Longlegs: Vínculo Mortal

Crítica – Longlegs: Vínculo Mortal

Sinopse (imdb): Uma agente do FBI é designada para um caso envolvendo um assassino em série impiedoso. Conforme desvenda pistas, ela se vê confrontada com uma conexão pessoal inesperada com o assassino, lançando-a em uma corrida contra o tempo.

Longlegs é o novo projeto da produtora Neon, que tem alguns grandes títulos no catálogo, como Parasita e Anatomia de uma Queda, mas que também tem vários títulos bem alternativos, como Pig, Titane, Infinity Pool e Triângulo da Tristeza. Longlegs se encaixa mais nesse segundo grupo, um filme esquisitão, que vai dividir a opinião de boa parte do público.

A direção e o roteiro são de Oz Perkins, filho de Anthony Perkins, aquele mesmo, de Psicose. Lembro de Maria e João, do mesmo diretor, filme com um visual ótimo, mas com um resultado final bem chato. Oz Perkins mandou melhor em Longlegs.

Longlegs parece uma mistura de Silêncio dos Inocentes com Zodíaco, mas em versão terror. Um filme lento e tenso, onde acompanhamos uma agente do FBI envolvida em uma série de crimes que aconteceram nas últimas décadas, crimes misteriosos onde o suspeito nunca estava presente, mas sempre deixava no local uma carta em código.

Longlegs é assumidamente esquisitão. É daquele tipo de filme que não explica muita coisa, e que guarda elementos pra serem expostos nos momentos certos. Heu me senti envolvido pelo mistério de um suposto assassino que nunca aparece até o local do crime – e não falo mais por causa de spoilers.

Um parágrafo à parte pra falar da atuação do Nicolas Cage. Achei estranho quando vi o trailer e reparei que Cage não aparece – como assim você tem um nome importante no seu elenco e escolhe não mostrá-lo no trailer? Mas foi um acerto. Cage aparece pouco, mas é uma atuação muito intensa. Me lembrei de Mandy – Cage é exagerado, ele é conhecido pelo over acting, e Mandy soube usar isso, criando um personagem propositalmente acima do tom. Longlegs faz algo semelhante, Cage aqui está muito exagerado, e isso combina perfeitamente com a proposta do personagem.

Maika Monroe, protagonista, também está bem, mas quem se destaca é Cage, mesmo com muito menos tempo de tela. Ainda no elenco, Alicia Witt, aquela mesma de Duna (84) e Lenda Urbana (98).

Como comentei no início, Longlegs não é pra qualquer público, quem prefere o “terror parque de diversões” à la James Wan vai reclamar. Mas é uma boa opção pra quem curte um filme fora da curva.

Sob as Águas do Sena

Crítica – Sob as Águas do Sena

Sinopse (imdb): Um tubarão gigante apareceu no rio Sena, em Paris. Para evitar a catástrofe, uma cientista vai ter que encarar as tragédias do próprio passado.

Olimpíadas em Paris rolando, fui catar um filme relacionado. Que tal Sob as Águas do Sena (Sous la Seine, no original), filme francês de tubarão que se passa em Paris às vésperas dos jogos?

Dirigido por Xavier Gens, diretor do ultra violento Frontière(s), de 2007, e que recentemente dirigiu alguns episódios da série Gangs of London, Sob as Águas do Sena traz um tubarão no Rio Sena. É uma ideia aparentemente absurda, mas, na verdade um tubarão já foi avistado no rio Tâmisa, em Londres. Claro que o filme exagera essa ideia, e o tubarão aqui é mutante, muito maior que o normal, e se reproduz muito mais rápido.

Para tentar se diferenciar um pouco dos clichês de filme de tubarão, Sob as Águas do Sena tem um grupo de personagens ecologistas radicais, daqueles que querem salvar o tubarão, mesmo que pra isso humanos precisem morrer. Mas, não sei se foi proposital ou não, mas esse grupo de ecochatos é muito irritante. Tanto que – pequeno spoiler – quando o tubarão ataca a líder do grupo, comemorei!

