashley e sua filha Sarah se envolvem em um empreendimento criminoso que coloca suas vidas em risco, ela recorre ao pai afastado Matt, atualmente vivendo a vida de um vagabundo de praia aposentado nas Ilhas Cayman.

Não costumo ver trailers, mas me enviaram o trailer deste Plano de Aposentadoria (The Retirement Plan, no original) acabei vendo e curti a ideia. Parecia ser um “novo John Wick”, com o Nicolas Cage no papel principal. Ok, vamos ver qualé.

A comparação é válida, afinal são dois super mega assassinos, aposentados, que são forçados a voltarem à ação. O problema é que John Wick pode até ter uma premissa clichê, mas a execução é bem longe disso. Já Plano de Aposentadoria tem uma execução burocrática, o que nos entrega um filme bem genérico. Escrito e dirigido por Tim Brown, Plano de Aposentadoria é extremamente óbvio. A gente consegue prever tudo o que vai acontecer.

Se tem algo aproveitável é o elenco. Porque, se a trama é previsível e cheia de clichês, pelo menos vemos na tela atores como Nicolas Cage, Ron Perlman, Jackie Earle Haley e Ernie Hudson – inclusive este último é aquele clichê do “amigo do mocinho que entra na trama só pra se ferrar”.

Falei desses quatro atores, mas o melhor personagem é sem dúvida o do Ron Perlman, assassino brutamontes e ao mesmo tempo carinhoso. Se uma coisa vale a pena em Plano de Aposentadoria, é o personagem do Ron Perlman!

As cenas de ação são ok. Não tem nenhuma coreografia de luta que chama a atenção. Mas, pelo menos, mostra sangue quando precisa mostrar.

Por fim, uma coisa curiosa: os diálogos repetem insistentemente que estão procurando um HD, mas o filme só mostra um pen drive. Se a gente vê um pen drive, por que não mudaram o texto dos diálogos?

Pode divertir os menos exigentes. Mas é daquele tipo de filme que a gente esquece na semana seguinte.

O Homem dos Sonhos

O Homem dos Sonhos

Sinopse (imdb): Um infeliz pai de família vê sua vida virar de cabeça para baixo quando milhões de estranhos começam a vê-lo em seus sonhos. Quando suas aparições noturnas tomam um rumo de pesadelo, ele é forçado a lidar com um novo estrelato.

Quando fiz minha lista de expectativas 2024, comi mosca em um detalhe que não costumo falhar. O Homem dos Sonhos (Dream Scenario, no original) é o novo filme do diretor e roteirista norueguês Kristoffer Borgli, o mesmo de Doente de Mim Mesma, filme que vi no Festival do Rio ano passado. Logo heu, que sempre reparo defendo que a gente deve reparar quem é o diretor do filme… Seria mais um motivo para O Homem dos Sonhos estar na lista das expectativas!

Segundo o imdb, Borgli apresentou o roteiro para Ari Aster, que dirigiria o filme com Adam Sandler no papel principal. Mas quando Doente de Mim Mesma começou a ter bons reviews, Aster e a A24 encorajaram Borgli a dirigir o próprio roteiro.

Se Doente de Mim Mesma trazia uma personagem capaz de fazer qualquer coisa para chamar a atenção, aqui o tema é parecido, mas sob outro ângulo. Paul Matthews não quer chamar a atenção, mas ele acaba chamando de qualquer maneira, e, querendo ou não, experimenta os seus “15 minutos de fama”. E depois, ainda involuntário, experimenta o “cancelamento” e passa a ser rejeitado. Mais uma vez o roteirista é diretor traz um estudo sobre comportamento social.

Mas, na minha humilde opinião, o melhor de O Homem dos Sonhos é o seu ator principal. Todo mundo conhece Nicolas Cage, todo mundo sabe de suas escolhas duvidosas na carreira, todo mundo sabe do seu over acting. E aqui ele está excelente, tanto no “mundo real”, quando dentro dos sonhos. Também no elenco, Julianne Nicholson, Michael Cera, Dylan Gelula, Dylan Baker e Tim Meadows – estão todos ok, mas ninguém se destaca.

