Instinto Materno

Crítica – Instinto Materno

Sinopse (imdb): A vida aparentemente perfeita das amigas Alice e Celine desmorona após um acidente envolvendo um de seus filhos. O que começa como uma tragédia inimaginável acaba transformando a amizade entre elas em um jogo de segredos e mentiras.

O trailer vendia Instinto Materno como um suspense psicológico. Mas o resultado final ficou devendo.

Estreia na direção de Benoît Delhomme, Instinto Materno (Mothers’ Instinct, no original) é a refilmagem de Duelles, filme belga de 2018. Não vi o original, não sei se lá temos algo a mais. Normalmente, os originais europeus são melhores. Mas acredito que seja melhor, ano passado um amigo que mora na Europa tinha me recomendado esse Duelles, mas não achei onde ver aqui.

Acho que são os anos 60, tem um diálogo onde falam dos presidentes americanos, pra situar o espectador sobre qual ano o filme se passa, mas como não entendo de presidentes americanos, não sei qual ano. Enfim, duas famílias, vizinhas, muito amigas. As duas mulheres são amigas, e os filhos, de idades parecidas, são inseparáveis. Mas acontece uma fatalidade e isso abala a amizade.

A gente passa o filme todo pensando quando algo vai sacudir a trama. Um plot twist, uma grande revelação, algo bombástico. Mas nada. O filme é linear, tudo o que acontece é o que aconteceria numa vida normal. Ou seja, o filme acaba sendo chato.

Ok, temos duas grandes atrizes, Anne Hathaway e Jessica Chastain, e ambas estão bem. Mas, nenhuma atuação memorável. Filme linear com atuações lineares.

Quem foi a sessão de imprensa ganhou o livro que deu origem ao filme, e avisaram que a continuação do livro está para ser lançada em breve. Ou seja, o filme deve ter continuação. Mas, boa notícia: a história fecha, não deixa nenhuma ponta solta a ser resolvida num filme que a gente nem sabe se vai existir.

No fim, Instinto Materno não é ruim, mas é decepcionante porque tem cara de telefilme.

As Agentes 355

Crítica – As Agentes 355

Sinopse (imdb): Um grupo de mulheres compõe uma das mais prestigiosas unidades de espionagem do mundo. As agentes devem enfrentar uma ameaça assustadora.

Gosto muito de filmes de ação estrelados por mulheres. Sempre gostei, lembro de ir ao cinema ainda novo pra ver Aliens O Resgate, Exterminador do Futuro e Nikita – e não podemos nos esquecer da Princesa Leia! E temos tido vários filmes de ação girl power recentemente. Pena que a qualidade tem sido fraca na maioria dos casos.

Este As Agentes 355 (The 355, no original) pelo menos tinha um diferencial: um elenco acima da média. Não é qualquer filme de ação que conta com quatro nomes como Jessica Chastain, Diane Kruger, Lupita Nyong’o e Penélope Cruz (sim, sei que são cinco, não me esqueci da Bingbing Fan, mais tarde volto ao assunto).

Mas a impressão que fica é que gastaram demais no elenco, então pegaram um diretor qualquer. Simon Kinberg tem um bom currículo como produtor, mas este é seu segundo longa como diretor, e o primeiro foi o fraco X-Men Fênix Negra. Nuff said.

O resultado foi um filme genérico, que parece que não se decide entre um filme sério de espionagem ou abraça a galhofa como um Velozes e Furiosos – tem algumas cenas tão exageradas que lembram o exagero da franquia do Vin Diesel, tipo quando a Jessica Chastain está correndo, de vestidinho leve, sem bolsa, sem casaco, só com o vestidinho, e de repente saca uma arma enorme, guardada sei lá onde.

As Agentes 355 tem algumas coisas boas. Gostei de como criaram o grupo, com uma de cada país, uma de cada agência – e atritos precisam ser resolvidos para elas trabalharem juntas. Também temos algumas boas cenas de ação, mas a gente precisa desligar o cérebro em alguns trechos. Tipo, se elas estão trabalhando sem o apoio de suas agências, como elas conseguem todo aquele equipamento? Isso sem contar com o fato de que precisamos de muita suspensão de descrença pra acreditar naquele aparelhinho mágico que hackeia qualquer coisa no mundo. Além disso, o vilão é péssimo, e o terço final traz uma virada de roteiro já prevista ao fim da primeira sequência.

