20 Curiosidades sobre Os Fantasmas se Divertem

20 Curiosidades sobre Os Fantasmas se Divertem

Seguindo a ideia de fazer posts sobre curiosidades, depois de curiosidades sobre Flash Gordon, hoje é dia de falar de Os Fantasmas se Divertem, de 1988, aproveitando que a continuação está em cartaz nos cinemas!

Lembrando que quase tudo peguei no imdb, que é uma boa fonte, mas nem tudo lá é 100% confiável. Se heu trouxe alguma informação errada, peço que me avise, pra me corrigir!

Vamos à lista?

1- Michael Keaton, interpretando o personagem-título, aparece apenas em 14,5 minutos do filme.

2- Wes Craven foi a primeira escolha para dirigir. Pensando na carreira do Wes Craven (A Hora do Pesadelo, A Maldição de Samantha, Shocker, Pânico), o filme seria bem diferente.

3- Falando em A Hora do Pesadelo, Heather Langenkamp foi considerada para o papel de Lydia depois que Tim Burton a viu o filme, de 1984. Langenkamp recusou o papel porque não queria interpretar uma garota gótica.

4- A ideia do filme surgiu depois que Poltergeist foi um filme de sucesso, mas a ideia de fantasmas ruins foi invertida. As pessoas que se mudassem para a casa seriam as horríveis.

5- Michael Keaton criou ele mesmo grande parte do visual do personagem. Keaton disse ao departamento de maquiagem que queria mofo no rosto e que seu cabelo parecia ter enfiado o dedo na tomada, e solicitou que o departamento de guarda-roupa lhe enviasse roupas de todas as épocas.

6- Michael Keaton baseou sua performance de Beetlejuice em Chop Top de O Massacre da Serra Elétrica 2 (1986). Keaton mais tarde co-estrelaria com o próprio Chop Top, Bill Moseley, no filme da HBO de 2002, Ao Vivo de Bagdá, lançado 14 anos e meio depois.

7-De acordo com Winona Ryder, em uma entrevista para a Harper’s Bazaar no YouTube, logo no início ela foi aos estúdios para conhecer Tim Burton. Um cara entrou que ela pensava ser do departamento de arte e eles conversaram um pouco sobre coisas como Edward Gorey (escritor e artista americano, reconhecido por seus livros ilustrados de tom macabro mas com certo senso de humor) e filmes diferentes. Depois de meia hora, ela perguntou se ele sabia quando Burton iria aparecer, e ele disse “ah, sou eu”, e ela ficou maravilhada. Ela tinha em mente, naquela época, um diretor muito mais velho e tradicional, e ela se sentia muito confortável com ele. No final da conversa, ele disse a ela que queria que ela fizesse isso, e ela ficou muito animada.

8- O orçamento do filme é de US$ 15 milhões. O filme arrecadou mais de US$ 74 milhões de bilheteria.

9- O orçamento de efeitos visuais foi de apenas US$ 1 milhão, um fator importante para Tim Burton decidir fazer os efeitos parecerem o mais cafonas e de filme B possível. A maior parte dos efeitos práticos e visuais foram feitos na câmera. Os vermes da areia e as cenas espaciais foram feitas na pós-produção.

10- Tim Burton tentou filmar a cena em que os camarões saltam dos pratos e atacam o jantar posicionando os ajudantes de palco embaixo da mesa, mas suas mãos tinham dificuldade de encontrar os rostos dos atores. Dick Cavett, um dos atores da cena, sugeriu colocar as “mãos de camarão” em seus rostos, filmá-los enquanto voltavam para os pratos, e depois rodar o filme ao contrário, o que Burton fez.