Também preciso dizer que curti muito os momentos de sonhos – e também dos pesadelos. São momentos divertidíssimos, o filme podia ter mais cenas nos sonhos!

O Homem dos Sonhos tem claramente três momentos. Os dois primeiros são muito bons, tanto a ascensão de Paul como ícone pop involuntário, quanto o seu “cancelamento” por causa dos pesadelos. Já a conclusão da história não é tão boa, o filme meio que não sabe pra onde vai. Mas, preciso dizer que adorei a cena final, aquela que inclui o terno gigante do David Byrne.

Renfield – Dando o Sangue Pelo Chefe

Crítica – Renfield – Dando o Sangue Pelo Chefe

Sinopse (imdb): Renfield, o torturado ajudante de Drácula, é forçado a capturar presas para seu mestre e cumprir todas as suas ordens. Mas agora, após séculos de servidão, Renfield está pronto para ver se há uma vida fora da sombra de seu chefe.

Renfield é um personagem secundário do livro Drácula de Bram Stoker – lembro dele interpretado pelo Tom Waits na versão do Coppola de 1992. Por ser secundário, tem vários filmes que nem mencionam o personagem. Mas neste novo filme, ele virou o protagonista, a história é contada sob o seu ponto de vista.

Dirigido por Chris McKay (Lego Batman, A Guerra do Amanhã), Renfield – Dando o Sangue Pelo Chefe (Renfield, no original) começa bem, o Renfield está num grupo de apoio de pessoas que estão em relacionamentos abusivos, e fala do chefe dele. O espectador sabe que é o Drácula, mas os personagens em volta não sabem, e isso cria divertidas situações comparando o Drácula com um chefe abusivo.

Se o filme ficasse só nessa linha, seria bem legal. Mas resolveram criar uma história paralela bem insossa. Temos uma trama clichê de uma família de criminosos que controla a polícia, e uma policial que perdeu o pai assassinado por essa família. Tudo clichê: a matriarca chique, o filho atrapalhado e afobado, a policial incorruptível. Pra piorar, é clichê e mal desenvolvida, tem uma trama paralela da irmã da policial, mas que aparentemente só estava lá para ser sequestrada e trazer a policial ao encontro dos bandidos.

Pena, porque Renfield – Dando o Sangue Pelo Chefe tem um trunfo, que é o Nicolas Cage interpretando o Drácula. De uns anos pra cá, Cage virou um meme ambulante, e sempre faz over acting. Quando o filme tem espaço para over acting (como aconteceu em Mandy), Cage funciona bem. E aqui, como o conde Drácula, Cage está perfeito! É de longe a melhor coisa do filme!

O xará Nicholas Hoult também está bem. Mas não gostei muito do que o roteiro fez com o seu personagem. Renfield ganha super poderes quando come os insetos. Parece o Pateta quando come o superamendoim e vira o Super Pateta. O Renfield ganha uma super força e até voa! Ficou um pouco over.

Por outro lado, Awkwafina ainda não conseguiu me convencer. Não só ela deu azar de pegar um papel totalmente clichê, como ela ainda tem alguns maneirismos que não funcionam pra esse tipo de filme (tipo uma cena onde ela está se afastando da câmera e fica dando umas olhadas pra trás).

Também queria comentar que gostei do gore. Como disse meu amigo Tom Leão, o clima parece Um Drink no Inferno, o gore traz risos em vez de repulsa. E Renfield – Dando o Sangue Pelo Chefe ainda tem umas boas cenas de ação.

Ainda queria falar mal do nome brasileiro do filme. “Dando sangue pelo chefe” e muito sessão da tarde dos anos 80. Achei bem tosco.

O Peso do Talento

Crítica – O Peso do Talento

Sinopse (filmeB): Depois de perder seu dinheiro, Nicolas Cage precisa recuperar-se financeiramente, mas o problema foi a solução que ele encontrou: aceitar o valor de US$ 1 milhão para ir à festa de aniversário de um super fã que também é um chefão do crime. Parecia que ia dar certo, mas o inesperado acontece quando uma agente da CIA o recruta para viver o papel de sua vida: Nicolas Cage e seus grandes sucessos nas telonas.