Sobre o elenco, tenho coisas boas e coisas ruins para falar. Jessica Chastain (também produtora) está bem, assim como Diane Kruger. São personagens parecidas – solitárias, habilidosas e eficiência – e ambas funcionam bem para o que o filme pede. Aliás, logo no início do filme tem uma boa sequência de perseguição com as duas. Penélope Cruz está bem, mas a motivação de sua personagem é meio forçada. Sem nenhum preparo de agente de campo, no meio do filme ela já abandonaria o grupo. Mas, ok, ela continuou lá de repente pra mostrar que uma mulher sem treinamento poderia estar no rolê. Agora, não gostei da personagem da Lupita Nyong’o. Ela é uma ninja em hackear facilmente qualquer coisa, e ao mesmo tempo dá palestras para auditórios cheios, e ao mesmo tempo sabe brigar e atirar, e ao mesmo tempo fala diferentes línguas aparentemente sem sotaque. Achei meio exagerado, ela faz tudo, e tudo é fácil pra ela. E a Bingbing Fan não só é um nome menos conhecido, como a sua personagem só entra no time bem depois das outras. Sei que ela é uma das principais, mas tem bem menos importância que as outras quatro. Também no elenco, Sebastian Stan, Edgar Ramírez e Jason Flemyng.

(Comentário sobre línguas: Diane Kruger aparece falando em inglês, francês e alemão, enquanto Jessica Chastain só fala inglês. Diferença entre uma americana e uma europeia…).

Mais um filme girl power, As Agentes 355 serve pra quem não for muito exigente.

It: Capítulo Dois

Crítica – It: Capítulo Dois

Sinopse (imdb): Vinte e sete anos após seu primeiro encontro com o terrível Pennywise, o Clube dos Perdedores* cresceu e se afastou, até que um telefonema devastador os traz de volta.

Em 2017 tivemos uma nova adaptação de um dos mais celebrados livros de Stephen King: It – que já tivera uma versão em minissérie de TV nos anos 90. Como o livro é enooorme, o filme de 2017 focou só na parte das crianças. Agora é hora de terminar a história.

Mais uma vez dirigido por Andy Muschietti, It: Capítulo Dois (It Chapter Two, no original) traz todo o elenco do filme anterior, e ainda algumas aquisições de peso, como Jessica Chastain, James McAvoy e Bill Hader. A trama agora acompanha os personagens adultos, entremeada de flashbacks com a garotada.

O problema aqui é que ficou longo demais. Se temos uma primeira parte com duas horas e quinze minutos, agora são duas horas e quarenta e nove! Mais de 5 horas, se a gente contar os dois filmes juntos. Entendo o cuidado da produção em desenvolver cada personagem – certo momento do filme eles se separam, e vemos os medos e alucinações de cada um. Ok, ficou legal. Mas cansou. Muitos flashbacks, muitas histórias paralelas, e várias delas repetindo o mesmo formato – tornando os sustos previsíveis (pecado grave quando falamos de filme de terror).

(No último fim de semana consegui algo que nem sempre consigo: revi o primeiro filme. Quando a trama foca só na garotada, flui melhor. Apesar de também ser longo, o primeiro filme é bem melhor.)

Pelo menos a construção de toda a trama é muito bem feita. Não li o livro, então não posso comparar. Mas, só pelo filme, podemos dizer que o resultado foi positivo.

Um dos pontos chave de It (e aqui falo dos dois filmes) é Bill Skarsgård, que mais uma vez está ótimo como o palhaço Pennywise. Já falei que gosto do Pennywise galhofeiro do Tim Curry (da versão dos anos 90), mas Skarsgård é muito mais assustador.

No elenco, além dos já citados Jessica Chastain, James McAvoy e Bill Hader, temos Isaiah Mustafa, Jay Ryan, James Ransone e Andy Bean como o resto do “Clube dos Perdedores” – o trabalho dos atores ficou bem legal, dá pra ver tranquilamente quem é quem (o mesmo com o “vilão” Nicholas Hamilton / Teach Grant). Nos flashbacks, temos os sete adolescentes de volta (Finn Wolfhard, Sophia Lillis, Jaeden Lieberher, Jeremy Ray Taylor, Chosen Jacobs, Jack Dylan Grazer e Wyatt Oleff). Temos uma rápida e divertida participação do próprio Stephen King, e o veterano diretor Peter Bogdanovich faz uma ponta. E, para os leitores do heuvi, Javier Botet – mais uma vez – interpreta criaturas.