De resto, Sob as Águas do Sena é mais do mesmo. Um tubarão de cgi que às vezes funciona, outras vezes não, algumas boas cenas de ataques de tubarão, e outras cenas onde a gente se questiona qual é a lógica – tipo aquela cena nas catacumbas onde metade das pessoas, do nada, começa a se desequilibrar e cair na água; ou uma cena onde vemos dezenas de tubarões adultos e se pergunta como eles se alimentam (até aquele momento só o tubarão principal tinha aparecido para o público).

No elenco, achei uma agradável surpresa ver Bérénice Bejo, de O Artista, no papel principal. Não que seja um papel que exija muito talento, mas pelo menos ela manda bem.

Agora, preciso comentar uma coisa, mas é sobre o fim do filme, então vamos aos avisos de spoilers

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Queria comentar duas coisas que acontecem no fim do filme. Uma delas é bem forçada, mas está dentro da lógica proposta pelo filme. A outra, sinceramente não entendi de onde veio.

Vamos para a primeira. No início do filme, vemos duas pessoas com detectores de metais procurando coisas no fundo do rio Sena, que acham uma bomba. O filme então explica que existem bombas no fundo do rio. Pelo que entendi, essas bombas estão lá desde a Segunda Guerra Mundial, ou seja, há quase 80 anos. Até aí, ok. No fim do filme, vemos pessoas atirando, para tentar matar o tubarão, e um desses tiros atinge uma bomba e causa uma explosão. De novo, até aí, ok. O problema é que essa explosão de bomba causa uma reação em cadeia e várias outras bombas em volta também explodem. O filme mostra dezenas de explosões ao longo do rio, destruindo várias pontes. Não vou reclamar disso, afinal o filme menciona a existência dessas bombas. Mas é esquisito pensar que tem bombas no fundo do rio há quase 80 anos e que, de repente, todas vão explodir em uma reação em cadeia.

Já o segundo comentário é sobre uma coisa que heu sinceramente não entendi de onde veio. De repente aparece um tsunami vindo pelo rio. E as cenas finais do filme mostram Paris debaixo da água. Sabe as imagens que a gente viu do Rio Grande do Sul esse ano, com cidades submersas? Pois é, Paris está daquele jeito. Não entendo muito da geografia de Paris, da geografia da França, mas, pelo que heu lembro, não tem como represar aquela água toda. De onde veio toda aquela água que inundou Paris, e por que a água não escoou?

Sério, se alguém souber a resposta, me avise!

FIM DOS SPOILERS!

Mesmo com esse fim completamente aleatório, Sob as Águas do Sena serve para o proposto. Porque afinal, ninguém vai esperar muito de um filme de tubarão no rio Sena.

Alien: Romulus

Crítica – Alien Romulus

Sinopse (imdb): Enquanto exploram as profundezas de uma estação espacial abandonada, um grupo de jovens colonizadores espaciais se depara com a forma de vida mais aterrorizante do universo.

E vamos a mais um Alien!

Antes, um breve recap: o primeiro Alien, de 1979, dirigido por Ridley Scott, é um clássico absoluto, um dos melhores filmes de terror e ficção científica da história. O segundo, de 86, dirigido por James Cameron, é uma ótima continuação. Tivemos um terceiro em 92 dirigido por David Fincher e um quarto em 97 dirigido por Jean Pierre Jeunet, ambos com algumas qualidades mas também alguns problemas. Tem dois Alien versus Predador, uma ideia que no papel era ótima, mas os dois filmes são muito ruins. E em 2012 o próprio Ridley Scott voltou à franquia, com Prometheus, e cinco anos depois, com Covenant, dois filmes com mais problemas do que méritos.

Agora é a vez de Fede Alvarez, que surgiu fazendo o novo Evil Dead (que é um bom filme, mas NÃO É Evil Dead!!!), e depois fez o bom O Homem nas Trevas. E Alvarez consegue um resultado muito melhor que os últimos filmes!

(Falei dos outros filmes só pra avisar que é bom ver ou rever o primeirão antes de ver este aqui, que se passa entre os dois primeiros. Alien: Romulus traz algumas referências ao Alien de 1979.)

Alien: Romulus (idem, no original) parte de uma premissa parecida com O Homem nas Trevas: um grupo de jovens precisa invadir um local pra roubar uma coisa. A princípio algo simples, entrar, pegar e sair. Mas eles acabam presos junto com algo perigoso dentro desse local.