A ideia de O Peso do Talento (The Unbearable Weight of Massive Talent, no original) era interessante. Fazer um filme em cima dos exageros do Nicolas Cage, estrelado pelo próprio Nicolas Cage.

Cage era o nome certo para um projeto destes. Não consigo pensar em outro nome que funcionaria tão bem. O cara estrelou vários filmes de sucesso, ganhou o Oscar, e ficou conhecido por ser um cara extravagante e que gosta de gastar dinheiro em coisas caras e nem sempre necessárias. De uns anos pra cá, sua carreira entrou numa espiral de filmes de gosto duvidoso, mas que, diferente de um Bruce Willis (que, doente, fez uma série de filmes vagabundos onde pouco aparecia, para juntar um pé de meia), Cage continua atuando intensamente, quase sempre com o seu over acting que se tornou uma de suas principais características. Nome perfeito para um projeto que satiriza ele mesmo!

E realmente Cage é uma das melhores coisas daqui. Temos várias referências aos seus filmes como A Outra Face, Despedida em Las Vegas, A Rocha, 60 Segundos… E tem uma coisa que gostei, que é um Nicolas Cage imaginário, mais novo (me parece o Cage de Coração Selvagem), que aparece conversando com o Cage atual.

Outro ponto positivo é Pedro Pascal, que interpreta o milionário fã do Nicolas Cage. Não só Pascal está muito bem, como sua química com Cage é ótima. No resto do elenco, o único nome que me chamou a atenção foi uma ponta de Neil Patrick Harris.

O filme tem algumas cenas bem engraçadas, outras meio bobas. Pra ser sincero, achei divertido, mas apenas isso, mas, na sessão onde fui, tinha gente perdendo o fôlego de tanto rir. Ou seja, não achei tão engraçado, mas presenciei gente que achou.

Por fim, sempre fico feliz de ver filmes no cinema, mas tenho minhas dúvidas se este O Peso do Talento não teria um público maior se fosse lançado em streaming. Hoje em dia é difícil levar a galera para as salas de cinema, não sei se o filme terá o público almejado.

Prisoners of the Ghostland

Crítica – Prisoners of the Ghostland

Sinopse (imdb): Um criminoso deve quebrar uma maldição para resgatar uma menina raptada que desapareceu misteriosamente.

Pensa num filme maluco. Provavelmente não vai ser tão maluco quanto este Prisoners of the Ghostland!

Nicolas Cage tem feito muitos filmes – segundo o imdb, já foram 11 de 2019 pra cá. Boa parte desses filmes tem qualidade duvidosa, mas a gente consegue pinçar alguns bons títulos, como A Cor que Caiu do Espaço (2019) e Pig (2021). Mas, tem filmes como a bomba Jiu Jitsu. Então, o que fez Prisoners of the Ghostland entrar no meu radar? Vi que o diretor era Sion Sono, aí lembrei do meme do Leonardo Di Caprio – “you had my curiosity, now you have my atention”.

Sei que Sion Sono deve ser desconhecido de 99% do público brasileiro, mas já vi quatro filmes dele, todos no Festival do Rio: Por que você não vai brincar no Inferno (2013), Tokyo Tribes (2014), Paz e Amor (2015) e Antiporno (2017)

Ou seja: heu já sabia que veria um filme maluco. Quase todos que vão ver Prisoners of the Ghostland o farão pelo Nicolas Cage; heu queria era ver o novo Sion Sono!

E Sono não decepciona. Prisoners of the Ghostland é uma espécie de faroeste pós apocalíptico, com toques de Mad Max e Fuga de Nova York.

E até aqui, nada de mais.

Digo isso porque Prisoners of the Ghostland é muito mais do que apenas um faroeste pós apocalíptico. Tem personagens que ficam cobertos com pedaços de manequins. Tem uma personagem que fala em japonês ou sei lá qual língua, e logo um coro “traduz” em inglês, parecendo aqueles coros de teatro antigo. Tem grupos de personagens que ficam dançando coreografias que sei lá se têm algum significado. Tem uns caras com umas roupas que lembram os macacos voadores d’O Mágico de Oz. Tem outros que ficam puxando um ponteiro de relógio com uma corda. E no meio de tudo isso tem o Nicolas Cage, sem um testículo, com um capacete de futebol americano e um braço metálico!