11- A cena em que Beetlejuice come a mosca é uma homenagem ao filme de terror A Mosca da Cabeça Branca (1958). Geena Davis estrelou a refilmagem A Mosca (1986). O próprio Michael Keaton recebeu a oferta do papel principal em A Mosca e recusou. Quando Betlejuice puxa a mosca para o subsolo, você pode ouvi-la gritar a famosa frase do filme de 1958, “Ajude-me! Ajude-me!” (38:05)

12- Durante a cena no cemitério após a saída dos Maitlands, quando Beetlejuice fica bravo e chuta a árvore, originalmente a árvore não deveria cair. Mas durante essa tomada, Michael Keaton chuta a árvore, e ela cai e ele improvisa a frase: “Cenário de M*!” e aperta a virilha duas vezes, o que é acompanhado por buzinas. Keaton estava dizendo isso para o cenógrafo que errou. O diretor Tim Burton adorou tanto que deixou o erro de gravação no filme.

13- O diretor Tim Burton temia que a sequência do “Day-O” não fosse bem, pois, em sua opinião, não era muito engraçada. Burton estava errado. O público adorou e considera-a uma das cenas mais icônicas do filme. O plano original para o jantar era fazer com que os convidados dançassem “uma música do The Ink Spots”, mas Jeffrey Jones e Catherine O’Hara sugeriram que a música fosse calipso.

14- Todas as pessoas na sala de espera e no consultório estão nas mesmas condições de quando morreram, e a forma como morreram é mostrada claramente. Porém, os Maitlands, que se afogaram, não estão molhados. Tim Burton sentiu que manter os atores molhados o tempo todo seria muito desconfortável.

15- A certa altura, Tim Burton considerou Arnold Schwarzenegger para o papel de Beetlejuice. No entanto, a The Geffen Company sentiu que, devido à reputação de Schwarzenegger como uma estrela de ação na época, as pessoas não levariam isso a sério. Mas Burton abordou Schwarzenegger de qualquer maneira. Ele recusou, pois estava ocupado filmando O Sobrevivente (1987).

16- Sobre o elenco: Juliette Lewis fez o teste para o papel de Lydia. Lori Loughlin, Diane Lane, Sarah Jessica Parker, Brooke Shields, Justine Bateman, Molly Ringwald e Jennifer Connelly recusaram o mesmo papel. Winona Ryder acabou sendo escalada pela força de sua atuação em A Inocência do Primeiro Amor (1986). Anjelica Huston foi originalmente seria Delia, mas ela estava doente e não pôde comparecer às filmagens. Kirstie Alley foi a primeira escolha para o papel de Bárbara, mas os produtores de Cheers (1982) não a deixaram rescindir o contrato para assumir o papel. Sigourney Weaver, Linda Blair, Goldie Hawn, Laura Dern e Linda Hamilton também foram consideradas para o papel. Bill Pullman foi considerado para o papel de Adam Maitland. Dustin Hoffman, Robin Williams, Christopher Lloyd, Jim Carrey, Tim Curry, Jack Nicholson, Bill Murray, Robert De Niro, Dudley Moore e John Cleese foram todos considerados para interpretar Betelgeuse. John Candy, John Goodman, Wayne Knight e Bob Hoskins foram considerados para Otho.

17- O sucesso de bilheteria do filme criou planos para uma sequência: Beetlejuice Goes Hawaiian. Um roteiro foi encomendado e Michael Keaton e Winona Ryder assinaram contrato para reprisar seus respectivos papéis. Tim Burton perdeu o interesse no projeto e foi dirigir Batman (1989) e Batman: O Retorno (1992).

18- Tanto Winona Ryder quanto Alec Baldwin tiveram participações especiais em Friends.

19- A Netflix começou como uma locadora que entregava DVDs. Os Fantasmas se Divertem foi o primeiro DVD enviado pela Netflix, em 1998.

20- Pra encerrar, não é exatamente uma curiosidade. Mas, uma vez, heu falei Beetlejuice Beetlejuice Beetlejuice, e olha quem apareceu! Brincadeira, era a coletiva do Robocop do José Padilha, no Copacabana Palace, e o Michael Keaton estava na coletiva. Quando fui embora, esbarrei com ele no saguão do hotel!