Alien: Romulus começa num planeta minerador, onde pessoas são oprimidas pela corporação Weyland Yutani (do primeiro filme), e um grupo de jovens quer sair de lá para tentar a vida num lugar melhor. Só que o lugar mais perto está a 9 anos de distância, então eles precisam de cápsulas de criogenia para se congelarem durante a viagem. Invadem então uma estação abandonada, mas não sabem que a nave está cheia de “face huggers”.

Fede Alvarez conseguiu criar um clima e um visual fantástico para o seu filme. É uma ficção científica “velha” e “suja”, muitas coisas lembram o primeiro filme, de 45 anos atrás, tudo meio retrô. Os efeitos especiais são perfeitos, tanto na parte das naves, quanto nos face huggers e xenomorfos (que não custa lembrar, foram criados por H R Giger!). E outro mérito de Alien: Romulus é que voltou a ser um filme de terror como o Alien original, tem algumas cenas bem tensas e alguns jump scares.

Ouvi críticas com relação a alguns pontos do roteiro serem cópias dos filmes anteriores. Verdade, algumas cenas realmente repetem ideias que já vimos antes em outros filmes da franquia. Mas não achei isso algo negativo. Já falei aqui no heuvi diversas vezes: o problema não é reciclar uma ideia, o problema é quando você recicla essa ideia e o resultado fica ruim. Alien: Romulus recicla ideias e entrega um resultado empolgante e num clima excepcionalmente bem construído.

No elenco, a “final girl” da vez é Cailee Spaeny (Guerra Civil, Priscilla), que se esforça pra ser a “nova Ripley”. Ouvi comentários de que ela não tem o carisma da Sigourney Weaver. Isso pode até ser verdade, mas, por outro lado,  Sigourney Weaver está com 74 anos, não tem como trazê-la de volta num novo filme! Vamos abrir espaço pra galera mais nova!

Agora, preciso dizer que não gostei da parte final. Sem spoilers aqui, mas achei o “monstro final” inferior aos que aparecem ao longo do filme.

Mesmo com o problema no final, ainda achei um filmão. Merece ser visto nos cinemas!

The Mouse Trap

Critica – The Mouse Trap

Sinopse (imdb): É o aniversário de 21 anos de Alex, mas ela está presa no fliperama em um turno tardio, então seus amigos decidem fazer uma surpresa para ela, mas um assassino mascarado vestido de Mickey Mouse decide jogar um jogo com eles.

O aguardado “filme de terror do Mickey”! Mas… The Mouse Trap é tão ruim que nem sei por onde começar. Porque, como cinema, é um filme péssimo; e pra piorar, não tem nada a ver com o Mickey, o que seria o grande chamariz.

Qual é a história por trás desse filme? Há pouco tempo, tivemos o filme de terror do Ursinho Pooh, que apesar de muito ruim foi um sucesso – como foi um filme muito barato, proporcionalmente ele rendeu muito dinheiro. Ou seja, descobriram que pegar personagens infantis clássicos e transforma-los em terror podia ser algo lucrativo. E aí descobriram que o desenho Steamboat Willie, o primeiro desenho do Mickey Mouse, ia entrar em domínio público. Por que não criar um filme de terror com o Mickey Mouse?

Para começar, se a proposta é fazer um filme de terror com o Mickey Mouse, que tal criar uma trama de alguma maneira ligada ao personagem? Porque o roteiro de The Mouse Trap não tem nada a ver com o Mickey. Um cara coloca uma máscara e ganha super poderes, consegue se teletransportar de um lugar para o outro. Como? Sei lá, mas isso é o de menos, sempre tivemos vilões slasher que desafiavam as leis da física e (quase) nunca reclamamos. O ponto é: o que isso tem a ver com o Mickey? O personagem já se teletransportou em alguma historinha? Por que diabos quando o cara vira um “Mickey assassino”, ele passa a ter o poder de teletransporte? Se você vai fazer uma história de terror com o Mickey, por que não pensar em alguma coisa que tenha a ver com o personagem???

Heu não vou falar das atuações ruins e dos diálogos ruins porque isso era algo meio esperado. Mas sim, todas as atuações aqui são péssimas e todos os diálogos são muito mal escritos. Outra coisa que também acontece são erros de continuidade, tipo, tem uma cena onde uma personagem está suja de sangue, logo depois ela não está mais suja, mas na cena seguinte ela está novamente suja.