Nada disso é explicado. Acredito que muitas dessas coisas tenham um significado, mas não fui catar o “manual de instruções”. Apenas curti a viagem – e que viagem!

Não sabemos onde o filme se passa, nem quando. O visual é impressionante, tanto nas cores quanto nos cenários. Prisoners of the Ghostland é um filme muito maluco, mas também é um filme muito bonito.

Nicolas Cage encaixou perfeitamente dentro do formato proposto pelo Sion Sono. Exagerado, claro, combina com toda a insanidade em volta. Também no elenco, Sofia Boutella, Nick Cassavetes, Bill Moseley e Tak Sakaguchi.

Claro que muita gente vai ver por causa do Nicolas Cage, e vai se assustar com a intensidade da loucura – e, consequentemente, não vai curtir.

Tenho pena desses. Porque heu me diverti com Prisoners of the Ghostland. E quero mais Sion Sono!

Pig

Crítica – Pig

Sinopse (imdb): Um caçador de trufas que vive sozinho, isolado no Oregon, deve retornar ao seu passado em Portland em busca de sua amada porca depois que ela foi sequestrada.

Nos últimos anos, Nicolas Cage tem feito dezenas de filmes ruins. Parece que o cara se especializou nisso. Dá até pra pinçar um ou outro no meio de tanto lixo, mas são sempre filmes esquisitões, filmes como o lovecraftiano A Cor que Veio do Espaço, ou Mandy, filme que gosto bastante, mas que é completamente fora da curva – e que combina com a atuação over acting que virou marca registrada de Cage.

Aí apareceu esse Pig, primeiro longa dirigido por Michael Sarnoski (que também é o roteirista) . E tem um monte de gente elogiando, tem gente até dizendo que é a melhor atuação da carreira dele. Ok, bora ver.

Quase sempre prefiro comentários sem spoilers, mas acho que poucas pessoas vão ver este filme. Então vou colocar um aviso de spoilers no momento certo, pra fazer um comentário sobre o final do filme.

A sinopse lembra John Wick, que começou sua jornada de vingança porque mataram seu cachorro. Mas Pig não tem nada a ver com John Wick. Não é um filme de ação, é nem sei se podemos chamar o que acontece de vingança.

Pig é um drama, lento, quem estiver esperando correria melhor catar outro filme. Nic Cage faz um cara esquisitão, como sempre, mas, diferente do habitual, aqui ele está contido. Sua atuação é introspectiva, ele fala pouco, quase tudo está no olhar. É um personagem que nitidamente desistiu das convenções sociais, vive sujo, vive largado, dentro daquele mundinho particular que ele construiu com sua porca.

Aos poucos a gente começa a confrontar o passado do personagem, e começamos a entender o que está se passando. Mas, repito, tudo é muito lento, cenas longas e contemplativas. Provavelmente vai desagradar os fãs da fase atual da carreira do ator.

Gostei muito da resolução final, nem sei se podemos chamar de plot twist, mas digo que gostei de como o personagem encerrou a história. Mas, um detalhe me incomodou, então vamos aos avisos de spoilers:

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Logo no início do filme, quando a porca é sequestrada, o cara se machuca, e fica sujo de sangue. E ele segue o filme inteiro sem se limpar. Ok, coerente com um personagem que não se importa com convenções sociais. Mas, ao longo do filme a gente descobre que ele foi um grande cozinheiro, um chef famoso, que largou tudo e foi pro meio do mato. E quando descobre que sua porca morreu, sua vingança é fazer um prato específico para o cara responsável pela sua morte, um prato que vai lhe trazer lembranças dolorosas, uma espécie de Ratatouille ao contrário. Ele atinge o seu oponente pela memória afetiva ligada àquele prato específico. Genial, não?

Agora, ele continua imundo e sujo de sangue. Na boa, um cozinheiro sujo de sangue foi uma coisa que me incomodou. Ele podia ter se limpado para aquele momento.