No fim, temos uma bela e asssustadora história de terror, pode entrar na curta lista de boas adaptações de Stephen King. Mas poderia ser mais curto, ah, poderia. Alguns filmes, depois de um tempo, aparece uma versão estendida. Este It poderia ter uma “versão encurtada”…

* As legendas traduziram “Losers Club” como “Clube dos Otários”. Deve ser adaptado da tradução do livro. Mas não gostei. Por que não “Perdedores”? Ficou tosco…

X-Men: Fênix Negra

Crítica – X-Men: Fênix Negra

Sinopse (imdb): Jean Grey começa a desenvolver poderes incríveis que a corrompem e a transformam em uma Fênix Negra. Agora os X-Men terão que decidir se a vida de um membro da equipe vale mais que toda a humanidade.

Como a Disney comprou a Fox, os próximos filmes dos X-Men devem se inserir no MCU. Mas ainda faltava um filme pela Fox, para encerrar a saga – que já contava com oito filmes (incluindo os dois solo do Wolverine).

Era uma chance de terminar em grande estilo. Mas não foi. Este último filme não chega a ser ruim, mas está bem longe dos pontos altos da série.

Escrito e dirigido por Simon Kinberg, estreante como diretor, mas experiente como roteirista (incluindo três outros X-Men, Confronto Final, Dias de um Futuro EsquecidoApocalipse), X-Men: Fênix Negra (Dark Phoenix, no original) tem seus bons momentos, mas são tantos escorregões que o filme fica devendo.

Vou citar alguns exemplos, sem spoilers:
– Este filme se passa 3 décadas depois do primeiro, X-Men: Primeira Classe, mas, aparentemente, esqueceram de envelhecer os personagens.
– A Raven deveria ter orgulho de ser azul, e não ficar com a cara da Jennifer Lawrence a maior parte do filme. E sua maquiagem azul ficou bem pior que nos filmes anteriores.
– Os vilões são péssimos! Você não entende as suas motivações, o seu objetivo, tudo é muito desleixado.

Etc etc etc…

Outro ponto que me incomodou, mas aí pode ser um head canon meu, é que heu queria ter visto uma “cena do Mercúrio”, como aconteceu nos dois filmes anteriores. O Mercúrio foi jogado para um papel secundário com zero importância na trama.

Sobre o elenco, tenho uma reclamação: foi um desperdício de Jessica Chastain. Ela é muito mais atriz do que o papel pede. Sophie Turner também não está bem, mas ela sempre foi sem graça, então não é surpresa. James McAvoy e Michael Fassbender são grandes atores, mas não conseguem salvar um filme fraco. Também no elenco, Nicholas Hoult, Tye Sheridan, Evan Peters, Kodi Smit-McPhee e Alexandra Shipp, além da já citada Jennifer Lawrence.

Como falei no início, X-Men: Fênix Negra não é ruim. Mas é um bom retrato de uma longa e desorganizada saga, cheia de altos e baixos.

Que venha o MCU!

A Colina Escarlate

A Colina Escarlate posterCrítica – A Colina Escarlate

Alvíssaras! Guillermo Del Toro voltou ao terror!

Depois de uma tragédia na sua família, uma jovem escritora americana se casa e se muda para uma mansão misteriosa na Inglaterra.

O cinema de terror contemporâneo tem um grande nome, Jason Blum, que produz dezenas de filmes por ano – alguns até bem legais, como Sobrenatural, do James Wan. Legal, temos muitas opções, mas acaba que se criou uma cara “blumhouseiana”, com vários filmes parecidos. No meio dessa pasteurização, ver um filme do Guillermo Del Toro é um colírio para os olhos!

O último trabalho do Del Toro foi Círculo de Fogo, um blockbuster hollywoodiano que não agradou a todos. Mas foi um ponto fora da curva em sua filmografia. Del Toro tem uma carreira firme no cinema fantástico, com ótimos filmes como A Espinha do Diabo e O Labirinto do Fauno. A Colina Escarlate (Crimson Peak, no original) é a sua volta ao cinema fantástico.