Calma que ainda piora. Um filme de terror pode ser ruim, mas ele pode pelo menos ter algum gore e mostrar mortes bem feitas – In a Violent Nature vai desagradar muita gente, mas ninguém vai reclamar das mortes. Mas aqui isso não acontece – não só não tem nenhuma morte graficamente bem feita, como o filme acaba antes de terminar de matar os personagens. Você vê que eles estão numa armadilha, você sabe que eles vão morrer, mas o filme acaba antes e não mostra. Por que??? The Mouse Trap tem cenas longas com diálogos chatos, mas na hora que vai mostrar o que o espectador quer ver, acaba o filme.

Tem outra coisa que também ficou bem esquisita. A história é contada por uma única sobrevivente do massacre, só que a gente vê ao longo do filme que ela teve o pé gravemente ferido pelo vilão. Ela não consegue mais andar, precisa de cuidados médicos, e é resgatada pelos bombeiros. Mas ela dá o depoimento pra dois policiais de dentro de uma cela, ainda com a mesma roupa – ou seja, ela foi presa como suspeita. Mas, será que alguém que alguém com o pé ferido daquele jeito não seria medicada antes de ir pra uma cela? Mais: como é que ela sabe tantos detalhes se ela não estava presente?

Mas eu acho que o pior de tudo é ser um filme de terror que não assusta, que não dá medo – e que é um filme chato. São uma hora e vinte, incluindo os créditos, e mesmo assim o filme é arrastaaado. E tem uma cena pós créditos que aparentemente só está ali pra tentar uma continuação.

Forte candidato a pior do ano.

O Exorcismo

Crítica – O Exorcismo

Sinopse (imdb): Um ator problemático começa a exibir um comportamento perturbador enquanto filma um filme de terror. Sua filha distante se pergunta se ele está voltando aos vícios do passado ou se há algo mais sinistro em jogo.

Ano passado tivemos O Exorcista do Papa, filme meia boca que só valia pela participação do Russell Crowe. Ih, olha lá, Russell Crowe está em cartaz em outro filme com o mesmo tema! Só que aqui, em vez de ser um padre, ele é um ator contratado pra fazer um filme de exorcismo.

A direção é de Joshua John Miller, roteirista do divertido Terror nos Bastidores, e estava no elenco de Quando Chega a Escuridão, filme cult de vampiro dos anos 80. Joshua é filho do ator Jason Miller, que fez o que padre Karras no filme O Exorcista, de 1973. Pelo jeito, Joshua quis homenagear o pai. Não me lembro se o filme deixa claro, mas parece que, dentro do filme, estão fazendo uma refilmagem de O Exorcista. O filme dentro do filme se chama “The Georgetown Project”; Georgetown é a cidade onde se passa o filme de 1973.

Apesar de estar sendo lançado só agora, O Exorcismo foi filmado em 2019, mas ficou guardado e parece que só “saiu da geladeira” depois do relativo sucesso de O Exorcismo do Papa. Pelo que li por aí, O Exorcismo passou por refilmagens. Não sei o que foi alterado do filme de cinco anos atrás, mas dá pra ver que o resultado agora ficou meio bagunçado.

O Exorcismo tem algumas coisas mal resolvidas. Por exemplo, o filme abre com uma morte sobrenatural, e depois apresenta um personagem (Crowe) com um problema que deixaria o espectador na dúvida se é algo real ou sobrenatural. Mas, caramba, o filme já disse pra gente, na cena de abertura, que era sobrenatural, não cabe mais essa dúvida!

E o filme segue nessa pegada de “não sabemos pra onde estamos indo”. O protagonista teve um trauma na igreja quando criança, que acho que era pra ser um plot twist, mas seria o plot twist mais mal construído do cinema este ano, e esse trauma não leva a lugar nenhum. O mesmo digo sobre o personagem do Sam Worthington, personagem mal elaborado e que tem um fim completamente sem sentido. Além disso, preciso dizer que rola uma cena onde o protagonista é possuído no meio do set de filmagens, que é uma cena bem ruim, e, mais uma vez, não leva a lugar nenhum.