FIM DOS SPOILERS!

Tem gente apostando em uma indicação ao Oscar pro Nicolas Cage por causa deste filme. Ele está bem, mas acho que Oscar é um exagero. Também no elenco, Alex Wolff (Tempo) e mais uns rostos desconhecidos.

Recomendado pra quem curte filmes contemplativos.

Jiu Jitsu

Crítica – Jiu Jitsu

Sinopse do imdb: A cada seis anos, uma antiga ordem de lutadores de jiu-jitsu junta forças para combater uma raça feroz de invasores alienígenas. Mas quando um famoso herói de guerra é derrotado, o destino do planeta e da humanidade está em jogo.

Outro dia me mandaram o link de um trailer que parecia um plágio descarado de Predador, e com o Nicolas Cage no elenco. Claro que parecia ser ruim. Mas, olha,vou te falar que o filme me surpreendeu. É ainda pior!

Jiu Jitsu foi escrito, produzido e dirigido por um tal de Dimitri Logothetis, que nunca fez nada relevante na carreira, mas tem uns filmes de Kickboxer no currículo. O filme é tão ruim que nem sei por onde começar. Aliás, sei sim. Que tal a gente começar falando que é um filme que se chama Jiu Jitsu, mas não tem lutas jiu jitsu? Olha, não sou um expert em artes marciais, mas “acho”que jiu jitsu não tem chutes dando cambalhotas, nem usa espadas…

Mas, vamulá, vou citar 10 motivos porque Jiu Jitsu é ruim:

1- Antes de tudo, é um filme chato. Um filme de luta contra alienígenas pode ser ruim, mas não pode ser chato.

2- Como falei, não tem jiu jitsu.

3- Plágio. Galera, não dá. Predador é uma franquia conhecida, já tem pelo menos 4 filmes (além de dois Alien vs Predador). Não dá pra hoje, em 2020, dizer que um guerreiro alienígena vem pra Terra lutar e usa uma camuflagem que fica invisível. Não rola, ficou feio.

4- Roteiro. O roteiro de Jiu Jitsu é um lixo. Nada faz sentido. Quem são essas pessoas que lutam contra o Predador paraguaio? De onde elas são, por que elas estão lá, por que elas lutam? Nem no Globo Repórter teremos resposta!

5- Roteiro de novo. Por que dão importância a uma personagem na primeira metade do filme, e depois ela some? Dão a entender que ela vai ser importante, e do nada a personagem morre como se fosse um extra. Não via algo assim desde o Samuel L Jackson naquele filme (também ruim) de tubarões.

6 – Ainda o roteiro. Qual é o sentido daquele pseudo romance? Do nada o casal tá lá apaixonadão.

7- Efeitos especiais. Aqueles tazos que o Predador da Carreta Furacão joga são dos piores efeitos que vi no cinema nos últimos tempos. Além de não fazer sentido, o efeito é bem ruim.

8- Efeitos especiais de novo. Não é exclusividade de Jiu Jitsu, mas acho muito tosco quando colocam sangue em cgi. Qual é o problema de sujar o elenco com tinta vermelha? Nojinho?

9- Alívio cômico. Cara, o elenco inteiro é muito ruim, mas o personagem que faz o alívio cômico é péssimo!

10- Piano. POR QUE TEM UM PIANO NA “CAVERNA” DO NICOLAS CAGE???

Agora, o Nicolas Cage não me incomodou. Ele tá ruim? Tá. Mas todos estão. Não vou defender a carreira do Nicolas Cage, porque sei que de uns anos pra cá ele fez um monte de porcarias. Mas existe uma modinha de falar mal do Nicolas Cage. E nem tudo o que ele faz é ruim. Mandy, do ano passado, é bem legal, e A Cor que veio do espaço, deste ano, não é ruim.

Pra não dizer que nada se salva, gostei de um plano sequência de luta meio parkour, onde a câmera às vezes fica em POV, meio Hardcore Henry. Tiro porrada e bomba em plano sequência. Essa cena é tão bem filmada que destoa do resto do filme.

Enfim, lixo.