Os Fantasmas Ainda se Divertem

Crítica – Os Fantasmas Ainda se Divertem

Sinopse (imdb): Após uma tragédia familiar, três gerações da família Deetz voltam para casa em Winter River. Ainda assombrada por Beetlejuice, a vida de Lydia vira de cabeça para baixo quando sua filha adolescente acidentalmente abre o portal pós a morte.

Finalmente uma continuação do clássico oitentista Os Fantasmas se Divertem!

Lançado em 1988, Os Fantasmas se Divertem é um dos mais icônicos filmes da carreira de Tim Burton (diretor que coleciona títulos icônicos). Trinta e seis anos depois vemos a continuação, e a boa notícia é que quase todo o time principal está de volta.

Os Fantasmas se Divertem marcou toda uma geração com seu visual, personagens, figurinos e cenários característicos, além de muito humor negro (afinal, o filme trazia personagens mortos!). E Os Fantasmas Ainda se Divertem (Beetlejuice Beetlejuice, no original) traz tudo isso de volta.

Décadas se passaram, mas Beetlejuice ainda quer sair do mundo dos mortos e se casar com Lydia Deetz (Winona Ryder), que hoje tem um programa de TV ligado ao mundo sobrenatural e tem problemas de relacionamento com a filha.

Preciso dizer que gostei muito dos efeitos especiais. Alguns efeitos usados no filme de 88 são efeitos práticos que ficaram característicos, mas ao mesmo tempo são efeitos datados – com o cgi de hoje em dia ninguém mais usa efeitos como aqueles. Mas aqui em Os Fantasmas Ainda se Divertem há um bom equilíbrio entre os efeitos práticos e o cgi, e o resultado ficou muito bom. Vou além: adorei ver que aquela cobra da areia continua sendo stop motion!

A trilha sonora de Danny Elfman é tão boa quanto a do primeiro filme. Já os momentos musicais, nem tanto. O primeiro filme tem uma cena musical muito famosa, na mesa de jantar com a música Banana Boat Song. Parece que quiseram recriar algo assim, com a cena da igreja e a música MacArthur Park, mas a cena ficou interminavelmente longa. Foi cansativo chegar ao fim.

Alguns comentários sobre o elenco. Em primeiro lugar, todos os elogios possíveis ao Michael Keaton. Ele está ótimo como Beetlejuice, e como o personagem usa muita maquiagem, nem deu pra reparar que tanto tempo se passou (Alec Baldwin e Geena Davis não tinham como voltar porque os fantasmas não envelhecem mas os atores envelheceram). O humor do Beetlejuice é alucinado, e Keaton parece muito confortável no papel. No mundo dos vivos, o filme se divide entre as três gerações, Catherine O’Hara e Winona Ryder voltam aos seus papéis, e Jenna Ortega aparece como a novidade (possivelmente pensando num terceiro filme).

Danny De Vito só aparece em uma cena, uma ponta de luxo. Agora, não sei se gostei de outras duas participações no elenco. Willem Dafoe está bem, como sempre, mas seu papel é meio descartável. E ainda mais descartável é a Monica Bellucci, que parece que ganhou um papel só porque é a atual namorada de Tim Burton. Willem Dafoe e Monica Bellucci não estão mal, mas parecem desperdiçados. Tire os dois personagens e o filme não perde nada.

Ainda sobre o elenco, o personagem de Jeffrey Jones é importante para a trama, mas o ator esteve envolvido com pedofilia em 2003, então o roteiro criou uma solução para ter o personagem, mas não o ator.

Quem gosta do filme original vai curtir essa continuação!

Dumbo (2019)

Crítica – Dumbo (2019)

Sinopse (imdb): Um elefante jovem, cujas orelhas exageradas lhe permitem voar, ajuda a salvar um circo em dificuldades, mas quando o circo planeja um novo empreendimento, Dumbo e seus amigos descobrem segredos obscuros sob sua brilhante fachada.