Com roteiro do próprio Del Toro em parceria com Matthew Robbins, A Colina Escarlate é uma história de fantasmas à moda antiga. Del Toro consegue criar um clima excelente, ajudado por uma impressionante fotografia – se a Academia não for preconceituosa com filmes de terror, temos um forte candidato ao Oscar de melhor fotografia. São várias imagens belíssimas ao longo da projeção. A boa trilha sonora é outro destaque. E, numa época de filmes com “violência sem sangue”, a violência gráfica mostrada no filme também chama a atenção. Algumas cenas são bem fortes!

Infelizmente, nem tudo funciona. A primeira metade é muito lenta, toda a parte nos EUA demora a passar, o filme melhora muito quando eles chegam na tal “colina Escarlate” do título. Além disso, a trama tem alguns elementos bastante previsíveis (não entro em detalhes por causa de spoilers, mas quando vocês verem, vão concordar comigo).

O elenco é baseado em três bons atores. Mia Wasikowska (a Alice) e Tom Hiddleston (o Loki) estão bem; Jessica Chastain (Perdido em Marte) não está mal, mas perdeu a oportunidade de fazer uma vilã memorável. Também no elenco, Charlie Hunnam, Leslie Hope e Jim Beaver (o Bobby de Supernatural). Ah, os dois dos atores por trás dos fantasmas são Doug Jones, o Abe Sapiens de Hellboy, e Javier Botet, que fez a Menina Medeiros de REC e a Mama de Mama.

A Colina Escarlate pode até não ser um novo Labirinto do Fauno, mas pelo menos Guillermo Del Toro largou os blockbusters de monstros e robôs gigantes e voltou ao estilo onde ele funciona melhor.

Perdido em Marte

Perdido em MarteCrítica – Perdido em Marte

Alvíssaras! O melhor Ridley Scott em anos!

Durante uma missão em Marte, o astronauta Mark Watney é dado como morto e deixado para trás, e se vê sozinho no planeta, tendo que sobreviver e encontrar um meio de avisar que ainda está vivo.

Ridley Scott é um cara que vai sempre morar nos nossos corações, afinal, o cara fez AlienBlade Runner. Mas, de uns anos pra cá, o cara só batia na trave – seus últimos filmes foram Prometeus, O Conselheiro do Crime e Êxodo: Deuses e Reis. Mas agora a coisa mudou: Perdido em Marte (The Martian, no original) é emocionante, divertido, tenso e engraçado, e um forte candidato a um dos melhores filmes do ano!

Baseado no livro homônimo de Andy Weir, o roteiro escrito por Drew Goddard (O Segredo da Cabana, Guerra Mundial Z) é muito bem equilibrado e flui bem ao contar a história de Mark Watney. Diferente do universo alienígena de AlienPrometeus, Perdido em Marte tem uma trama que lembra mais Gravidade: trata-se de um filme de sobrevivência.

A fotografia utiliza vários formatos de câmera, aproveitando o fato de terem várias câmeras espalhadas pela missão da NASA. Temos várias imagens de tela do computador e de câmeras acopladas às roupas e aos veículos, além das imagens tradicionais. Boa sacada!

O filme é estrelado por Matt Damon, em talvez o melhor papel de sua carreira. Sabe aquele filme pro cara ser indicado a prêmios? Perdido em Marte é um deles. Damon passa boa parte do filme sozinho, e seu Mark Watney é um personagem rico, um prato cheio para um bom ator se exercitar. Ainda é cedo, mas não vou achar estranho se houver indicações a prêmios. Um grande elenco acompanha Damon: Jessica Chastain, Kristen Wiig, Jeff Daniels, Sean Bean, Michael Peña, Aksel Hennie, Chiwetel Ejiofor, Mackenzie Davis, Donald Glover, e um casal improvável, Sue Storm e Bucky Barns, quer dizer, Kate Mara e Sebastian Stan.

Falar de efeitos especiais numa produção deste porte é chover no molhado. Claro que os efeitos são top de linha. Mas, confesso, queria ver algo que mostrasse que a gravidade em Marte é bem menor que aqui na Terra.

Falando nisso, li um artigo onde astronautas criticam o lado científico de certas escolhas tomadas pelo roteiro. Parece que a tempestade de areia que acontece logo no começo – e que dá início à toda a trama do filme – não aconteceria daquele jeito por causa do ar rarefeito de Marte. Mas, como não sou cientista, não me incomodou. É um filme, galera!