Pena. O resultado final ficou devendo. O Exorcismo não é o pior filme de exorcista dos últimos tempos, afinal estamos traumatizados com o horroroso O Exorcista O Devoto, do ano passado. Mas mesmo assim está bem longe de ser um bom filme.

Sting: Aranha Assassina

Critica – Sting: Aranha Assassina

Sinopse (imdb): Depois de criar em segredo uma aranha incrivelmente talentosa, Charlotte, de 12 anos, deve enfrentar os fatos sobre seu animal de estimação – e lutar pela sobrevivência de sua família.

Falei há pouco sobre um filme francês de aranhas assassinas, hoje é dia de falar de um filme australiano de aranhas assassinas. Mas são filmes bem diferentes. Se Infestação era um filme mais sério, com uma crítica social embutida, fazendo um paralelo com imigrantes indesejados, Sting: Aranha Assassina é mais galhofa, é mais um “filme de monstro”. E, na minha humilde opinião, o resultado aqui, despretensioso e divertido, ficou melhor.

Dirigido por Kiah Roache-Turner, Sting: Aranha Assassina já começa no meio da ação, e depois a narrativa volta quatro dias pra mostrar como tudo começou: um pequeno meteorito cai dentro de um apartamento, e de dentro dele sai uma aranha. Uma menina resolve “adotar” a aranha, que começa a crescer cada vez mais.

Sting: Aranha Assassina é basicamente um filme de sobrevivência contra um monstro, mas o roteiro tem algumas boas sacadas, como colocar a trama no meio de uma nevasca que assola a cidade, isolando ainda mais os personagens, e também criar um conflito entre a jovem protagonista Charlotte e seu padrasto.

Ainda rolam algumas divertidas referências a outros filmes, tipo a frase “if it bleed, we can kill it” (se sangra, podemos matar), de Predador; ou o personagem usar uma pistola de pregos, como em Aracnofobia; ou ainda alguns momentos que lembram Alien.

Por outro lado, precisamos reconhecer que rolam algumas forçações de barra. Vou dar só um exemplo: Charlotte guarda a aranha num pote de vidro com uma tampa de rosca. Determinado momento vemos que a aranha consegue abrir a tampa, por dentro do pote. Já é meio forçado acreditar que uma aranha consiga abrir uma tampa daquele jeito, mas, seria impossível a aranha fechar o pote depois de voltar!

Gostei da parte técnica. Não sei se eram efeitos práticos ou digitais, o imdb não traz informações sobre isso. Mas posso dizer que funcionou. Todas as cenas com a aranha são boas.

No elenco, foi uma agradável surpresa ver Alyla Browne, a versão criança da Furiosa. Mais uma vez, a menina manda bem, vou aguardar novos filmes com ela. Por outro lado, não gostei do Jermaine Fowler, o exterminador, achei ele caricato demais, acima do tom do resto do filme. Também no elenco, Ryan Corr, Penelope Mitchell e a voz de Kate Walsh ao telefone.

Segundo o FilmeB, Sting: Aranha Assassina estreia aqui dia 19 de setembro.

Arcadian / Depois do Apocalipse

Crítica – Arcadian / Depois do Apocalipse

Sinopse (imdb): Um pai e seus filhos gêmeos adolescentes lutam para sobreviver em uma casa de fazenda remota no fim do mundo.

Filme pós apocalíptico, de monstro, e estrelado pelo Nicolas Cage. Claro que entra no meu radar!

Parece uma versão de Um Lugar Silencioso, mas com monstros sensíveis à luz em vez do som. Não tenho nada contra ideias recicladas, mas o filme precisa ser bom, e Arcadian tem algumas ideias boas, outras nem tanto.

Dirigido pelo pouco conhecido Benjamin Brewer, Arcadian explica pouca coisa. O filme começa com o Nicolas Cage fugindo, e ouvimos ao fundo gritos e sons de tiros, mas não vemos nada. Passam-se alguns anos e agora nosso protagonista vive num lugar isolado, acompanhado pelos seus dois filhos. E sabemos que, quando a noite cai, algo espreita a casa, mas não sabemos o que.