E continuamos com as versões live action dos clássicos da Disney. Depois de Cinderela, Mogli e A Bela e a Fera, é a hora de Dumbo.

Dumbo (idem no original) foi dirigido por Tim Burton (que já tinha um Disney live action no currículo, Alice). Mas o resultado ficou mais próximo da mais Disney do que do Tim Burton, vemos pouco do tradicional estilo dark do diretor.

Comecemos pelos pontos fracos. O conceito inicial de Dumbo não funciona mais nos dias de hoje. Dumbo é “feio”, e era pra ser ridicularizado por isso. Mas, na boa, hoje em dia quem acharia feio um filhote de elefante? “Ah, mas ele tem orelhas grandes!” Ora, é um FILHOTE DE ELEFANTE!!! Duvido que exista algum cinema no Brasil onde a plateia não faça um “ohhh…” quando aparecer o Dumbo a primeira vez.

Mas aceito esse lance do Dumbo ser “feio” porque isso está na premissa básica do desenho original. Agora, o filme segue com inconsistências. Cito um exemplo: na primeira noite no grande circo, Dumbo voa por cima da plateia, e depois foge. Por que a plateia reclamou? Pagaram pra ver um elefante voando, o elefante voou. Se o dono do circo queria mais, isso é um problema interno, a plateia nunca ficaria sabendo.

Dumbo segue acumulando essas inconsistências, principalmente na parte final – detestei o ataque caricato do vilão na torre. Some a isso o fato que o Dumbo é um coadjuvante no seu próprio filme, o foco principal é a família.

Por outro lado, o cgi do elefante é impressionante. Chegamos a um estágio onde a animação é tão perfeita que se colocarem um animal real ao lado do cgi a gente não vai saber qual é qual. Além disso, Dumbo é um filme para crianças, e estas não vão reparar nas inconsistências citadas acima.

O elenco está ok. Colin Farrell, Eva Green, Michael Keaton, Danny DeVito e Alan Arker, nenhum destaque positivo, nenhum destaque negativo.

Agora aguardemos Aladdin e Rei Leão

Alice Através do Espelho

Alice - posterCrítica – Alice Através do Espelho

Ao atravessar um espelho, Alice volta ao País das Maravilhas, onde encontra o Chapeleiro Maluco doente. Para salvá-lo, ela precisa viajar no tempo e alterar o passado.

Em primeiro lugar, um esclarecimento: Alice Através do Espelho (Alice Through the Looking Glass, no original) parece, mas não é um filme do Tim Burton, que aqui está só como produtor. A direção é de James Bobin, o mesmo dos dois recentes longas dos Muppets. Mas o visual continua chamando a atenção.

O visual é o que Alice Através do Espelho tem de melhor. Bobin conseguiu manter a identidade visual que Tim Burton criou para o primeiro filme, Alice no País das Maravilhas, de 2010. Vemos aqui vários cenários e figurinos bem elaborados – e por mais que a gente saiba que boa parte é cgi, isso não atrapalha.

Por outro lado, a história é fraca. Nunca li o “Através do Espelho” original, não sei o quanto do que vemos na tela está no livro (li por aí que o livro é completamente diferente, e tem lógica, acho difícil um livro antigo ter uma personagem feminina tão forte). Mas essa história da Alice viajando no tempo ficou bem sem graça.

O elenco é ótimo. Todos que estavam no primeiro filme voltaram: Mia Wasikowska, Johnny Depp, Anne Hathaway, Helena Bonham Carter e as vozes de Alan Rickman, Timothy Spall e Stephen Fry. A única novidade é Sacha Baron Cohen, que está bem como o Tempo. Ah, este foi o último filme de Rickman, homenageado nos créditos.

Alice Através do Espelho não vai desagradar os fãs do filme anterior. Mas é bom não esperar muito.

Grandes Olhos

Grandes OlhosCrítica – Grandes Olhos

Filme novo do Tim Burton!