Ouvi gente criticando o bom humor do filme. Discordo, gostei de como o personagem de Damon consegue manter o bom humor mesmo nas adversidades. E tem pelo menos uma piada nerd genial: a cena do “conselho de Elrond” (Sean Bean, que interpretou o Boromir, está presente na cena!). E não posso deixar de citar a trilha sonora, repleta de músicas disco que não têm nada a ver com o estilo, mas tudo a ver com a trama, e se encaixam perfeitamente.

Por fim, o 3D. Como sempre, nada demais. Perdido em Marte sobrevive em 2D.

p.s.: O Matt Damon também ficou sozinho num planeta em Interestelar. Gente, cuidado ao levá-lo para um planeta desabitado, o cara costuma se perder e ficar por lá!

 

Interestelar

0-InterstellarCrítica – Interestelar

Filme novo do Christopher Nolan!

Num futuro próximo, onde recursos naturais estão cada dia mais escassos, um grupo de exploradores usa um recém descoberto “buraco de minhoca” para ultrapassar os limites da exploração espacial.

A expectativa era alta. Depois da elogiada trilogia do Batman e do também elogiado A Origem / Inception, Nolan anunciou uma ficção científica “correta”, dirigida por ele e escrita por ele ao lado do seu irmão Jonathan Nolan. Interestelar (Interstellar, no original) fala da tentativa de conquista espacial através de “buracos de minhoca” (wormholes).

Mas… Parece que faltou humildade a Nolan, que, aparentemente, queria “brincar de Kubrik” e fazer um novo 2001. Interestelar até tem alguns bons momentos de tensão, mas o ritmo é muito irregular, e o resultado ficou longo, pretensioso – e chato. São quase três horas de filme (169 minutos) de muito papo cabeça! Sinceramente, não precisava ser tão longo.

Não entendo de astronomia, então não posso julgar se o filme é cientificamente correto como se propôs. Mas entendo de cinema, e posso afirmar que tecnicamente, o filme é excelente. O visual do filme é muito bem feito, e algumas cenas são impressionantes – a morte de um dos personagens pode figurar fácil em listas de melhores cenas do ano. Interestelar só deu azar de ter vindo um ano depois do impressionante Gravidade – Nolan não usa tantos planos-sequência alucinantes quanto o Alfonso Cuarón…

Interestelar é daquele tipo de filme que foca mais nos efeitos especiais do que nos atores, mas mesmo assim Matthew McConaughey faz um bom trabalho, liderando um bom elenco, que conta com Anne Hathaway, Jessica Chastain, John Lithgow, Michael Caine, Matt Damon, Casey Affleck, Topher Grace, Wes Bentley e Ellen Burstyn

Por fim, preciso falar do robô TARS. Admito que gostei como alívio cômico, mas… não sei de quem foi a ideia de fazer os robôs daquele formato. Vou te falar que o cinema deu gargalhadas quando o robô correu pela água. E acho que essa não era a objetivo dos realizadores…

Mama

Crítica – Mama

Um tempo atrás, surgiu pela internet Mama, um curta de terror que construía uma tensão maior do que muito longa por aí, apesar de ter apenas uns três minutos. Pessoas influentes na indústria cinematográfica viram o curta e agora o mesmo diretor Andrés Muschietti nos apresenta o longa Mama, desta vez produzido por Guillermo del Toro. E a melhor notícia é: temos um dos melhores filmes de fantasma dos últimos tempos!

Annabel e Lucas resolvem encarar um grande desafio: criar as duas sobrinhas dele, órfãs, e abandonadas sozinhas numa cabana na floresta por cinco anos. Mas – será que elas estavam sozinhas mesmo?

Não gosto de julgar diretores estreantes. Antes de elogiar a carreira de Andrés Muschietti, prefiro esperar por outro filme dele. Mas posso afirmar que seu longa de estreia é excelente!

Mama consegue uma coisa básica, mas que nem todos os filmes de terror conseguem: causa medo. O filme tem um excelente clima tenso, e traz várias cenas de sustos, quase sempre feitas com truques de câmera e usando efeitos sonoros. Lembrei de Sobrenatural, que passou nos cinemas daqui uns dois anos atrás.

Alguns vão dizer que Mama tem muitos clichês. É verdade, a gente já viu outros filmes que mostram um quarto escuro iluminado apenas com flashes de uma câmera fotográfica, ou que mostram seres sinistros que aparecem quando as luzes se acendem. Mas isso não me incomodou, os clichês são bem utilizados aqui.

Os efeitos especiais são discretos e muito bem usados. A cena que mostra as meninas sendo encontradas, ainda se locomovendo como animais, é sensacional. E o personagem Mama é assustador na dose certa.