A primeira cena onde vemos algo do monstro é sensacional, quando vemos a “mão” da criatura tentando entrar por um buraco na porta. Mesmo assim, continuamos sem saber como é o tal monstro! Gosto desse conceito, de se manter o mistério sobre o que é a criatura, defendo isso desde o primeiro Alien, de 1979. É muito mais assustador quando não sabemos o que está atacando!

Quando o monstro finalmente aparece, tem uma coisa que gostei, outra nem tanto. Gostei da velocidade das mandíbulas quando eles atacam, aquilo ficou realmente assustador. Por outro lado, não entendi o lance deles se juntarem e virarem uma grande roda. É o mesmo tipo de criatura ou tem outra espécie capaz de fazer aquilo?

Os efeitos especiais são apenas ok. Muitas cenas escuras, provavelmente pra esconder falhas no cgi. E em algumas cenas, o cgi dos monstros fica muito aparente. Além disso, a câmera é tremida o tempo todo. Às vezes dá nervoso.

Agora, Arcadian tem um problema na segunda metade. Acontece uma coisa com o personagem do Nicolas Cage e ele passa a ser um coadjuvante. Coincidência ou não, o ritmo do filme cai bastante depois que muda o protagonismo.

No elenco Jaeden Martell e Maxwell Jenkins fazem os filhos do Nicolas Cage, os atores não são ruins, mas os personagens são fuen. Sadie Soverall faz o único outro papel relevante.

Arcadian não é ruim, mas é uma ideia reciclada que fica alguns degraus abaixo da ideia original. Vamos ver se vai ter continuação pra gente saber um pouco mais sobre esses monstros.

Hora do Massacre

Crítica – Hora do Massacre

Sinopse (imdb): Na tentativa de chamar atenção para a crise ambiental, jovens ativistas decidem invadir e vandalizar uma loja de móveis. No entanto, o protesto se transforma em um massacre quando se veem presos com um segurança obsessivo por caça.

Hora do Massacre (Wake Up, no original) parte de uma proposta interessante: um grupo de ativistas entra à noite numa loja tipo a Tok & Stok pra vandalizar tudo, em protesto porque supostamente a loja apoia o desmatamento da Amazônia. Um guarda noturno acaba morrendo acidentalmente. O outro guarda noturno, que é um psicopata completamente desequilibrado, sai então à caça dos ativistas.

(O título original é “Wake Up’, que é o que os ativistas picham nas paredes e nos móveis. Mas gostei do título brasileiro, que lembra a época da “espantomania”, uma onda de filmes de terror que começavam com “A Hora”: A Hora do Espanto, A Hora do Pesadelo, A Hora do Lobisomem, A Hora da Zona Morta e A Hora dos Mortos Vivos).

Hora do Massacre é curtinho, tem uma hora e vinte e três minutos, e vai direto ao assunto. Somos logo apresentados aos dois guardas noturnos, cada um com seus problemas pessoais, e também ao grupo de ativistas, e logo a ação começa. Só um cenário, só 8 atores, tudo se passa em uma única noite. Um filme “pequeno”, com uma ideia simples e eficiente.

Hora do Massacre é o novo projeto do trio de diretores canadenses François Simard, Anouk Whissell e Yoann-Karl Whissell, também conhecidos por RKSS (Roadkill Superstars). Ainda não tinha visto nenhum filme deles, agora quero procurar Verão de 84, de 2018.

Uma coisa legal aqui é que não tem nenhum “mocinho”. Muitas vezes vemos um filme nesse formato, e nos identificamos com um dos lados, mas aqui os dois estão errados. Por outro lado, o roteiro tem algumas conveniências, tipo um personagem levar uma facada profunda na altura do coração e continuar andando e correndo como se estivesse sem nenhum machucado. Nada grave, felizmente. E é filme de terror, acontecem mortes. Temos alguma violência gráfica, mas, pensando na proposta, na minha humilde opinião Hora do Massacre podia ter um pouco mais de gore.

Por fim, uma coisa que não li em nenhum lugar, mas fiquei pensando. O guarda que faz as armadilhas se chama Kevin. Será uma homenagem a Esqueceram de Mim?

Bom filme pra quem curte o gênero.

Uma Natureza Violenta / In a Violent Nature

Crítica – Uma Natureza Violenta / In a Violent Nature

Sinopse (imdb): Um monstruoso morto-vivo causa uma chacina entre um grupo de campistas que perturbaram seu túmulo.