Cinebiografia da pintora Margaret Keane, seu sucesso nos anos 50, e as subsequentes dificuldades legais que ela teve com seu marido, que levou crédito pela autoria dos seus quadros nos anos 60.

De vez em quando falo aqui sobre alguns raros autores que ainda sobrevivem no cinema contemporâneo. Gente como Wes Anderson (que concorre ao Oscar este ano!), Terry Gilliam e Tim Burton. Diretores que conseguem ter um estilo próprio: você vê o filme e logo identifica quem é o diretor.

Pena. Grandes Olhos (Big Eyes, no original) não parece um filme do Tim Burton…

Burton tem uma filmografia que foge do lugar comum, seus filmes sempre têm um pé no dark, no gótico, no estranho, no esquisito. E Grandes Olhos é exatamente o oposto disso: um filme convencional e linear – e previsível. (Pra não dizer que não tem nada no estilo de Tim Burton no filme, a “cena dos olhos”, no supermercado, é a cara do diretor. E é um dos melhores momentos do filme. Pena que passa rapidinho…)

Se salvam as atuações do casal principal. Amy Adams está ótima como a protagonista, inclusive ganhou o Globo de Ouro de melhor atriz por este filme no mês passado. E é sempre delicioso ver Christoph Waltz, mesmo que esteja no limite da caricatura com o seu “quase vilão”. Por outro lado, os coadjuvantes são fracos, mas não culpo o elenco, e sim o roteiro – tire as cenas com a Krysten Ritter, e o filme continua igual. Ainda no elenco, Danny Houston, Terence Stamp e Jason Schwartzman.

Grandes Olhos não chega exatamente a ser ruim, mas vai decepcionar muita gente. Principalmente os fãs do Tim Burton.

O Estranho Mundo de Jack

O-Estranho-Mundo-de-JackCrítica – O Estranho Mundo de Jack

Que tal um filme de natal?

Jack Skellington, rei da cidade do Halloween, descobre a cidade do Natal e resolve sequestrar o Papai Noel para fazer o seu natal. Mas parece que Jack não entendeu muito bem o conceito.

Antes de tudo, vamos esclarecer uma confusão: afinal, O Estranho Mundo de Jack (Nightmare Before Christmas, no original) é Tim Burton ou não?

No início dos anos 80, quando ainda era um animador da Walt Disney Animation Studios, Tim Burton escreveu um poema de três páginas intitulado “The Nightmare Before Christmas”. Sua inspiração veio de especiais da tv como Rudolph, a Rena do Nariz Vermelho e Como o Grinch Roubou o Natal. Com o sucesso do curta Vincent (que mais tarde originaria o longa Frankenweenie) em 1982, a Disney começou a considerar O Estranho Mundo de Jack como um curta-metragem ou um especial de tv de 30 minutos. Burton criou a arte conceitual e o storyboard, além de trabalhar na modelação das personagens. Também queria ter Vincent Price como narrador.

Mas Burton estava enrolado com as filmagens de Batman O Retorno e a pré produção de Ed Wood, então apresentou o projeto a Henry Selick (James e o Pêssego Gigante, Coraline), que também era um animador da Disney no início da década de 1980, e que acabou assumindo a direção – Burton ficou no roteiro e na produção. Ou seja, é Tim Burton, mas também não é…

Independente de quem é “o pai da criança”, O Estranho Mundo de Jack é um grande filme, um clássico moderno da animação, e um dos melhores filmes na história do stop motion. Digo mais: hoje o personagem Jack Skellington é cultuado como um dos maiores ícones darks da cultura pop contemporânea.

É difícil classificar O Estranho Mundo de Jack . Talvez seja muito infantil para os adultos e muito dark para as crianças. Mas quem estiver de coração aberto vai ver uma deliciosa fábula. (É curioso notarmos que Jack não é malvado. Ele tinha boas intenções, mas se atrapalhou e acabou tomando caminhos errados. Ou seja, serve também para crianças.)