Sobre o elenco, esqueça a menina de nome impronunciável Quvenzhané Wallis, de Indomável Sonhadora. A pequena Isabelle Nélisse está sensacional como a irmã mais nova. Megan Charpentier, a irmã mais velha, também está muito bem, mas Isabelle impressiona mais como a menina que conhece pouco sobre as regras sociais e age meio como um bicho. Se a Academia fosse justa, Isabelle teria uma indicação ao Oscar ano que vem – o que infelizmente nunca vai acontecer por um filme deste estilo…

Outro comentário sobre o elenco: na minha humilde opinião, um dos pontos negativos do filme foi a escalação de uma atriz de 35 anos para o papel de Annabel. Acho que seria mais coerente se Annabel tivesse uns vinte e poucos anos. Por sorte, Jessica Chastain é uma excelente atriz e convence como a jovem baixista de uma banda que nem pensa em ser mãe e “ganha” duas filhas. Nicolaj Coster-Waldau, o Jaime Lannister de Game of Thrones, também está bem como Lucas (e como Jeffrey, o irmão de Lucas).

Cabe mais um comentário sobre o elenco? Javier Botet, que interpretou a Menina Medeiros em REC, aqui ganhou o papel da Mama. Dei uma pesquisada no google, o cara é magrelo e tem os braços muito compridos. Deve ser um sujeito esquisitão. Ou seja, serve perfeitamente para papeis esquisitos assim.

Enfim, chega de escrever. Fica a recomendação: vá ao cinema ver Mama – o filme estreia nesta sexta, e merece ser visto na sala escura.

E parabéns ao diretor Andrés Muschietti. Continue no bom caminho!

p.s.: Pra quem não sabe, meu nome é Helvecio. Pra mim, o filme ainda tem um atrativo extra: a cabana onde as meninas ficaram se chama “Helvetia”. 🙂

A Hora Mais Escura

Crítica – A Hora Mais Escura

Durante anos, uma obsessiva agente da CIA usa todos os meios para conseguir seu objetivo: achar e capturar Osama Bin Laden.

Já era previsto que Hollywood iria fazer filmes ligados a Osama Bin Laden. Mas, pelo que li, A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty, no original), foi pensado inicialmente como um filme sobre o fracasso dos EUA na tentativa de achar Bin Laden. Só que, com a notícia que ele tinha sido capturado e morto pelo exército americano, o roteiro escrito por Mark Boal foi mudado. Se isso é verdade, não sei. Mas a história contada no filme funciona muito bem.

A Hora Mais Escura é um Guerra Ao Terror melhorado. Ironicamente, Kathryn Bigelow ganhou o Oscar de melhor diretora (além de melhor filme) por Guerra Ao Terror, mas desta vez nem foi indicada.

(Respeito a atual fase de Bigelow, mas confesso que prefiro o trabalho dela nos anos 80 e 90, com filmes como Caçadores de Emoção, Estranhos Prazeres e Quando Chega a Escuridão. Gosto mais dela fazendo filmes pop…)

A Hora Mais Escura chega envolto em polêmicas. Parece que os conservadores tiveram problemas com as cenas de tortura. Ora, a tortura não aconteceu? Qual o problema de mostrar algo real? Só porque não é politicamente correto? Enfim, as cenas de tortura nem são nada demais…

O filme é longo demais – não precisava de duas horas e trinta e sete minutos para contar a história. Alguns trechos são arrastados; outros são previsíveis – por exemplo, a cena do atentado que envolve a personagem de Jennifer Ehle. Pelo menos a parte final do filme é muito boa. Os 40 minutos finais, que mostram a operação da captura de Bin Laden, tem um ritmo excelente – apesar de ter uma fotografia muito escura (às vezes a gente não vê nada…).

Sobre o elenco, o grande nome é Jessica Chastain, uma das mais fortes candidatas para levar o Oscar de melhor atriz daqui a duas semanas (acho que fica entre ela e Jennifer Lawrence). Jessica está excelente. Ainda no elenco, Kyle Chandler, Jennifer Ehle, Jeremy Strong, Harold Perrineau, Mark Strong, Edgar Ramirez e uma ponta de James Gandolfini.

Apesar da duração excessiva, A Hora Mais Escura é um dos melhores filmes dentre os candidatos ao Oscar 2013.