Outro dia uma amiga me recomendou um novo slasher, que estava sendo vendido como “o filme mais assustador de todos os tempos”: In a Violent Nature, novo filme da Shudder. Segundo o imdb, aqui o filme se chamará Uma Natureza Violenta.

Comecei a ver e já saquei que o roteirista e diretor Chris Nash quer ser “diferentão”: o formato de tela é o 4 x 3, da época das tvs de tubo. Por que diabos alguém em 2024 vai usar um formato obsoleto? Ora, pra fazer “filme de arte”.

Ok, deixa o formato pra lá, isso não define a qualidade de um filme. Vamulá. Por um lado, In a Violent Nature acerta em tentar mostrar o slasher por um ângulo diferente. Por outro lado, é um filme chaaato…

Somos apresentados a Johnny, uma espécie de cosplay de Jason Voorhees: um morto vivo grandalhão e muito forte, mudo, que persegue e mata as pessoas, e que não morre. A única diferença é a máscara, em vez de máscara de hockey, esse aqui usa uma máscara diferente, disseram que é dos bombeiros (mas heu nunca tinha visto aquela máscara). E a camera acompanha o Johnny em looongos passeios pela floresta. Às vezes escutamos diálogos ao fundo, mas continuamos andando pela floresta.

Sobre os diálogos ao fundo, tem uma cena onde Johnny chega perto de um grupo de jovens à beira de uma fogueira, mas não ataca. Por que? Porque o roteiro deve ter dito “fica aí quieto porque é o momento de explicar pro espectador a sua história”. E aí a gente fica ouvindo um bate papo longo e chato contando tudo o que aconteceu com o Johnny. Mas é uma cena ruim, que explica demais e que se estende demais.

Não sei se isso acontece durante todo o filme, mas me deu a impressão de que In a Violent Nature não tem trilha sonora – o que intensifica o tédio nesses entediantes passeios.

Por outro lado, algumas mortes aqui são muito boas. Tem uma cena em plongée (quando a câmera está pegando os personagens por cima), provavelmente filmada por drone, onde Johnny ataca duas vítimas, que é muito bem filmada – ele se levanta, joga o machado, depois anda na direção dos dois. Tem outra cena, a da menina fazendo yoga, que pode entrar na lista de “gores mais gore do cinema” (apesar de heu ficar na dúvida se um corpo se manteria em pé com aquilo tudo acontecendo). Quem estiver atrás de mortes bem filmadas, com bons efeitos práticos e de maquiagem, vai curtir.

Mas são poucos os momentos de ação e gore. Parece que o diretor queria valorizar mais as caminhadas do que os ataques do Johnny. E, pra piorar, no fim do filme tem um longo e entediante diálogo num carro, que não leva a lugar algum. São mais de dez minutos de blablablá, chegou um momento que me perdi. Se você reparou em algo interessante nesse diálogo, escreva aqui embaixo. E depois desse diálogo, a gente pensa “ok, ouvi esse papo chato, agora vai ter alguma coisa pra compensar”, e nada. O filme acaba.

Resumindo: gostei da ideia de ver um slasher sob outro ponto de vista, e gostei muito de algumas mortes. Mas esse filme podia ter meia hora.

MaXXXine

Crítica – MaXXXine

Sinopse (imdb): Na década de 1980, em Hollywood, a estrela de cinema adulto e aspirante a atriz Maxine Minx recebe sua grande chance. Mas conforme um assassino persegue as estrelas de Hollywood, um rastro de sangue ameaça revelar o passado sinistro dela.

Estreou o aguardado terceiro filme da trilogia X!

Em 2022 Ti West lançou X, um bom slasher com cara de anos 70. Poucos meses depois, tivemos Pearl, um prequel, contando a história da velhinha do filme anterior. MaXXXine é o filme que segue a história de X. Ou seja, é bom ter visto Pearl, mas é essencial ter visto X.

Antes de tudo, preciso dizer que MaXXXine é um bom filme, mas achei o mais fraco dos três. Mas reconheço que parte dessa conclusão é head canon. Porque fui ao cinema esperando ver um terror slasher, e MaXXXine é mais um suspense tentando emular Brian de Palma do que um filme de terror – só vemos três mortes em tela! MaXXXine tem muito menos mortes, nudez e sexo do que X.