A parte técnica enche os olhos, mesmo visto hoje, mais de vinte anos depois do lançamento. O stop motion é perfeito, e os cenários são cheios de detalhes em cada cena. A fotografia chama a atenção, usando um contraste entre o escuro sombrio da cidade do Halloween contra o muito colorido da cidade do Natal.

Se O Estranho Mundo de Jack tem um defeito, é que na minha humilde opinião, não tinha história para preencher um longa metragem. A trilha sonora de Danny Elfman é boa, mas achei que são músicas demais, às vezes cansa – e olha que o filme tem apenas 76 minutos. Talvez fosse melhor um filme de 30 minutos mesmo…

Falando em Elfman, ele dubla Jack nas músicas. Durante os diálogos, a voz é de Chris Sarandon. Catherine O’Hara, que tinha feito Os Fantasmas se Divertem com Burton, dubla Sally.

O Estranho Mundo de Jack é a sugestão de filme pra hoje. Feliz natal pra todos!

Frankenweenie

Crítica – Frankenweenie

Novo longa-metragem em animação stop motion de Tim Burton!

Depois de perder inesperadamente o seu querido cão Sparky, o menino Victor usa experimentos com energia elétrica aprendidos na aula de ciências para trazer seu melhor amigo de volta à vida.

Tim Burton começou a chamar a atenção em 1988, com Beetlejuice – Os Fantasmas Se Divertem, seu terceiro longa-metragem. Mas ele já tinha feito alguns curtas interessantes antes. Um deles, de 1984, era justamente Frankenweenie, também em stop motion. Agora que Tim Burton é um nome consagrado em Hollywood, ele resolveu retomar seu velho curta e transformá-lo em um longa. Como já era previsível, o resultado ficou muito bom!

Falei previsível porque já mencionei aqui que Tim Burton é um dos poucos diretores contemporâneos com personalidade própria. Seus filmes quase sempre têm “cara de Tim Burton”. E ele usar stop motion em um longa não é exatamente uma novidade – ele produziu O Estranho Mundo de Jack em 1993 e dirigiu A Noiva Cadáver em 2005.

O melhor de Frankenweenie são as inúmeras referências a filmes clássicos de terror, como o Frankenstein de 1931 (a referência mais óbvia, na cena onde Sparky é trazido de volta), A Noiva de Frankenstein (o “cabelo” da cachorrinha), Gamera (ou Godzilla), A Múmia, nomes de alguns personagens (Elsa Van Helsing, Edgar E. Gore), o professor que tem a cara do Vincent Price, e até Gremlins (os ‘kikos marinhos”). Isso sem contar com Christopher Lee, que aparece em imagens de arquivo, tiradas do filme Drácula, O Vampiro da Noite.

Outra coisa muito legal é a caracterização dos personagens. A turma da escola só tem freaks, cada personagem é melhor que o outro! Adorei a menina dona do gato, com olhos enormes e pupilas minúsculas. Também gostei muito da fotografia em preto e branco e da trilha sonora de Danny Elfman.

Justamente por estes fatores citados nos dois parágrafos acima, não sei se o filme vai agradar os mais novos. O filme não é exatamente para crianças, apesar de não ser assustador – é uma mistura de terror com fantasia, com pitadas de drama e de comédia. Aliás, é bom falar: não é exatamente uma comédia, mas traz uma cena engraçadíssima de humor negro (a cena do “Colosso”).

Vi o filme dublado, então não posso falar muito sobre o elenco, que conta com vozes de Winona Ryder, Martin Landau, Martin Short e Catherine O’Hara, contracenando com crianças menos conhecidas como Charlie Tahan e Atticus Shaffer. Curiosamente, Frankenweenie não tem Johnny Depp nem Helena Bonham-Carter, os “atores assinatura” de Burton – é a primeira vez desde Peixe Grande (2003) que Depp não está num filme de Burton (foram cinco filmes seguidos).

O fim do filme traz um final “disneyano” desnecessário (o filme é da Disney), o fã de Tim Burton não precisa necessariamente de um final feliz. Mas nada que estrague o filme.

p.s.: Procurei no youtube o curta Frankenweenie original, de 1984, mas só achei este link que traz também outro curta, Vincent, feito em stop motion pelo mesmo Tim Burton dois anos antes, em 1982. Frankenweenie começa aos 5:57. Mas recomendo ver os dois!

Sombras da Noite

Crítica – Sombras da Noite

Uêba! Filme novo do Tim Burton!

No sec XVIII, o rico comerciante Barnabas Collins quebra o coração de uma bruxa. Como vingança, ela o transforma em vampiro e o deixa preso num caixão por duzentos anos. Em 1972, Barnabas consegue sair, e encontra sua mansão e sua família em ruínas.

Sombras da Noite (Dark Shadows, no original) é a adaptação de um antigo programa de tv homônimo, que foi ao ar entre 1966 e 1971. Não conheço o programa de tv, então não posso dizer se foi uma boa adaptação. Mas o filme, apesar de alguns escorregões aqui e ali, é divertido.

Vamos primeiro ao que funciona. Tim Burton é um dos poucos cineastas com personalidade na Hollywood contemporânea – seus filmes têm “cara de Tim Burton”. E Sombras da Noite tem essa “cara”, um filme ao mesmo tempo sombrio e engraçado, com o visual cheio de cores e detalhes que remetem a outros filmes do diretor, como Os Fantasmas se Divertem, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça e A Noiva Cadáver. A direção de arte e a fotografia são pontos muito positivos aqui, pelo menos para os apreciadores do estilo de Burton. E a ambientação nos anos 70 está excelente.

O elenco é outro destaque. Pela oitava vez, Johnny Depp trabalha em um filme de Tim Burton – mais uma vez, ao lado de Helena Bonham-Carter (a dupla esteve junta nos quatro filmes anteriores de Burton, A Fantástica Fábrica de Chocolate, Noiva Cadáver, Sweeney Todd e Alice no País das Maravilhas). Ambos estão muito bem, assim como Michelle Pfeiffer e Jackie Earle Haley. Mas o melhor do filme são as atuações da jovem Chloë Grace Moretz, cada vez mais madura e melhor atriz; e de Eva Green, fantástica como a bruxa. Ainda no elenco, Jonny Lee Miller, Bella Heathcote e Gulliver McGrath, além de participações especiais de Christopher Lee e Alice Cooper (interpretando ele mesmo).

Mas… A história não tem muita consistência, parece que o roteiro só funciona nas boas piadas sobre a dificuldade de adaptação de um vampiro do sec XVIII aos anos 70 (algumas das melhores cenas são explorando isso). No resto, a trama não convence muito. Um exemplo: fica claro porque Barnabas quer Victoria, mas por que ela se apaixonaria por ele?

Mesmo assim, gostei de Sombras da Noite. Leve e divertido, com um pé na bizarrice – como todo bom filme do Tim Burton deve ser!

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Se você gostou de Sombras da Noite, o Blog do Heu recomenda:
Alice no País das Maravilhas
A Hora do Espanto
Deixe-Me Entrar

9 – A Salvação

9 – A Salvação

Um boneco de pano acorda num ambiente desértico pós apocalíptico, onde não se vê mais ninguém vivo. Acaba encontrando outros bonecos parecidos com ele e tenta convencê-los a juntos lutarem contra uma besta mecânica.

Antes de virar um longa, o diretor Shane Acker fez um curta (que você pode ver aqui), em 2005, que chegou a ser indicado ao Oscar. Tim Burton viu e gostou, e resolveu produzir a transformação deste curta num longa. E de quebra ainda chamou o russo Timur Bekmambetov (de Guardiões da Noite) para ajudar na produção.