Mas, por outro lado, tiro o meu chapéu para Ti West com a sua concepção de trilogia. Em vez de fazer “mais do mesmo”, que é o que a maior parte do público esperava (não me lembro qual filme dizia que uma continuação de filme de terror apenas precisa se preocupar sem ter mais mortes e mais violência gráfica), Ti West criou três filmes distintos, com propostas diferentes. X parece um slasher filmado nos anos 70. Já Pearl tem outro ritmo e parece ter sido feito nos anos 40 ou 50 (peço desculpas, conheço pouco do cinema dessa época). MaXXXine parece um suspense policial filmado nos anos 80. Sim, é a mesma personagem do primeiro filme, mas são filmes completamente diferentes nas suas propostas.

(Lembrei de A Morte te Dá Parabéns, que tem uma continuação completamente diferente do primeiro filme.)

Nesse sentido de ambientação nos anos 80, palmas para Ti West. Tudo aqui emula os anos 80, não só os óbvios figurinos, penteados e trilha sonora. O filme realmente parece ter sido feito naquela época. Segundo o imdb, a produção procurou equipamentos e câmeras usadas nos anos 80, e evitaram “truques modernos” durante as filmagens.

MaXXXine é recheado de referências a outros filmes. Quando sair no streaming, devem pipocar alguns vídeos no youtube tipo “10 referências que você não reparou em MaXXXine!”. Algumas estão muito na cara, como o Kevin Bacon de terno claro e curativo no nariz, igual ao Jack Nicholson em Chinatown; ou citarem Marilyn Chambers, que era atriz pornô e fez um filme de terror em 1977, Rabid, dirigido por David Cronenberg. Outras são menos óbvias, teve uma que comentei com alguns amigos depois da sessão e ninguém tinha reparado. Tem uma cena em uma boate que lembra muito Dublê de Corpo, e está tocando uma música muito parecida com Relax, do Frankie Goes to Hollywood (música usada no Dublê de Corpo). Aguardei até os créditos e confirmei: é outra música do Frankie Goes to Hollywood. Ti West provavelmente usou a mesma banda pra fazer mais uma referência.

(Aliás, em alguns momentos vemos a tela dividida, justamente como Brian de Palma costumava fazer.)

O elenco tem muito mais star power do que os anteriores (X tinha a Jenna Ortega, mas antes do hype de Wandinha). MaXXXine conta com Elizabeth Debicki, Giancarlo Esposito, Kevin Bacon, Michelle Monaghan, Sophie Thatcher, Bobby Cannavale, Halsey e Lily Collins, além, claro da Mia Goth, que, mais uma vez, está muito bem no papel – logo no início, na audição para o papel, ela já mostra que é muito boa. Ah, não sei vocês, mas toda vez que o Kevin Bacon aparecia, heu achava que era o Ethan Hawke.

Sou poucas mortes, mas temos uma violência gráfica bem forte. Diria que tem uma cena em particular onde não morre ninguém que é a mais forte de todas, que é quando Maxine se defende de um agressor atacando suas partes íntimas. Essa cena vai dar o que falar!

Agora, vamos ao principal problema do filme. Quando X acaba, policiais encontram uma câmera no meio de vários cadáveres. MaXXXine se passa seis anos depois, a Maxine Minx hoje é uma estrela pornô. Mas ela estava nas filmagens encontradas, e todas as outras pessoas que aparecem nas filmagens morreram. Como é que não teve uma investigação policial sobre isso? Como é que conseguiram abafar um caso desse porte? MaXXXine dá a entender que existe alguém poderoso por trás, mas se essa pessoa é tão poderosa a ponto de apagar uma investigação policial envolvendo sete mortos, acho que o roteiro deveria ter deixado isso mais claro. Do jeito que ficou, parece que o que aconteceu no final de X foi algo pequeno e discreto.

Além disso, não gostei do final de MaXXXine. Achei toda aquela sequência mal construída, mas não entro em detalhes pra não dar spoilers.

Mas, mesmo achando MaXXXine um degrau abaixo dos outros dois, podemos dizer que Ti West fez uma boa trilogia. MaXXXine estreia semana que vem, dia 11 de julho, e merece ser visto no cinema.