Ter virado um longa teve seu lado bom e seu lado ruim. Por um lado, os personagens e cenários estão mais bem explorados; mas em compensação, em alguns momentos, rola encheção de linguiça – não precisávamos de tantas explicações sobre a guerra, por exemplo!

Uma vantagem de ter virado uma grande produção é o elenco que dublou. Se o curta não tinha diálogos, este longa tem Elijah Wood, Jennifer Connelly, Christopher Plummer, Martin Landau, John C. Reilly e Crispin Glover. Conhecemos cada boneco e sua personalidade diferente, isso ficou melhor no longa do que no curta.

O visual de 9 – A Salvação chama a atenção. Os cenários pós guerra são belíssimos, e os bonecos de pano são muito bem feitos – acredito que fariam sucesso numa loja de brinquedos…

O filme flui bem até quase o fim. Mas heu, particularmente, detestei o final. Não vou falar aqui por causa de spoilers, mas achei o fim decepcionante. Talvez exista uma explicação que heu não entendi…

Apesar de não ser exatamente uma animação para o público infantil, 9 – A Salvação pode agradar as crianças – minha filha de nove anos viu e gostou. Ela só não gostou do final…

Alice no País das Maravilhas

Alice no País das Maravilhas

Heu já estava na pilha para ver este filme há um tempo, desde que vi a minissérie para tv Alice, do SyFy. Mas tive que esperar para ver junto com a minha filha de nove anos. Afinal, o nome dela é Alice…

No filme, Alice, agora com 19 anos, foge de uma festa onde ela será proposta em casamento, e acaba caindo novamente no buraco do coelho. O problema é que ela não se lembra de nada da sua visita anterior, e seus antigos amigos tampouco têm certeza se é a “Alice certa”. E agora Alice precisa cumprir o seu destino e lutar contra a Rainha Vermelha.

Alice no País das Maravilhas é Tim Burton, né? Burton é um dos poucos cineastas com um trabalho autoral atualmente. E a história de Lewis Carroll da Alice no País das Maravilhas se encaixa perfeitamente no seu estilo viajante. O visual do filme é alucinante. Tudo, cenários, cores, personagens, props (objetos de cena), tudo é muito legal dese ver.

(Em 1989, li o livro original. É uma grande viagem lisérgica. Na época, fiquei imaginando que o único diretor capaz de transpor isso para as telas seria Terry Gilliam. Afinal, na época, Gilliam tinha acabado de fazer As Aventuras do Barão Munchausen, enquanto Burton estava envolvido no primeiro filme do Batman. Mas admito que Burton fez um bom trabalho. Será que existe em Hollywood um terceiro diretor capaz de um fato destes? Que tal uma versão mais dark por Guillermo del Toro?)

A ainda desconhecida australiana Mia Wasikowska interpreta o papel título, num filme onde poucos atores mostram a cara de verdade. Digo isso porque efeitos de maquiagem e de cgi mudaram bastante as feições de Johnny Depp e Helena Bonham Carter (atores que estão em boa parte dos filmes de Burton), e também de Anne Hathaway e Crispin Glover.  Isso porque vi a versão dublada, então nem ouvi as vozes de Stephen Fry, Michael Sheen, Alan Rickman, Timothy Spall e Christopher Lee…

Os efeitos especiais são excelentes. Alice muda de tamanho diversas vezes, animais conversam, um dos exércitos é de cartas enquanto o outro é de peças de xadrez… Os efeitos são tão detalhistas que o Valete de Crispin Glover parece um boneco e não uma pessoa!

De negativo, podemos constatar que o 3D não é lá grandes coisas. Alice no País das Maravilhas não foi filmado em 3D, o efeito foi inserido depois, dividindo o filme em camadas, então não tem profundidade. Não acho certo que o espectador pague mais caro por isso!

Para finalizar, deixo uma pergunta para quem viu o filme: Você sabe qual é semelhança entre um corvo e uma escrivaninha?